segunda-feira, dezembro 31, 2018

Comentários Eleison: O Problema

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCVIII (598) (29 de dezembro de 2018)




O PROBLEMA


Que alma pode evitar o inferno quando passa a doutrina a rechaçar?
Mas seu feitiço o mundo, a carne e o demônio puseram-se a lançar...



Os caminhos de Deus raramente são caminhos fáceis. Segue um e-mail de um leitor destes “Comentários” que se aprofunda em um ponto levantado frequentemente aqui, mas que não pode ser levantado com muita frequência, porque está no cerne do problema, e representa um perigo para a Fraternidade Sacerdotal São Pio X desde 2012, e que pode consumar-se em um futuro previsível: a degradação da doutrina. Eis o que ele escreve, abreviado e editado como ocorre de costume nestes “Comentários”:
Quando eu penso no giro que vai da doutrina antes da prática para a prática antes da doutrina, dado pela Fraternidade em 2012, que terminou em um acordo secreto com coisas não ditas, mas não menos acordadas, eu acredito que a sede da FSSPX tem-se comportado como os comunistas cuja tática era, na França do pós-guerra, dizer aos católicos: vejam, vocês querem, como nós, ajudar a classe trabalhadora, mas vocês têm a fé, enquanto nós somos ateus. Deixemos de lado as questões de doutrina. Vocês deixam-nos manter nossa ideologia marxista, e não lhes pediremos que abandonem sua fé. Ajamos juntos para aliviar a miséria dos trabalhadores e devolver um pouco de esperança às vítimas da sociedade moderna. E por esse meio, o grande número de sacerdotes obreiros que consentiu em viver como operário de fábrica tornou-se marxista. O motivo foi, como Santo Agostinho disse, que se eu não ajo como penso, acabarei pensando como ajo. Pio XII proibiu que o experimento do sacerdote operário continuasse, mas somente depois que muitos sacerdotes perderam-se em relação ao sacerdócio. E o futuro Paulo VI em Roma e o Arcebispo de Paris rivalizaram entre si para minar essa decisão de Pio XII, porque então eles já acreditavam mais na ação do que na doutrina.
Assim, a Fraternidade em 2012 mudou da doutrina para a ação, e não deixou de produzir frutos amargos. Quando se ouve as pessoas comentarem que Roma não está mais exigindo que a Fraternidade renuncie a nada, isto é pura insensatez. Bento XVI viu claramente o que estava em jogo quando explicou aos modernistas preocupados com a reconciliação entre Roma e a Fraternidade que um acordo prático mudaria tanto o ambiente a ponto de pôr fim às críticas da Fraternidade a Roma sem que fosse necessária mais nenhuma intervenção especial da parte de Roma. O exemplo das congregações tradicionais que desde 1970 fizeram acordos com Roma o demonstra.
O ensinamento dos papas, a voz da razão, a própria experiência, todos poderiam ter sido em vão. E todos esses sacerdotes e leigos formados na Tradição Católica têm agora o mais terrível prejuízo de todos: a mentalidade de alguém que sabe, mas que acha melhor relativizar ou deixar de lado o que sabe.
O que importa agora não é esperar para ver o que Roma vai ou não fazer para deter a Tradição. O verdadeiro inimigo não está fora da Fraternidade. O que importa é entender que, com relação a Roma, ao pretender dela uma normalização, ou reconhecimento, ou regularização (chamem do que quiserem!), a Fraternidade está de fato aceitando os romanos em seu presente estado miserável, e assim comprometendo sua própria integridade. Esse comportamento demonstra que a Fraternidade engoliu o veneno modernista, que, assim como um câncer, está se espalhando dentro ela sem cessar.
Queridos Sacerdotes da Fraternidade, esta excelente análise adverte-os do seu próprio perigo presente e real. O verdadeiro inimigo da Fraternidade não está somente dentro. Está dentro de seus líderes. É a ilusão santarrona de que o contato com os criminosos ou os modernistas iludidos que governam a Igreja em Roma não só não é perigoso, como é positivamente vantajoso para a Igreja Universal. No entanto, se algum desses modernistas encarregados da Igreja de Deus está genuinamente iludido, os senhores podem pensar que Deus não está oferecendo a ele todas as graças necessárias para ver seus frutos como eles são, isto é, a destruição radical de Sua Igreja? Nesse caso, quantos deles podem estar genuinamente iludidos? Nesse caso, que assuntos os líderes dos senhores têm de mesclar e planificar com eles? Deus disse a Ló para sair de Sodoma, e não para que olhasse para trás! Os senhores devem, por sua própria salvação e a de seu rebanho, tomar todas as medidas necessárias para se isolarem da máfia que há não apenas em Roma, mas também em Menzingen, salvo se os rumos mudarem! Que Deus esteja convosco.

Kyrie eleison.


terça-feira, dezembro 25, 2018

Comentários Eleison: Proteção do Coração

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCVII (597) (22 de dezembro de 2018)




Proteção do Coração

 
Deve-se manter em cada coração um lugar, 
Do qual alegria a ceia de Natal está sempre a propagar.





Eis um relato precioso de como o Natal pode ter protegido o Imaculado Coração de Maria de ser vencido por sua participação íntima na Paixão de seu divino Filho:
 




“A bem-aventurança do êxtase natalino veio sobre mim como a essência de uma flor encerrada no vaso vivo do meu coração para toda vida. Uma alegria indescritível. Humana e sobre-humana. Perfeita.




“Quando meu coração era perfurado todas as noites da vida de meu Filho com a dolorosa lembrança: 'Um dia a menos de espera, um dia mais perto do Calvário', e quando minha alma estava sendo imersa em dor como se uma onda de tortura a tivesse varrido, uma onda antecipada da maré de tormento que me dominou no Gólgota, eu inclinava meu espírito sobre a memória da bem-aventurança da Noite Santa que permanecera viva em meu coração, assim como se inclina sobre um estreito desfiladeiro de montanha para ouvir o eco de uma canção de amor ou para ver à distância a casa de sua alegria. 




“Essa foi a minha força ao longo da vida, especialmente na hora da minha morte mística ao pé da cruz. Deus estava punindo nós dois, eu e meu Filho gentil, pelos pecados de todo um mundo, mas a fim de não dizer a Ele que o castigo era terrível demais e que a mão de Sua Justiça estava sendo colocada pesadamente sobre nós, fui obrigada, através do véu das lágrimas mais amargas já choradas por uma mulher, a fixar meu coração naquela Noite Santa, naquela lembrança luminosa, de bem-aventurança, de santidade, que se alçava diante de mim sobre o Gólgota, como uma visão consoladora de dentro de meu coração para dizer-me o quanto Deus me amou – a visão veio para mim ali sozinha, sem esperar que eu a buscasse, porque era uma alegria sagrada, e tudo que é santo é infundido com amor, e o amor dá a vida mesmo a coisas aparentemente sem vida.




“Eis o que precisamos fazer quando Deus golpear: 




* Recordar os momentos em que Deus nos deu alegria, para que possamos dizer até mesmo em meio ao tormento: “Obrigado, Deus. O Senhor é bom para mim.




* Aceitar ser consolado recordando um presente do passado, para fortalecer-nos em momentos de sofrimento presente, quando somos esmagados ao ponto de desespero, como plantas sendo esmagadas em uma tempestade, para que não nos desesperemos com a bondade de Deus.


 



* Assegurar que nossas alegrias sejam de Deus; em outras palavras, não apenas alegrias humanas fruto de nossa própria escolha e muito facilmente não da de Deus, como é tudo o que fazemos que esteja desconectado de Deus, de Sua Lei e de Sua Vontade divinas. Precisamos buscar alegria somente em Deus.

* Manter em mente a Lei e a Vontade de Deus inclusive para as alegrias do passado, porque uma lembrança que nos estimula a fazer o bem e bendizer a Deus não é condenável; mas antes aconselhado e bendito.

* Fazer brilhar a luz da alegria passada em meio às trevas atuais para tornar estas tão luminosas que, mesmo na noite mais escura, possamos ver a santa Face de Deus. 

* Adoçar um cálice amargo com uma recordação saborosa, de modo a ser capaz de suportar o gosto horrível e de beber o cálice até a última gota.


* Sentir pela preciosa lembrança que valorizamos no coração, a sensação do carinho de Deus, mesmo enquanto os espinhos pressionam nossa fronte.


“Aí estão as sete fontes de felicidade opostas às sete espadas, tal como trespassaram meu Imaculado Coração. Elas compõem a minha lição de Natal para você e, com você, eu faço delas um presente para todos os meus filhos prediletos. Eu abençoo-os a todos.





Kyrie eleison.



Comentários Eleison: Discussões Renovadas? - III

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCVI (596) (15 de dezembro de 2018)


Discussões Renovadas? – III

"Para cear com o diabo é necessária uma colher comprida":
Que pelos inocentes nem tão cedo será obtida!


Muitos leitores destes “Comentários” podem não contentar-se ao depararem, pela terceira vez consecutiva, com o que podem parecer meras disputas entre sacerdotes, a saber, o encontro de 22 de novembro em Roma entre o cardeal Ladaria e o padre Davide Pagliarani. Mas todo ser humano, católico ou não, deve sofrer eternamente no inferno se não salvar sua alma. Esta só pode-se dar de acordo com a doutrina católica, pelo que a doutrina deve-se manter pura. Desde a década de 1970, a defensora mais ferrenha da doutrina católica contra a confusão do Vaticano II dentro da Igreja Católica foi a Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Mas desde 2012 a Fraternidade também tem vacilado em sua fidelidade a essa doutrina. Portanto, é motivo de preocupação para todo ser humano vivo que as atuais discussões com Roma ponham ou não ponham fim à fidelidade da Fraternidade à Igreja e à doutrina do único Salvador dos homens, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Há duas semanas, estes “Comentários” (EC 594) apresentavam uma visão geral do comunicado de imprensa de 23 de novembro no qual a sede da Fraternidade em Menzingen, na Suíça, descrevia o encontro no dia anterior entre o novo Superior Geral da Fraternidade, o Pe. Davide Pagliarani, e o chefe da Congregação para a Doutrina da Fé de Roma, o Cardeal Ladaria. Há uma semana, os “Comentários” (EC 595) apresentaram o texto completo do terceiro e quarto parágrafos desse comunicado à imprensa, com o lampejo de esperança de que a Fraternidade retorne ao caminho de seu Fundador para defender a doutrina da Fé. Mas quando o quinto parágrafo concluiu que as discussões doutrinais com Roma deveriam ser reabertas, o lampejo se obscureceu, não somente porque as discussões doutrinárias entre Roma e a Fraternidade já haviam sido realizadas entre 2009 e 2011 (EC 594); não apenas porque os neo-modernistas, como os romanos de hoje, não podem pensar com clareza (EC 595); mas também porque Roma tem apenas um propósito na discussão com a Fraternidade, e isso é dar um fim à resistência histórica da Fraternidade à sua própria entrega à Nova Ordem Mundial de Satanás.
Assim, sempre que os comunistas queriam dominar um país, o principal obstáculo em seu caminho era a Igreja Católica, que rejeita totalmente – doutrinalmente – o materialismo ateu dos comunistas. Mas os comunistas aprenderam a não combater os católicos baseando-se na doutrina, onde os fiéis católicos são muito fortes. Em vez disso, convidaram os católicos a unirem-se a eles em uma ação conjunta, supostamente em nome do povo, porque uma vez que católicos e comunistas colaboravam na ação, os comunistas aproveitavam o contato prático para contornar o bloqueio doutrinal. A única coisa que os comunistas não queriam era que os católicos rompessem todo contato. Então eles não tinham mais meios de trabalhar nestes.

Da mesma forma, quando o cardeal Castrillón era o homem de Roma para tratar com a Fraternidade há dez anos, ele usou basicamente a mesma tática: “Vamos primeiro reunir-nos, e resolveremos todos os problemas doutrinais depois, quando estivermos juntos. O mais importante é primeiramente um acordo prático”, disse ele. Pelo contrário, o Arcebispo Lefebvre sempre insistiu que a doutrina católica vinha em primeiro lugar. Seus sucessores pensaram que eram mais espertos do que ele, e muitas vezes buscaram contatar os apóstatas romanos, que estavam, logicamente, muito felizes em ajudar. Como o resultado, a defesa da Fé por parte da Fraternidade tem-se tornado progressivamente debilitada desde o ano 2000. O sal está perdendo seu sabor. A menos que a Fraternidade mude seriamente seu rumo, ela passará a estar apta apenas para ser jogada fora e pisoteada (Mt 5, 13).

Outro problema é se a Fraternidade pretende estabelecer conversações para obter permissão oficial para a consagração da nova geração de Bispos de que precisa para o seu apostolado mundial. Mas se não quiser consagrá-los sem a permissão de Roma, então só pode aceitar os termos de Roma, porque está se tornando o mendigo; e Roma, aquela que decide. Mas assim a Fraternidade está colocando os romanos conciliares firmemente no assento do motorista, ao qual, no que toca à defesa da fé, eles absolutamente não pertencem. Então, o novo Superior Geral está querendo reabrir as discussões para obter uma permissão romana? Deus o sabe. Mas, em todo caso, discutir com Roma significa que o Superior Geral dançará com lobos. Uma ocupação perigosa.

Kyrie eleison.

segunda-feira, dezembro 10, 2018

Comentários Eleison: Discussões Renovadas? - II

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCV (595) (8 de dezembro de 2018)


DISCUSSÕES RENOVADAS? – II

Se alguém tem uma mente verdadeiramente católica,
Deve fugir do Vaticano II.

O comunicado de imprensa oficial da Sede da Fraternidade Sacerdotal São Pio X publicado há duas semanas, na sexta-feira, referente à reunião realizada no dia anterior entre o Superior Geral da Fraternidade e o Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé de Roma, está repleto de boas palavras. O que resta agora é ver como essas palavras se traduzirão em atos por parte do novo Superior Geral.

O comunicado de imprensa contém sete parágrafos. Os dois primeiros apresentam o Cardeal Ladaria e o Padre Pagliarani com seus respectivos colegas, e afirmam que foi o Cardeal quem convidou o Pe. Pagliarani a Roma para discutir o estado das relações entre Roma e a Fraternidade, já que elas poderiam estar evoluindo desde a eleição do Pe. Pagliarani como novo Superior Geral da Fraternidade no último mês de julho. Os parágrafos terceiro e quarto colocam o problema entre Roma e a Fraternidade exatamente no local ao qual ele pertence: no âmbito da doutrina. Aqui estão eles, em seu texto completo:

(3) Durante a reunião com as autoridades romanas, recordou-se que o problema básico é decerto doutrinal, e que nem Roma nem a Fraternidade podem contorná-lo. Foi devido a essa divergência inflexível de doutrina que nos últimos sete anos toda tentativa de elaborar qualquer declaração de doutrina aceitável para ambos os lados foi frustrada. Eis por que a questão de doutrina permanece sendo absolutamente fundamental. (4) A Santa Sé não está dizendo nada diferente quando declara solenemente que não pode haver estabelecimento de qualquer status jurídico para a Fraternidade até que um documento de caráter doutrinal tenha sido assinado.

No entanto, o quinto parágrafo chega à conclusão de que “Tudo, portanto, leva a Fraternidade a reabrir as discussões teológicas”, sendo seu propósito não tanto o de convencer os romanos, mas o de levar perante a Igreja o intransigente testemunho de Fé da Fraternidade. Os dois últimos parágrafos expressam a confiança da Fraternidade na Providência. Seu futuro está nas mãos de Deus e de Sua Santíssima Mãe. (Fim do comunicado de imprensa.)

Infelizmente, pode-se questionar se é útil ou prudente procurar reabrir as discussões doutrinais com esses romanos. Como um dos quatro representantes da Fraternidade comentou sobre os quatro representantes romanos após a última série de tais discussões realizadas de 2009 a 2011, "Eles estão mentalmente enfermos, mas são eles que têm a autoridade". Este comentário não foi dirigido a alguém em particular, mas testemunha com precisão a incapacidade dos neomodernistas romanos de compreenderem a essência mesma da doutrina católica, a saber, seu caráter objetivo, que não permite nenhuma interferência subjetiva. Deus Todo-Poderoso transmite por Sua Palavra o que Ele quer dizer, e Ele o faz através da Sua Igreja, de modo que não pode haver nenhum sentido em tentar remodelar para os tempos modernos – como o fez o Vaticano II – o que Sua Igreja sempre e imutavelmente disse antes do Vaticano II. Como, então, os romanos de hoje podem ser leais à Igreja de Deus e ao mesmo tempo ao Vaticano II sem que suas mentes estejam repletas de tantas contradições ou tenham uma ideia completamente falsa da Igreja?

Sendo assim, sempre que a Santa Sé emitir um comunicado de imprensa sobre a mesma reunião de 22 de novembro, será interessante ver como os romanos apresentam a perspectiva de uma reabertura das Discussões Doutrinais. Eles certamente querem discussões, com a esperança de atrair o novo Superior Geral para fora de sua fortaleza inexpugnável da doutrina da Igreja, mas a própria doutrina Conciliar deles só pode ser falsa na medida em que se afasta dessa Tradição. E assim os dois grandes argumentos de que dispõem devem ser, como sempre, a autoridade e a unidade, desconsiderando a doutrina. Mas o que é a autoridade católica quando já não serve à Verdade? E o que é a unidade católica se se une em torno de um monte de mentiras escorregadias (o Vaticano II)? Infelizmente, a autoridade e a unidade são as únicas pernas que esses romanos conciliares têm para sustentarem-se.

Portanto, honorável Superior Geral, eis aqui um ato para fazer seus atos corresponderem às suas palavras: por que não tornar público um resumo claro e justo das atas das últimas Discussões Doutrinais de 2009-2011? O senhor estaria apoiando seus bons parágrafos doutrinais de 23 de novembro com um verdadeiro ato doutrinal!

Kyrie eleison.

terça-feira, dezembro 04, 2018

Comentários Eleison: Discussões Renovadas?

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXCIV  (594)  (1º de dezembro de 2018)

DISCUSSÕES RENOVADAS? 


A Fraternidade deve expor suas antigas discussões,
Para que sejam dissipadas tantas ilusões!

O último comunicado de imprensa da sede da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, emitido na semana passada, sobre a reunião realizada no dia anterior entre o Superior Geral da Fraternidade e o chefe da Congregação da Doutrina da Fé, em Roma, suscita um otimismo cauteloso. Cauteloso certamente, porque, como diz o provérbio, “Gato escaldado tem medo (até mesmo) de água fria”, e os católicos tradicionais foram escaldados durante a maior parte dos últimos vinte anos pela política traidora de Menzingen, que colocou a aprovação conciliar acima da fé católica, enquanto fingiu sempre fazer o contrário. No entanto, há espaço para um lampejo de otimismo, porque este comunicado de imprensa põe a doutrina da Fé de volta em primeiro lugar, aquele ao qual ela pertence.

Dois outros provérbios dizem: "Nem tudo o que reluz é ouro", e "As atitudes falam mais do que as palavras". Portanto, os católicos que fazem o melhor que podem para manter a Fé permanecerão cautelosos por algum tempo, mesmo que seja um tempo longo, pelo menos até que possam ver atitudes, e não apenas boas palavras, vindas de Menzingen, especialmente quando a conclusão prática do comunicado de imprensa é que as discussões doutrinais entre Roma e a Fraternidade precisam ser reabertas. Discussões doutrinais? Mas estas já se realizaram, entre 2009 e 2011, tempo suficiente para discutir todas as questões principais, e foram suficientemente claras para mostrar a impossibilidade de qualquer acordo doutrinal entre a Tradição Católica e o Vaticano II. A partir de então, em 2012, Menzingen abandonou a sanidade do Arcebispo Lefebvre: “Nenhum acordo prático SEM um acordo doutrinal”, e substituiu-o com a insanidade de seu sucessor: “Nenhum acordo doutrinal; PORTANTO, um acordo prático", que é justamente o contrário! E essa direção traidora foi docilmente seguida pela grande parte do que outrora fora a Fraternidade do Arcebispo...

Nessa troca entre as duas fórmulas está a essência da traição, que não é uma palavra muito forte, porque a fórmula do Arcebispo coloca a doutrina da Fé na frente da aprovação dos conciliaristas romanos, ao passo que se pode dizer que a segunda fórmula põe a Fé em segundo ou em terceiro lugar. Assim, durante vários anos tem-se podido acusar a Fraternidade de ter perseguido como prioridades, em primeiro lugar, o reconhecimento oficial pela Roma conciliar; em segundo lugar, a unidade dentro da Fraternidade e com Roma; e, em terceiro lugar, a Fé. Mas qual é o valor católico do reconhecimento por não católicos, ou seja, pelos seguidores do Vaticano II, e qual é a utilidade para os católicos da unidade de qualquer aspecto, tamanho ou forma com os conciliaristas? Algo que foi decepcionante em 2012 foi a falta de reação suficiente por parte de tantos sacerdotes formados pelo Arcebispo. Mas todos nós vivemos em um mundo no qual a “doutrinação” se tornou uma palavra suja, e no qual a maioria das pessoas quer em suas cabeças o mingau maçônico que as liberta de todos os Dez Mandamentos...

Não obstante, os católicos que ainda querem ir para o Céu continuam querendo a Fé, porque como Deus Todo-Poderoso nos diz nas Sagradas Escrituras, sem a Fé é impossível agradar-Lhe, e como alguém pode chegar ao seu Céu sem agradar-Lhe (Hebreus XI, 6)? Então, esses católicos, escaldados na apostasia que os envolve, podem ter pelo menos um lampejo de esperança no comunicado de imprensa mencionado acima, porque pelo menos em palavras anuncia a intenção de Menzingen de colocar a doutrina da Fé de volta em primeiro lugar, como estes "Comentários" citarão na próxima semana. (Entretanto, um ato que o novo Superior Geral poderia imediatamente pôr em prática é tornar público um resumo claro e justo das atas das discussões doutrinais de 2009-2011, algo que nos foi prometido na época, e que tornou-se uma promessa jamais cumprida.)

No entanto, o padre Pagliarani terá a visão e a fortaleza para colocar em prática as ações correspondentes às suas palavras? Só o tempo o dirá. Para sermos justos, ele ainda precisa ter tempo para fazer dar a volta um grande petroleiro no mar, e, na opinião destes “Comentários”, ele certamente – ou de qualquer forma – precisa de nossas orações. Que Nossa Senhora esteja com ele se realmente quer assumir a pesada tarefa de endireitar a Fraternidade. Será uma verdadeira batalha!

Kyrie eleison.