sábado, dezembro 29, 2012

Comentários Eleison: Alerta de Cultura



 
“Comentários Eleison”, por Mons. Williamson –

Número CCLXXXV (285) – 29 de dezembro de 2012


ALERTA DE CULTURA



Como a liderança da Fraternidade Sacerdotal São Pio X parece estar vacilante, então os católicos que amam a Fraternidade por ter recebido muito dela em anos passados poderiam estar tentados a pensar que não há muito o que eles, como simples fiéis, pudessem fazer quanto a isso. Eles estão enganados. Ao deixar que leiam estas reflexões de um amigo meu, deverão ser capazes de ler nas entrelinhas que, se Deus não resgatar a Fraternidade para eles, como é claro que Ele poderia fazer, então isto ao menos em parte depende deles. A carta do meu amigo está adaptada aqui abaixo:
“Um acordo prático poderia ser ruinoso para a causa da Tradição Católica. Basta olhar para o que aconteceu com os Redentoristas tradicionais na Escócia... As duas Missas não podem coexistir. Uma sempre excluirá a outra... Em uma Missa Novus Ordo a que eu assisti recentemente, toda a igreja estava permeada por conversas e palmas contínuas... Os dois lados são simplesmente demasiado distantes para um acordo funcionar. Nenhum consenso é possível entre modernidade e Tradição.
Ademais, há a profunda revolução que tem dominado a civilização moderna, incluindo o movimento tradicional, e que tem sido quase totalmente esquecida pela liderança da Tradição... A Tecnologia Eletrônica tem operado uma revolução cultural em nossa vida, especialmente na geração mais jovem. Se não é gerida de forma adequada, certamente enfraquece a fé, porque pode tomar a vida inteira das pessoas. Os jovens são suscetíveis de ser capturados por ela. Eles passam o dia inteiro nisso. Pessoas muito envolvidas nisso se tornam disfuncionais, incapazes de se levantar de manhã, ou de manter uma conversa ao vivo, ou de manter um emprego.
Agora, se um time de futebol não é admoestado por seu treinador, seus esquemas de jogo começam a cair. Se os católicos não são admoestados sobre questões culturais como a música, o vestuário da mulher, ou sobre assistir televisão, seus padrões culturais começam a cair, o que traz profundas implicações para a sua fé. Pais tradicionais estão sendo deixados a lutar sozinhos com sua família para manter o mundanismo da sociedade moderna fora de suas casas, porque a liderança da FSSPX ou esqueceu essa revolução cultural, ou não está dando a atenção que ela merece. Eu tive longas discussões com as famílias tradicionais que estão preocupadas com a maneira como o movimento tradicional está indo. Movimentos religiosos devem tomar uma posição sobre questões culturais para que possam florescer. A Tradição estava fortalecida quando costumava tomar uma posição sobre a televisão. Mas, se uma posição não é tomada sobre questões culturais, a posição em assuntos doutrinários logo começa a enfraquecer.
O último Capítulo da FSSPX pode ter puxado a organização de volta da beira, mas eu não fiquei muito confortável com isso. Ela deu muita atenção à definição dos parâmetros de quaisquer futuras discussões com Roma para fazer um acordo. No entanto, Roma está basicamente inalterada desde 1988. Em minha opinião, a FSSPX precisa recuperar o papel profético que desempenhava quando o Arcebispo Lefebvre ainda estava vivo. O movimento tradicional precisa fortemente denunciar o modernismo e o liberalismo que estão levando a Igreja Católica à sua destruição. Essas denúncias ultimamente têm sido silenciadas. Talvez muitos sacerdotes tradicionais estejam distraídos com os confortos que eles acham que um acordo com a Roma poderia trazer para eles.”
Quanto a vocês, caros leitores, fora com a música inútil e sem valor em casa. Livrem-se do aparelho de televisão. Reduzam o uso de eletrônicos a um mínimo. Mães, usem saias sempre que possível, o que é a maior parte do tempo. Caso contrário, não se queixem se Deus não salvar a Fraternidade. Ele não força seus dons a ninguém. Bendito seja o Seu nome para sempre.

Kyrie eleison.

sábado, dezembro 22, 2012

Comentários Eleison: Cristo nasceu



“Comentários Eleison”, por Mons. Williamson –
Número CCLXXXIV (284) – 22 de dezembro de 2012

CRISTO NASCEU


O apelo do bebê divino nos braços de sua Virgem Mãe ainda faz do Natal a mais popular das festas cristãs, mas como o mundo se afasta de Deus, então o coração e a alma do Presépio vêm esmaecendo, e os sentimentos natalinos” tornando-se mais e mais falsos. A Cristandade está realmente exaurida. É tempo de voltar atrás com a liturgia da Mãe Igreja para as épocas antes de Cristo, quando os homens sábios se alegravam intensamente com a expectativa da Sua vinda. Para eles só isso fazia sentido em meio à infelicidade da humanidade sendo devastada pelas consequências do pecado original. Era a sua grande esperança, e não poderia ser abalada. O Cristo viria, e com Ele as portas do Céu seriam abertas mais uma vez para as almas de boa vontade. Aqui estão as antífonas do quarto domingo do Advento, compostas a partir de textos do Antigo Testamento:

Tocai a trombeta em Sião, porque o dia do Senhor está próximo. Eis que Ele virá para nos salvar, aleluia, aleluia”. Se os homens não quiserem ser salvos, então eles dificilmente poderão compreender para quê eles nasceram, e eles deverão morrer em um maior ou menor grau de desespero. Mas, se quisermos ser felizes por toda a eternidade, e se sabemos que Jesus Cristo torna isso possível, então como devemos nos regozijar porque Ele veio!

Eis que o desejado de todas as nações virá, e a casa do Senhor será cheia de glória aleluia.” Como o pecado original é universal, então os Magos vieram de terras estranhas e distantes para adorar o Salvador em Belém, e eles poderiam ter vindo de todas as nações do mundo ansiando por Ele. Desde aquela época os cristãos têm de fato vindo de todas as nações para encontrar seu Salvador na Sua Igreja Católica, e eles têm sido preenchidos com a glória de belas cerimônias, edifícios, paramentos, arte e música, desde então.

O torto deve ser endireitado, e os caminhos ásperos suavizados: Vinde, Senhor, e não demore”. Quatro mil anos depois da Queda de Adão e Eva, o mundo tornou-se muito torto. Dois mil anos atrás, a mais surpreendente transformação da humanidade começou com o nascimento de Nosso Senhor. Durante séculos tivemos como certo que os caminhos suaves da civilização permaneceriam suaves, mas com Cristo sendo rejeitado pelos homens esses caminhos estão se tornando mais ásperos do que nunca - veja qualquer jornal de hoje. Vem, ó Senhor, volte, e não demore, porque senão nos devoraremos uns aos outros como animais selvagens.

O Senhor vai chegar, vá ao seu encontro, dizendo: “Grande nascimento, e Seu reino não terá fim: Deus, Poderoso, Senhor de todos, Príncipe da Paz, aleluia, aleluia”. Talvez os Reis Magos tenham saudado o Menino Jesus com tais palavras, quando após longas viagens, o encontraram. Convertidos de hoje, depois de longas agonias nos desertos da impiedade, ainda podem encontrar palavras semelhantes para lembrar-nos de como a criança no berço deve ser saudada. Sem Ele o mundo não pode ter paz, e está à beira de outra guerra terrível. Criança Divina, venha, não demore, ou pereceremos.

“Vossa Palavra Todo-poderosa, Senhor, vai saltar do teu trono real, aleluia. O Natal é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade descendo lá do Céu, sendo revestida de uma natureza humana e frágil nascida de uma mãe humana para comprar-nos de volta da escravidão ao Diabo e voltar a abrir as portas do Céu para as almas de boa vontade, prontas para acreditar. Criança Divina, eu acredito. Curai-me de minha incredulidade, e ajudai com graças especiais na Festa de Seu nascimento a milhões e milhões de almas descrentes.
                                                                                                                  Kyrie eleison.

domingo, dezembro 16, 2012

Comentários Eleison: Adeus, Wimbledon

 
“Comentários Eleison”, por Mons. Williamson –
Número CCLXXXIII (283) – 15 de dezembro de 2012

ADEUS, WIMBLEDON


Então, eu me mudei de Wimbledon, o que pelo menos corresponde à realidade da minha suposta "expulsão" da Fraternidade São Pio X. Mas a mudança não acontece sem tristeza, porque passei quase quatro anos lá depois da minha expulsão real da Argentina, e foram anos felizes, apesar de tudo. Talvez a felicidade principal tenha sido a companhia dos sacerdotes na sede da FSSPX na Inglaterra, a Saint George’s House. Eles têm sido muito boa companhia. Que Deus abençoe a cada um deles.

No entanto, uma coisa eu preciso dizer. As pessoas perguntam por que eu saí da Fraternidade. Eu não saí da Fraternidade. A Fraternidade me deixou, por ter abandonando os princípios pelos quais eu aderi a ela. Mais uma vez, o paralelo com o Concílio Vaticano II é exato. Assim como inúmeros padres católicos, religiosos e leigos foram abandonados pelos clérigos que optaram em 1960 pelo Concílio, um número de sacerdotes fiéis e leigos estão sendo abandonados na década de 2010 pelos líderes da Fraternidade, já que estes optaram por conduzi-los até a paz com seus "novos amigos em Roma" - citação do Primeiro Assistente da Fraternidade. A cegueira é chocante, para aqueles que conseguem ver. Eu acredito que esses líderes nunca tenham entendido ao visão do Arcebispo Lefebvre. Eles são frutos de sua época.

A única razão substancial dada por terem "expulsado" a mim foi a desobediência. Mas a única desobediência substancial da minha parte foi a recusa reiterada de fechar estes "Comentários Eleison". No entanto, quando eu perguntei ao Superior Geral em duas ocasiões diferentes para especificar que números precisos dos "Comentários" eram tão problemáticos, ele não me deu resposta em nenhuma das vezes, sem dúvida, porque ele teria que admitir que o problema real foi sobre o conteúdo, ou seja, a minha oposição resoluta à sua suicida aproximação da Roma Conciliar. Em vez disso, ele continua a fingir que o problema é de disciplina, desviando assim a atenção do verdadeiro problema. E eu não sou o primeiro sacerdote e não serei o último que ele trata desta maneira. Que Deus o ilumine. Ele corre o risco de perseguir a muitos de seus verdadeiros amigos, a fim de agradar a seus verdadeiros inimigos, assim como o Papa Paulo VI fez com o Arcebispo Lefebvre. Os paralelos nunca acabam. A Neo Igreja e a Neo Fraternidade são o mesmo mal de nossa época.

E agora? Eu tomei emprestado o apartamento de um amigo nas proximidades de Londres por algumas semanas, na melhor das hipóteses, ou por alguns meses, na pior das hipóteses, até que eu possa encontrar um imóvel adequado para alugar por 6 ou 12 meses. Nesse ponto, eu ainda não acredito em fazer quaisquer arranjos permanentes. Infelizmente não será fácil entrar em contato comigo porque meu amigo tem que ser discreto com seus vizinhos. Em qualquer caso, o correio tradicional vai chegar a mim através da P.O. Box 423, Deal CT14 4BF, England. (mas, por favor, não enviem cartões de Natal. Eu não envio nenhum). De 13 de dezembro a 3 de janeiro eu pretendo fazer uma visita apostólica ao Canadá e aos EUA, Deo volente, e imediatamente depois disso uma visita à França para a Festa da Epifania.

Também serão mudados alguns aspectos do modo como são publicadas as minhas palavras faladas e escritas. O formato e o método de entrega dos "Comentários Eleison" poderão mudar também, mas o que eu espero não mudar é a sua publicação todos os sábados durante o mês de dezembro e o Ano Novo. Obrigado por todas as suas contribuições para a Iniciativa St. Marcel. Em caso de vocês estarem preocupados, eu posso prometer-lhes que não foram desviadas. Feliz Natal.

Kyrie eleison

sábado, dezembro 08, 2012

Comentários Eleison: Uma Explicação?

“Comentários Eleison”, por Mons. Williamson –
 
Número CCLXXXII (282) – 08 de dezembro de 2012

 
UMA EXPLICAÇÃO?


Um conhecido da Fraternidade São Pio X enviou-me recentemente uma cópia distribuída aos Superiores da FSSPX pelo Quartel General da FSSPX (QG) de uma explicação oficial de cinco possíveis observações preocupantes do Superior Geral da Fraternidade São Pio X (SG), e essa pessoa pediu a minha opinião. Sinceramente, acho que os superiores da FSSPX ainda devem estar tão perturbados quanto estavam antes. Muito resumidamente, aqui está o porquê:

Em primeiro lugar, na Áustria, em maio, o SG disse que a FSSPX precisava repensar suas relações com Roma. O QG explica que isso não era uma mudança de posição da FSSPX sobre a Nova Roma, mas apenas um chamado aos membros da FSSPX para reconhecer que nem tudo o que é dito pelos Novos Romanos é um absurdo. No entanto, os padres que ouviram as palavras originais na Áustria entenderam que o SG quis dizer o mesmo que o que ele havia escrito na revista da Sociedade de março passado (Cor Unum), ou seja, que a "nova situação" na Igreja "requer que nós tomemos uma nova posição em relação à Igreja oficial", porque desde 2006 "temos assistido a um desenvolvimento na Igreja". Será que o QG tem uma explicação para estas palavras escritas pelo SG?

Em segundo lugar, na mesma ocasião foi dito que o SG disse que o potencial acordo com Roma significaria que cada capela com menos de três anos seria derrubada. O QG explica que na verdade o SG disse que onde a FSSPX tinha rezado a Missa por mais de três anos, uma capela poderia ser criada. No entanto, o SG disse também que onde quer que a FSSPX tenha ministrado por menos de três anos, poderia continuar o seu ministério em privado, o que implica que todos os edifícios públicos devem ser abandonados.

Em terceiro lugar, no Catholic News Service, também em maio, o SG falou da liberdade religiosa sendo "muito, muito limitada". O QG explica que o SG estava falando da "verdadeira liberdade religiosa", isto é, a que a Igreja sempre ensinou, a saber, o direito limitado à religião católica. No entanto as palavras originais do SG no CNS são tão claras quanto podem ser, e verificáveis por qualquer pessoa com acesso à Internet: "O Concílio estava apresentando uma liberdade religiosa, que era na verdade muito, muito limitada - muito limitada." O QG precisa fornecer aqui uma segunda explicação para provar que a sua primeira explicação não era, na melhor das hipóteses, um erro?

Em quarto lugar, em Ecône, em setembro, o SG admitiu que estava errado em suas relações com Roma. O QG explica que o erro foi apenas em um "ponto muito preciso e limitado", isto é, se o Papa iria insistir ou não para a FSSPX aceitar o Concílio. No entanto, a insistência sobre o Concílio (junto com a Missa Nova) é todo o pomo da discórdia entre a FSSPX e a Nova Roma. Esta explicação do QG não é como dizer que o corte feito pelo iceberg na lateral do Titanic foi um corte muito preciso e limitado?

Em quinto lugar, anos atrás o SG disse que os textos do Concílio são "95% aceitáveis”. O QG explica que ele estava falando da letra e não do espírito dos textos. No entanto, qual mãe vai dar aos seus filhos qualquer parte de um bolo que ela sabe estar 5% envenenado? É verdade que ela poderia, em teoria, dar-lhes qualquer parte dos 95% não envenenados, mas na prática, será que ela não teria medo do espírito do envenenamento por trás de todas as partes do bolo?

Concluindo, a crise da FSSPX desta primavera e verão me fez pensar sobre a competência e honestidade do SG e seu QG, e temo que depois desta explicação de cinco citações eu ainda permaneça pensativo. Que Deus esteja com eles, porque eles têm uma responsabilidade assustadora.

Kyrie eleison.

domingo, dezembro 02, 2012

Comentários Eleison: Várias "Igrejas"



“Comentários Eleison”, por Mons. Williamson – 
Número CCLXXXI (281) – 01 de dezembro de 2012


VÁRIAS “IGREJAS”



Muita confusão reina hoje sobre a identidade da verdadeira Igreja de Nosso Senhor aqui na Terra, e sobre a variedade de nomes pelos quais ela pode ser chamada. Com certeza a maior parte da presente confusão vem do maior problema da Igreja de hoje, que é o diabólico Concílio Vaticano II (1962-1965). Vamos tentar deslindar algumas das confusões.
“Church” [Igreja] deriva do Inglês Antigo “Cirice”, derivando por sua vez da palavra grega “kuriakon”, que significa “do Senhor”. Assim, “Doma kuriakon” significava “casa do Senhor”, e do nome da construção, “church” passou a significar também as pessoas que se encontravam regularmente no edifício.
Igreja “Católica” nomeia mais que o edifício, mas, principalmente, o grupo mundial de pessoas (“katholos” em grego significa “universal”) que partilham uma só Fé, um conjunto de sacramentos e uma Hierarquia, todos três tendo sido estabelecidos pelo Deus encarnado, Nosso Senhor Jesus Cristo, em sua vida na Terra há dois mil anos. Mas a partir deste grupo original de crentes, ainda que estabelecido por Nosso Senhor, outros grupos têm regularmente se separado, enquanto continuam alegando ser a verdadeira Igreja de Cristo. Como então eu vou saber qual é a sua verdadeira Igreja?
A “Igreja de Cristo” tem quatro Marcas, como são chamadas. 1 Una - acima de tudo pela unidade da Fé, Nosso Senhor quis unir a sua Igreja, e não fundar muitas igrejas (cf. Jo XVII, 21-23: “Que todos sejam um”.). 2 Santa - Nosso Senhor fundou a sua Igreja para trazer os homens para o Deus Santíssimo e seu santo Céu (cf. Mt V, 48: “Sede perfeitos”.). 3 Católica - Nosso Senhor fundou a sua Igreja para todos os homens de todos os países e de todas as épocas (cf. Mt XXVIII, 19: “Ide, ensinai todas as nações”.). 4 Apostólica - Nosso Senhor fundou a Sua Igreja como uma monarquia a ser governada pelo Apóstolo Pedro e seus sucessores (cf. Mt XVI, 18: “Tu és Pedro e sobre esta pedra (em grego “petran”) eu fundarei a minha Igreja”). Onde quer que essas quatro marcas estejam, aí está a verdadeira Igreja de Cristo. Onde quer que elas faltem, não há Igreja de Cristo.
 “Igreja Conciliar” significa que a Igreja Católica centrada em Deus caiu e continua caindo sob a influência do homem centrado no Concílio Vaticano II. O Conciliarismo (o erro destilado do Vaticano II) tem a mesma relação com a verdadeira Igreja de Cristo quanto a podridão de uma maçã podre tem com a maçã que está apodrecendo. Assim como a podridão ocupa a maçã, ela depende da maçã, não pode existir sem a maçã, mas é bem diferente da maçã (como não comestível é diferente de comestível), então o Conciliarismo centrado no homem ocupa tanto a Igreja de Cristo que pouco resta da Igreja que não esteja mais ou menos podre, e o Conciliarismo é tão diferente do Catolicismo que se pode verdadeiramente dizer que a Igreja Conciliar não é a Igreja Católica. Mas a Igreja Católica é visível. A Igreja Conciliar também não é visível?
“Igreja visível”: são todos as edificações, membros oficiais e demais pessoas da Igreja que podemos ver com nossos olhos. Mas dizer que a Igreja Católica é visível, por isso a Igreja visível é a Igreja Católica, é tão tolo quanto dizer que todos os leões são animais, logo todos os animais são leões. Aquela parte da Igreja visível é Católica, a que é una, santa, universal e apostólica. O resto são vários tipos de podridão.
“Igreja oficial” significa a Igreja sendo conduzida e seguida por seus membros oficiais visíveis. Uma vez que estes hoje são predominantemente conciliares, então a “Igreja oficial” é em grande parte Conciliar e não católica, de acordo com as quatro marcas. Da mesma forma, “Igreja Mainstream” significa a Igreja oficial de hoje, em oposição à “Tradicionalista” remanescente. No entanto, ninguém pode dizer que nada há de uno, santo, universal ou apostólico restando na Igreja mainstream, e mais do que tudo na “Tradicionalista”, que permanece manifestando as quatro marcas. Trigo e joio estão sempre misturados na Igreja de Cristo (cf. Mt. XIII, 24-30).

Kyrie eleison