quarta-feira, dezembro 25, 2019

Comentários Eleison: Dois Bispos

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número  DCXLIX (649) - (21 de dezembro de 2019)



DOIS BISPOS




Homens com alguma decência acreditam no compromisso.
Na Consagração da Rússia está a solução.


Desde o verão e outono de 2012, quando ficou claro que dois dos três Bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X não assumiam mais a mesma posição no que se refere às relações dela com Roma que haviam assumido em sua carta de 7 de abril daquele ano dirigida ao QG da Fraternidade, que seguidores dela, sacerdotes e leigos, têm-se perguntado o porquê dessa mudança. Poucas pessoas, então, ou desde então, tomaram essa mudança de posição dos Bispos como uma questão de pessoas ou personalidades. Como a carta alertava severamente contra o abandono da clara recusa do Arcebispo Lefebvre de contatos com a Roma não convertida, a maioria das pessoas aceitou a mudança dos dois Bispos pelo que era, ou seja, um assentimento ao novo princípio do então Superior Geral de “contato antes da conversão”. No entanto, se a Roma conciliar não havia mudado, senão para pior, entre 1988 e 2012, por que os dois Bispos mudaram?

A questão mantém toda a sua importância até os dias de hoje. O que deve ganhar a Fraternidade para a Fé – e não a Fé para a Fraternidade! – por meio de contatos amistosos ​​da mesma Fraternidade com os romanos conciliares que ainda estão empenhados em seu ecumenismo do Vaticano II, que chega a incluir a veneração do Papa pelos ídolos Pachamama nos próprios jardins do Vaticano? Uma coisa parece certa: nos últimos 20 anos, a Fraternidade tem apostado tudo em relação ao seu futuro nessa amizade, e desistir dela agora significaria admitir que esses 20 anos teriam sido um grande erro. Portanto, a Fraternidade, com grande necessidade de novos Bispos para seu apostolado tradicional em todo o mundo, não pode escolher Bispos tradicionais e, assim, consagrar os de sua própria escolha, porque esses certamente desagradariam os conciliares romanos. Portanto, em 2012 os dois Bispos colocaram uma cruz pesada nas costas, que fica ainda mais pesada a cada ano que passa: eles ajudaram a levar a Fraternidade para um beco sem saída, e em 2019 ela não pode ter, nem pode não ter, seus próprios Bispos.

Recentemente se disponibilizaram informações que lançam alguma luz sobre a decisão dos dois Bispos de abandonarem a linha do Arcebispo de “conversão antes de contatos”. Quanto ao Bispo de Galarreta, soubemos que tão logo a carta de 7 de abril apareceu na Internet, ele se apressou em ir ao QG da FSSPX para pedir desculpas ao Superior Geral por seu aparecimento, ao qual ele renunciou absolutamente. Mas como ele poderia renunciar ao seu aparecimento sem também dissociar ele mesmo do conteúdo? Parece que a publicação o fez temer a implosão iminente da Fraternidade mais do que o conteúdo o fez temer o beco sem saída da Fraternidade, seu abandono essencial daquela defesa da fé do Arcebispo. A sobrevivência da Fraternidade era mais importante do que a da fé?

O Bispo Tissier de Mallerais demorou mais para retirar sua assinatura, por assim dizer, da carta de 7 de abril, mas no início de 2013 essa retratação também estava clara. A um amigo, ele deu a seguinte orientação episcopal: a conversão de Roma hoje não pode acontecer de uma só vez. O reconhecimento oficial nos permitirá trabalhar com muito mais eficácia dentro da Igreja. Precisamos de paciência e tato para fazermos as coisas no nosso tempo e não chatearmos os romanos que ainda não gostam de nossas críticas ao Concílio, mas estamos caminhando gradualmente – não foi isso que os santos fizeram? Devemos continuar denunciando escândalos e acusando o Concílio, mas precisamos ser inteligentes para entendermos o modo de pensar de nossos adversários, que depois de tudo incluem a Sé de Pedro. A política do Bispo Fellay não fracassou realmente: nada foi assinado em 13 de junho de 2012, e nada de catastrófico, nada de extraordinário aconteceu nos últimos 17 meses. Alguns sacerdotes nos deixaram, o que considero deplorável, por falta de prudência e juízo, mas tudo foi culpa deles. Em resumo, trate de confiar mais nos outros e menos em você mesmo. Confie na Fraternidade e em seus líderes. Tudo fica bem quando termina bem. Esse deve ser o espírito de suas próximas decisões e escritos.

Aqui terminam as razões do Bispo para recomendar a seu amigo que siga o Bispo Fellay. Mas o Bispo de Galarreta ou o Bispo Tissier de Mallerais ou o Bispo Fellay entenderam bem as razões pelas quais o Arcebispo rompeu o contato com os romanos conciliares? Os três não subestimam gravemente a crise sem precedentes causada pela traição contínua dos clérigos da Igreja à verdade e à fé? Como o compromisso doutrinário ou a politicagem meramente humana com Roma podem resolver essa crise pré-apocalíptica?

Kyrie eleison.

quarta-feira, dezembro 18, 2019

Comentários Eleison: O Levante da Juventude

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXLVIII (648) - (14 de dezembro de 2019)



O LEVANTE DA JUVENTUDE


O melhor da ação começa com a fé e a Missa,
Em seguida, toneladas de rosários, e, então, movam-se!

Sempre que se introduzem ideias complicadas e controversas ao público em geral, há alguma técnica clássica dos propagandistas para focar a atenção das pessoas em alguma imagem chamativa que permanecerá em suas mentes para que levem com ela a nova mensagem. Aqui estava certamente o papel desempenhado pelas estátuas de Pachamama que foram destacadas do início ao fim do recente Sínodo dos Bispos celebrado em Roma, supostamente para assessorar o Papa sobre o futuro da Igreja Católica. O próprio Papa disse que eram estátuas da Mãe Terra, ou seja, ídolos pagãos. Elas, com certeza, chamaram a atenção dos católicos. Um jovem austríaco e seu amigo lançaram cinco delas no rio Tibre. A entrevista que ele deu depois a John-Henry Westen, do Life Site News, foi bastante edificante, e "em meio à escuridão circundante" ela merece ser reproduzida aqui, ainda que abreviada e adaptada, como de costume. Alexander Tschugguel, 26 anos, casou-se neste verão, e vive no centro de Viena.

O que o motivou a lançar os ídolos fora? Você pensa nas possíveis consequências para você mesmo?

Eu e minha esposa nos interessamos pelo Sínodo. Visitamos a igreja onde estavam expostas as peças amazônicas. Eu imediatamente vi as estátuas de Pachamama como ídolos que quebravam o Primeiro Mandamento. Meu motivo para agir era simples: tirá-las da igreja católica, tirar o paganismo do santuário católico. Quanto às consequências, nunca pensei que impacto isso teria. Pensei: a consequência realmente grave é: não chegar ao céu. Em comparação com isso, esta ação não foi nada demais para mim.

Você se importaria de nos contar sobre sua vida na fé católica?

Só me tornei católico quando me converti do luteranismo aos 15 anos de idade. Quanto mais eu pesquisava sobre a fé católica, mais bonita ela se tornava. Não posso mais imaginar-me não sendo católico.

Como você se preparou espiritualmente para lançar fora os ídolos?

Com muita oração. Muitos rosários todos os dias e Missa diária quando era possível. Oramos inclusive ao entrarmos na igreja para retirar os ídolos, e mesmo enquanto os jogávamos fora. A preparação espiritual foi tudo. Sem a oração, a ação teria sido impossível.

Você temia as autoridades, ao infringir a lei, possíveis enfrentamentos relacionados aos ídolos?

Não estávamos procurando briga, mas apenas tirar os ídolos da igreja. Entramos na igreja no momento em que ela abria, justamente para evitar confrontos. Não estávamos roubando para uso pessoal, nem buscando publicidade. Se houvesse algum processo, confiávamos na calma e na oração para lidar com ele, se e quando acontecesse.

Como você reagiu mais tarde quando o Papa, como Bispo de Roma, pediu desculpas por seu tratamento dado aos ídolos?

Em primeiro lugar, ele os chamou "Pachamama", então eles realmente eram ídolos. Em segundo lugar, agimos não contra o povo da Amazônia, mas antes por ele, para que tivesse a verdadeira religião católica. “Santo Padre, por favor, entenda. Nós simplesmente não queremos ídolos na Igreja. Queremos que a Igreja siga Jesus Cristo e a Tradição da Igreja”.

Muitas pessoas diriam que você simplesmente odeia o Papa Francisco.

Eu nunca odiaria o Papa. Eu não quero odiar ninguém. Ele precisa da nossa oração e da nossa humilde ajuda todos os dias para que seja mais fácil para ele entender-nos. Se o Sínodo é para ajudá-lo, por que os leigos não podem ajudá-lo?

Sua ação despertou coragem em toda a Igreja. Até os altos clérigos chamaram seu ato "heroico".

Fico lisonjeado, mas o que fizemos nunca foi por nós. Somente pretendíamos fazer o que era certo aos olhos de Deus. O Primeiro Mandamento proíbe inclinar-se diante de qualquer imagem esculpida. Essa reverência é exatamente o que aconteceu nos jardins do Vaticano.

Você acompanhou o Sínodo. E quanto a ele, e quanto ao seu resultado?

Anunciou-se que ele se ocuparia de questões fechadas, como sacerdotes casados ​​e ordenação de mulheres, o que me deixou desconfiado. Então todo o lado político do Sínodo entrou em foco – foi uma grande mistura de ideias erradas na fé e na política. Mas o Sínodo não era somente para aconselhar? Agora eles estão dizendo que deve ser aplicado, por exemplo, na Alemanha. As pessoas devem dar-se conta: por trás do Sínodo estava toda a agenda globalista.

Você passou para a ação! Como aconselha outros jovens como você a entrarem em ação?

Visitem a igreja tradicional mais próxima. Rezem toneladas de Rosários. Leiam sobre a filosofia e a história da Igreja. Falem com a família, os paroquianos, os amigos. Conversem! Unam-se aos pró-vida, aos pró-família, ajudem seu sacerdote, e assim por diante...

Kyrie eleison.

segunda-feira, dezembro 09, 2019

Comentários Eleison: Sugestões de Livros

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXLVII (647) - (7 de dezembro de 2019)


SUGESTÕES DE LIVROS 


Um tanque do exército precisa de combustível e munição,
Uma mente católica precisa de graça e erudição.

O dia 25 de dezembro está chegando, e pode ser que haja muitos leitores na corrida para conseguir presentes. Este último ano viu muitos bons materiais de leitura em inglês aparecerem em forma de livro, ou pela primeira vez ou como volumes de reimpressões, que podem ajudar os católicos que desejam resistir à desordem de suas mentes a salvarem suas almas. Abaixo estão listados os quatro livros separados, ou séries de livros, e abaixo também estão os vários endereços postais ou eletrônicos onde eles podem ser comprados (nenhum deles está disponível nos endereços pessoais de Dom Williamson). Em primeiro lugar, os livros, em ordem alfabética:

“AS WE ARE [TAL COMO SOMOS?]”, de Sean Johnson, que há anos acompanha de perto o desenvolvimento da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. O movimento chamado “Resistência” acusa a Fraternidade de desviar-se da política de conversão da Roma conciliar antes do contato com ela, que a Fraternidade herdou do Arcebismo Lefebvre (1905-1991), enquanto a Fraternidade nega qualquer divergência significativa com a política de seu Arcebispo. Em seu livro “As We Are? [Tal Como Somos?]”, Johnson fornece abundantes provas, incluindo muitos links eletrônicos, de que a Fraternidade há muito tempo vem seguindo um caminho diferente daquele do Arcebispo, porque seus sucessores nunca viram tão claramente como ele todo o dano causado pelo Concílio e pelos conciliares romanos. É uma leitura necessária para qualquer católico que queira discernir seriamente se a Fraternidade divergiu ou não.

“ELEISON COMMENTS [COMENTÁRIOS ELEISON]”, do Bispo Williamson, em três volumes, números 1–200, 201–400 e 401–600. Aqui está o conjunto completo de seus "Comentários" semanais de sábado, desde o seu início na Internet, escritos na Argentina em 2007, até o seu segundo número de janeiro deste ano, escrito em Broadstairs, Inglaterra. Eles cobrem uma variedade de assuntos – filosofia, história, política, arte, música, teologia –, mas talvez sejam mais úteis por vincular todos esses assuntos na perspectiva da Fé católica. Eles não são infalíveis, mas argumentam, e qualquer um que siga os argumentos provavelmente não sofrerá de uma mente confusa.

“RECTOR’S LETTERS [CARTAS DO REITOR]”, também do Bispo Williamson, em quatro volumes; são as cartas que ele escrevia todos os meses como Reitor do Seminário da Fraternidade nos EUA entre 1983 e 2003, quando ainda era membro da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Elas são as precursoras dos "Comentários Eleison", mas cada uma delas são duas vezes mais extensas, sendo mensais em vez de semanais. Elas documentam a história de muitos dos melhores anos da Fraternidade, e analisam constantemente a loucura de nossos tempos à luz consistente de Deus e de Sua única e verdadeira Igreja. Nessas “Cartas” e nesses “Comentários”, uma certa quantidade de almas, pela graça de Deus, encontrou seu caminho para Ele, apesar de toda a confusão de nossa obscura época. Graças a Deus.

"VOICE OF THE TRUMPET [VOZ DO TROMPETE]", por último, mas não menos importante, escrita pelo Dr. David White, professor aposentado de inglês da Academia Naval dos EUA em Annapolis, Maryland, é uma biografia em volume único de seu amigo de longa data, o Bispo Williamson, que vai de 1940 até a poucos anos atrás. Somente a primeira das quatro partes do livro é estritamente biográfica. As outras três partes contam a história da batalha em curso do Bispo contra a Igreja e o mundo moderno, em um estilo bastante original, mas popular, exclusivo do bom doutor, que é especialmente capaz, por sua forte fé e por seu profundo conhecimento da música e da literatura mundiais, de falar sobre as relações entre a Igreja de Nosso Senhor e o mundo moderno. Mais uma obra altamente recomendada para qualquer católico que deseje pensar.

E, em segundo lugar, quatro fontes de disponibilidade desses livros, em ordem alfabética:

Amazon.com para "As we are?", "Letters" e "Trumpet".

Catholic Action Resource Center para "As we are?", "Eleison Comments" e "Trumpet".

ChantCD para "As we are?".

Stmarcelinitiative.com para "Letters" e "Trumpet".

Kyrie eleison.

terça-feira, dezembro 03, 2019

Comentários Eleison: Ambos...E...

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXLVI (646) - (30 de novembro de 2019)



AMBOS...E...


Para lutar numa guerra, devo-me guarnecer,
Com boas armas, e o meu inimigo conhecer.

Se se podem dividir os números destes “Comentários”, de um modo geral, entre os que tratam do problema moderno e os que tratam da solução católica, constata-se, infelizmente, que muitos leitores tenham estado interessados ​​no problema, mas não na solução; ou na solução, mas não no problema. Isto é de lamentar-se, porque se eu conhecer o problema sem a solução, posso ficar seriamente tentado a desesperar-me, especialmente nos tempos atuais, quando Deus está dando aos seus inimigos uma permissão sem precedentes para quase destruírem a Sua Igreja. Por outro lado, se o conhecimento da solução me leva a não identificar ou a subestimar o problema, então é provável que o problema me pegue de surpresa ao contornar minhas defesas inadequadas.

São Paulo foi um caso clássico de alguém que conhecia ambos, e que captou muito bem a solução do Novo Testamento, Jesus Cristo (Rom. VII, 24–25), simplesmente porque ele mesmo havia sido um fariseu fervoroso em conformidade com o desvio dos homens pecadores da época em relação ao Antigo Testamento (1 Cor. XV, 8-10). Assim, foi somente porque São Paulo experimentou diretamente a impotência do Antigo Testamento para perdoar o pecado que ele compreendeu tão profundamente a salvação que Cristo havia trazido aos homens pelo Novo Testamento. Outro grande convertido que se beneficiou dos muitos anos de erro para tornar-se um dos maiores servidores da verdade católica da Igreja foi Santo Agostinho. Eis o porquê de os franceses dizerem: "Um convertido vale mais do que dois Apóstolos".

E aqui está o motivo pelo qual os católicos de hoje não devem desprezar o conhecimento sobre os inimigos de Deus ou sobre como eles estão lutando contra Ele, por mais vil que seja essa luta. E os não católicos serão prudentes em não desprezar a Igreja Católica, porque, por mais oprimida que pareça estar, ainda tem as únicas soluções verdadeiras para qualquer um dos problemas reais do mundo, ou seja, propriamente humanos. Todos esses problemas são o fruto envenenado do pecado que se levanta contra Deus nas almas dos homens, onde somente Deus, e não os psiquiatras, pode penetrar com Seu perdão, que Ele escolhe conceder somente por meio de Seu divino Filho, e da Igreja comprada com Seu Sangue.

Assim, sugerimos aos leitores não católicos destes “Comentários” que se interessem não somente por suas análises das artes modernas ou da política, mas também por seus argumentos que podem parecer meras disputas entre católicos, como em relação ao que está errado com o Vaticano II, ou ao fato de a Fraternidade Sacerdotal São Pio X estar seguindo cada vez mais o Vaticano II. Isso ocorre porque a Igreja Católica pode muito bem ser a única solução verdadeira dos verdadeiros problemas de todos os leitores, mas essa solução é vulnerável à constante falsificação cometida por homens pecadores, e se ela for falsificada, não será mais a solução, mas parte do problema. Ora, o Vaticano II foi o clímax lógico de muitos séculos de homens que desejavam colocar o homem no lugar de Deus, e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, ainda que tenha sido projetada e fundada em 1970 para resistir aos erros do Vaticano II, particularmente desde 2012 caiu sob o mesmo encanto venenoso desses erros. Portanto, os não católicos que buscam soluções reais para os problemas modernos que conhecem muito bem devem seguir os argumentos sobre o Vaticano II e a Fraternidade.

Da mesma forma, aos leitores católicos destes "Comentários" sugere-se que sigam não apenas seus argumentos relativos ao Vaticano II e ao perigoso deslizamento da Fraternidade até a conformidade com o mundo moderno, mas também suas análises aprofundadas do que há de errado com este mundo. Pois, em verdade, se os líderes da Fraternidade estão deslizando dessa maneira, não é porque subestimaram o problema deste mundo? Por estarem travando uma guerra sem conhecer o inimigo, eles não estão caminhando diretamente para a derrota? Enquanto o Arcebispo Lefebvre disse uma vez que todo o Vaticano II está cheio de subjetivismo, o Bispo Fellay não disse uma vez que 95% dos textos do mesmo Vaticano II são aceitáveis? E enquanto o Arcebispo costumava dizer, de várias maneiras, que alguém precisa de uma colher longa para cear com os romanos conciliadores de hoje, não está o sucessor do Bispo Fellay seguindo o exemplo deste último de comportar-se como se ele achasse que poderia ser mais esperto que os demônios romanos? A verdadeira força do Arcebispo nunca foi sua astúcia, mas sempre foi sua fé e sua fidelidade à verdade católica. E o mesmo se aplica à Fraternidade que ele fundou. Então, que os leitores católicos destes "Comentários" não pensem que não precisam considerar as análises dos Comentários sobre a corrupção moderna, por mais desagradável que lhes possam parecer. Enterrar a cabeça na areia pode-lhes custar caro.

Kyrie eleison.

segunda-feira, novembro 25, 2019

Comentários Eleison: O Mundo Deslizando

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXLV (64) - (23 de novembro de 2019)




O MUNDO DESLIZANDO


Todas as árvores da Amazônia batendo palmas – seria possível isto concretizar-se?
Esperem, e verão o quão facilmente Deus pode fazê-lo realizar-se!


Não é somente a Fraternidade Sacerdotal São Pio X que está deslizando, é um mundo inteiro que desliza, dentro das almas dos homens. E assim como “não se pode fazer bolsas de seda com orelhas de porcos” e “não se pode fazer tijolos sem palha”, é impossível esperar que as instituições de ontem não sejam esvaziadas pelos seres humanos de hoje, como tantos balões colapsados dos quais o ar foi expelido. Eis a interessante resposta de alguém que ainda pensa, quando lhe perguntaram o que via, em relação ao futuro, para a "Resistência", para a FSSPX, para a Igreja e para o mundo:

Quanto à “Resistência”, não haverá grande aumento no número, nem uma grande colheita de almas, porque o material adequado simplesmente não existe. Como é possível fazer algo católico em pessoas que têm pouca ou nenhuma ideia do que é verdadeiro e do que é falso, do que é certo e do que é errado, daquilo ao que realmente é necessário resistir? A verdade e o certo foram minados, e mais e mais pessoas têm deixado de acreditar que são importantes, tanto porque o homem é um animal social que toma seu colorido daqueles que o rodeiam e que hoje desistiram massivamente da verdade e do certo, como porque a vida é muito menos exigente se a verdade e o certo são insignificantes. Então eu posso seguir o fluxo, e não há nada a que eu ainda precise resistir.

Quanto à FSSPX, se o Bispo Fellay é temeroso, seu medo se estenderá para o resto da Fraternidade, e de lá para o resto da Igreja, na medida em que a Fraternidade do Arcebispo foi em seu apogeu a rigidez da espinha dorsal da Igreja. Sem essa rigidez prevalecerá um conciliarismo suave, com um Missal híbrido que mistura a Missa Tridentina com a Missa Nova, com uma “hermenêutica de continuidade” que mistura a doutrina católica com o Vaticano II, com sacerdotes e ritos duvidosos, que possibilitam uma retomada ilusória da década de 1950. E assim a Igreja terminará sem ninguém que diga a Verdade, e a “luz do mundo” emitirá apenas um brilho tênue e opcional, e o “sal da terra” será impotente para impedir a corrupção universal.

O mundo, consequentemente, estará cada vez mais degenerado, tornar-se-á cada vez mais artificial, porque a Igreja era a protetora sobrenatural, pela graça, nas almas dos homens, de tudo o que era natural na criação de Deus. E, nesta Nova Ordem Mundial, até mesmo os restos da verdadeira Igreja continuarão sendo perseguidos pela intimidação passivo-agressiva de hoje. Sob uma aparência de tolerância passiva, a realidade é a de uma pressão implacável para conformar-se: "É melhor você ser 'politicamente correto', como todo mundo, ou faremos de você um pária". A essa pressão externa corresponde uma misteriosa fraqueza da mente moderna que não pode apegar-se a nenhuma verdade. O diabo, então, entra no nível natural e desvia a mente para a esquerda, para longe de Deus, fazendo com que os católicos duvidem de si mesmos: “Quem sou eu para dizer que o Arcebispo Lefebvre estava certo? Seus inimigos eram realmente maus? Quem sou eu para julgar?”. E nesse estado de espírito, é fácil trair...

Foi o Concílio dos anos 60 que desatou a confusão nos anos 70, e teve mais meio século para espalhar-se desde então, com a FSSPX trabalhando secretamente para o inimigo nos últimos 20 anos...”.

Essa visão do futuro é sombria, mas é uma previsão realista no nível meramente humano. Felizmente, Deus é Deus, Ele realmente existe, e Seus pensamentos não são os nossos pensamentos, nem os nossos caminhos são os Seus caminhos, “Porque, quanto os céus estão elevados acima da terra, assim se acham elevados os meus caminhos acima dos vossos caminhos, e os meus pensamentos acima dos vossos pensamentos” (Isaías LV, 8-9 [tradução da Vulgata pelo Pe. Matos Soares]). Tampouco este Deus se frustrará com as maquinações dos homens: “assim será a minha palavra, que sair da minha boca; não tornará para mim vazia, mas fará tudo o que eu quero, e produzirá os efeitos para os quais a enviei. Portanto, vós saireis com alegria, e sereis conduzidos em paz; os montes e os outeiros cantarão diante de vós cânticos de louvor, e todas as árvores do país baterão palmas. Em lugar do espigue subirá a faia, e em vez da urtiga crescerá a murta; e o Senhor será nomeado como um sinal eterno, que não será tirado” (Is. LV, 11–13 [tradução da Vulgata pelo Pe. Matos Soares]).

Kyrie eleison.

domingo, novembro 17, 2019

Comentários Eleison: Deslizamento Comentado

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXLIV (644) - (16 de novembro de 2019)




DESLIZAMENTO COMENTADO


A Fraternidade está seguindo o mundo.
Seu curso fatal é cada vez mais evidente.

Dois leitores dos dois últimos números destes “Comentários” (642 e 643, de 2 e 9 de novembro) fizeram observações úteis sobre o estado da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. A primeira delas foi que a Neofraternidade parece estar querendo colocar todos os tradicionalistas, dentro ou fora dela, sob sua autoridade única, e a segunda foi que as “discussões doutrinárias” entre Roma e a FSSPX serão reabertas em Roma tendo o Bispo Fellay como líder dos representantes da FSSPX. O primeiro observador comenta as constantes táticas da Revolução, e o segundo comenta sobre o destino que ameaça Don Pagliarani. Aqui está o que diz primeiro observador:

Essas duas notícias são muito ruins. Mesmo que eu pessoalmente não sinta mais falta da FSSPX, dói-me vê-la em um estado de completa rendição à Roma apóstata. Cada vez que a Revolução na Igreja dá um passo importante que pode ocasionar resistência por parte dos católicos, a Fraternidade sempre tem à sua disposição de antemão – sempre – uma posição alternativa, um beco sem saída para o qual dirige aqueles que estavam resistindo, tornando-os ineficientes. Receio que a FSSPX esteja sendo preparada por Roma para acolher todos os católicos que resistem ao apóstata Bergoglio, a fim de guiá-los na direção de Roma. É bastante fácil prever que é isso o que eles estão fazendo. Como sempre, a única arma que temos em mãos é o Rosário, para obter a Consagração da Rússia. Que Deus tenha misericórdia de nós!

Esses comentários não são "teoria da conspiração" nem "fake news". Os enganadores da Igreja e do mundo moderno, a quem Deus está concedendo atualmente um grande poder para castigá-lo pela apostasia, não são pessoas honestas que podem dar-se ao luxo de operar abertamente. Com demasiada frequência são verdadeiros inimigos de Deus, revolucionários desonestos que precisam conspirar e enganar para disfarçar o que estão fazendo. Por isso, sempre que os católicos – que são não somente simples como as pombas, mas também prudentes como as serpentes (cf. Mt. X, 16) – denunciam as artimanhas desses revolucionários, estes os acusam de serem, por exemplo, "teóricos da conspiração", o que é ainda mais enganoso, porque a acusação costuma ser verdadeira.

Por exemplo, nesse caso, quando em 1988 o Arcebispo Lefebvre estava prestes a acertar um grande golpe nos liberais ao consagrar quatro Bispos (então) fiéis para garantir que a Fraternidade sobreviveria para defender a verdadeira fé, a Roma liberal havia preparado a Fraternidade Sacerdotal de São Pedro para receber e neutralizar todos os sacerdotes da FSSPX que se opunham a essas Consagrações episcopais. Da mesma forma, quando esse observador acima sugere que em 2019 Roma está transformando a FSSPX em um refúgio para todos os católicos que se opõem ao Papa Francisco, a fim de colocar toda a sua oposição sob o controle de Roma, é muito provável que isso esteja longe de ser uma "fake news". É típico dos inimigos de Deus cometer exatamente os mesmos ardis dos quais eles acusam aqueles que os denunciam.

Quanto ao segundo observador, ele sugere que Don Pagliarani pode ser menos culpável do que o Bispo Fellay por julgar mal as intenções de Roma, mas se ele continuar a agir tal como o seu predecessor à frente da Fraternidade, é ele, Don Pagliarani, quem assumirá a responsabilidade por paralisar a defesa da Fé da Fraternidade. Tampouco se pode ser indulgente com ele indefinidamente, porque ele deve ser cada vez menos inocente se, e na medida em que, continua a agir como o Bispo Fellay. Aqui estão os comentários do segundo observador:

A notícia de que a renovação das discussões doutrinárias entre Roma e a FSSPX está sendo dirigida em Roma para a FSSPX pelo Bispo Fellay, projeta uma sombra obscura sobre seu sucessor que o escolheu para isso, Don Pagliarani. Mesmo admitindo que este último não seja tão favorável a um acordo como o é o Bispo Fellay, parece que ele está preso na mesma maneira de pensar de seu predecessor. Portanto, ou ele se liberta desse estado ou está destinado a ser marcado como aquele que sepultou a Fraternidade. Que Deus não o permita! Rezarei por ele e pela Fraternidade,  e me dirigirei para a Mãe de Deus, para que abras os olhos dele e ilumine seus dois Assistentes.

Reparem como os dois observadores veem na oração a única solução. Humanamente falando, a Fraternidade está essencialmente, ainda que não completamente, paralisada. Ao optar por juntar-se à Igreja Conciliar, ela compartilhará o destino desta.

Kyrie eleison.

terça-feira, novembro 12, 2019

Comentários Eleison: Ainda Deslizando - II

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXLIII (643) - (9 de novembro de 2019)



AINDA DESLIZANDO – II


Quem deu a vara para Roma golpear-nos?
Como devem rir do modo como podem tratar-nos!

Caso os leitores pensem que a conversa relatada aqui na semana passada, que ocorreu em setembro entre Dom Placide de Bellaigue, na França, e as autoridades da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, na Suíça, é insuficiente para provar que a Fraternidade continua afastando-se da defesa da verdadeira Fé, eis outra informação que nos leva à mesma conclusão: mais ou menos na mesma época em que o Superior Geral da Fraternidade (SG) deu sua entrevista reconfortante de 12 de setembro, ele presidiu a nomeação de uma Comissão de três pessoas para irem a Roma retomar aquelas discussões teológicas com os romanos conciliares que ocorreram de 2009 a 2011 sem resultado. E quais foram os três representantes da Fraternidade escolhidos para as discussões? Ninguém menos que o Bispo Fellay e os padres Pfluger e Nély, o triunvirato da Fraternidade que governou entre 2006 e 2018, quando então todos os três foram destituídos do cargo no Capítulo Geral eletivo de julho! E novamente se faz necessário um pouco de contexto.

No Capítulo Geral eletivo anterior de 2006, os 40 principais sacerdotes da Fraternidade se mantiveram fiéis, menos fiéis do que em 1994 (como admitiu uma vez o Bispo Fellay), mas ainda assim fiéis ao princípio de bom senso católico do Arcebispo Lefebvre, segundo o qual, no choque entre a Fraternidade e Roma, estavam em jogo questões tão importantes de Fé que nenhum acordo meramente prático, sem um acordo doutrinário, poderia resolver. Ora, em 2006, o Bispo Fellay já havia deixado de levar a doutrina a sério havia algum tempo. Para ele, como para o Papa Bento XVI, para todos os modernistas e para a massa dos habitantes do mundo de hoje, a verdade de Deus é menos importante do que a unidade dos homens; mas ele sabia que dentro da Fraternidade muitos membros ainda continuavam seguindo o Arcebispo em seu respeito pela verdade de Deus, e, por isso, o SG continuou a pedir ao Papa Bento XVI que mantivesse as discussões doutrinárias a fim de que a Fraternidade e Roma pudessem unir-se.

O pedido era intrinsecamente insensato desde o início, porque as doutrinas da Tradição Católica e do Vaticano II não podem mais ser unidas do que o são as doutrinas de 2 + 2 = 4 e 2 + 2 = 5. Mas tanto o Papa como o SG aparentemente esperavam que os dois lados pudessem contentar-se com 2 + 2 = quatro e meio, porque, para os dois, a união era mais valiosa do que a verdade. E assim, ocorreram “discussões doutrinárias” entre quatro representantes de cada lado, de 2009 a 2011. No entanto, em 2009 o Bispo Fellay ainda teve de nomear quatro representantes da Fraternidade que levavam a sério a verdade católica, enquanto os romanos se mantiveram inflexíveis em seu apego às antiverdades do Vaticano II, de modo que as discussões não chegaram a lugar nenhum. A unidade não pôde, então, prevalecer sobre a Verdade.

Mas no Capítulo Geral interino (não eletivo) de 2012 da Fraternidade, a opinião havia mudado entre os 40 principais sacerdotes da Fraternidade, de modo que o princípio de doutrina do Arcebispo foi abandonado primeiramente, e a Fraternidade aceitou oficialmente que a unidade deveria vir em primeiro lugar. No entanto, surgiu imediatamente um forte movimento de resistência de sacerdotes da Fraternidade, ameaçando a unidade desta. E assim, quando no Capítulo eletivo de 2018 os 40 sacerdotes ainda amavam a Verdade o suficiente para votarem para que o Bispo Fellay e seus dois assistentes saíssem do cargo, o novo SG adotou posteriormente a ideia das discussões doutrinárias com os romanos conciliares, uma ideia intrinsecamente insensata, mas sempre tão atraente quanto ter um bolo e poder deliciar-se com ele. Ele desceu para Roma, e tanto os romanos como o SG ainda deviam estar sonhando com quatro e meio, de modo que parece que as "discussões doutrinárias" estão de volta à mesa.

Mas enquanto em 2009 o Bispo Fellay teve de escolher os defensores da Verdade para representarem a Fraternidade, agora o novo SG parece ter escolhido os três oficiais da Fraternidade que presidiram o Capítulo de 2012 que colocou a unidade antes da Verdade! Então, quem está enganando quem? Se o novo SG está enganando-se a si mesmo em relação a achar que uma unidade não doutrinária é possível, ai da Fraternidade, agora e no futuro próximo! Se ele não está enganando-se a si mesmo, ele está agindo sob pressão de Roma, de Menzingen fellayzado ou de ambos? Dá no mesmo, porque o Bispo Fellay fez tudo o que pôde para colocar Menzingen e a Fraternidade sob o poder de Roma. É Roma, portanto, quem está tomando as decisões e esfregando o nariz da Fraternidade em sua própria sujeira. Honorável Pe. Pagliarani, se o senhor não gosta da ideia de ser responsável por essa sujeira, a coisa honrosa que pode fazer é renunciar!

Kyrie eleison.

terça-feira, novembro 05, 2019

Comentários Eleison: Ainda Deslizando - I

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXLII (642) - (2 de novembro de 2019)


AINDA DESLIZANDO – I


“Apagamos Lefebvre. Morreremos satisfeitos.”
Esses líderes não são do céu, estão inclinados ao inferno!

Há sinais que podem dar esperança de que a Fraternidade Sacerdotal São Pio X oficial já não estaria mais deslizando para ficar sob o poder e o controle dos clérigos conciliares em Roma, mas esses sinais são esmagados pelas evidências que apontam para o contrário. Por exemplo, no dia 12 de setembro, o novo Superior Geral (SG) que foi eleito para substituir D. Fellay em julho do ano passado, o Pe. Davide Pagliarani, tornou pública uma entrevista na qual ele dizia muitas coisas boas, o suficiente para que ao menos um dos leitores destes “Comentários” se alegrasse com a ideia de o deslizamento da Fraternidade estar sendo revertido. Infelizmente, um informe recente da sede da Fraternidade na Suíça nos faz temer que o Pe. Pagliarani esteja recebendo instruções para dizer coisas bastante conservadoras com o fim de enganar todos os tradicionalistas que não estão observando suas ações. Seguem abaixo os antecedentes e o informe.

A Tradição Católica possui casas na França de três ordens excepcionais de monges e frades do passado da Igreja: os Beneditinos em Bellaigue, os Dominicanos em Avrillé, os Franciscanos em Morgon. As três foram encorajadas e ajudadas desde sua fundação pelo Arcebispo Lefebvre, mas ele nunca reivindicou autoridade sobre nenhuma delas; na verdade, ele recusou-se positivamente a fazê-lo, porque não via que a Fraternidade tivesse a missão de monopolizar a Tradição ou de controlar todas as iniciativas tradicionais. Desde a sua fundação, todas as três casas independentes floresceram, relativamente falando, e, em 2019, como é normal para monges e frades, as três exercem uma influência especial sobre tradicionalistas de todo o mundo.

No entanto, com a grande mudança de direção da Fraternidade que se tornou pública em 2012, as relações dessas casas com a Fraternidade tornaram-se problemáticas, porque seus líderes naturalmente queriam que esses religiosos influentes também mudassem de direção. Há alguns anos, a FSSPX rompeu relações com os Dominicanos de Avrillé, que foram considerados independentes demais, enquanto os Franciscanos precisaram, durante o mesmo período de tempo, adotar uma política cuidadosamente equilibrada entre cooperação e independência. E, quanto aos Beneditinos, seu jovem Superior do Brasil, Dom Placide, sofreu uma pressão especial no último mês de agosto por parte da Fraternidade.
Chamado a comparecer em Menzingen pelo Pe. Pagliarani, ele foi repreendido por sua falta de cooperação com a Fraternidade, e diante dele colocou-se uma folha de papel para que assinasse, a fim de que todo o controle sobre o Mosteiro Beneditino fosse cedido à Fraternidade! Quando – para dizê-lo de forma educada – ele recusou a oferta, ele foi ameaçado de que se diria a todo mundo que a FSSPX estava cortando todas as relações com o Mosteiro. Dom Placide respondeu que cabia ao SG fazer o que julgasse melhor, e a ameaça mudou. Agora a ameaça era a de que todos os priorados da Fraternidade receberiam ordens para não enviarem mais vocações para Bellaigue. E essa ameaça foi cumprida. Dom Placide recusou a oferta de ficar e almoçar em Menzingen.

Temos o direito de especular sobre essa conversa. Se queremos manter nossas esperanças no Pe. Pagliarani pessoalmente, podemos especular que ele próprio foi instruído a usar essas táticas de intimidação contra o relativamente jovem chefe dos Beneditinos. Mas ele não pode evitar a responsabilidade de, pelo menos, consentir em desempenhar o papel do agressor. O que é mais grave ainda é que as táticas de intimidação sugerem que Roma e Menzingen estão conspirando em conjunto para varrerem juntos sob a Fraternidade todos os grupos tradicionais atualmente independentes, e, em seguida, reestruturarem a Fraternidade e substituírem-na por uma Prelatura Pessoal sob o controle total de Roma. Isso teria duas vantagens para a guerra de Roma contra a Tradição: em primeiro lugar, a independência e as últimas marcas do Arcebispo Lefebvre na estrutura da Fraternidade que ele projetou, desapareceriam; em segundo lugar, Roma poderia então estrangular suavemente, juntamente com a Fraternidade, todos os grupos e iniciativas tradicionais de um só golpe. Os atuais líderes da Fraternidade também não desaprovariam esse golpe, pelo contrário, porque, quando morressem gentilmente por estrangulamento, teriam pelo menos o reconhecimento oficial pelo qual lutaram por tanto tempo.

Assim agem os enganadores da Fraternidade. Mas, e seus seguidores, sacerdotes e leigos?


Kyrie Eleison


domingo, outubro 27, 2019

Comentários Eleison: Padre Bruehwiler

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXLI (641) - (26 de outubro de 2019)



PADRE BRUEHWILER


Na Igreja de Deus, a doutrina é o principal, e vem em primeiro lugar,
Comprometer a doutrina implica traição.


A seguinte análise da situação atual da Fraternidade Sacerdotal São Pio X apareceu no boletim nº 3 da paróquia de São Galo, na Suiça, do Pe. Aloïs Bruewihler, para o outono deste ano. O Pe. Bruewihler é um antigo sacerdote da Fraternidade que a deixou em 2015 porque não pôde reconciliar-se com a falsa direção que está tomando a Neofraternidade, que continua buscando o reconhecimento pelas autoridades da Neoigreja em Roma, ainda que estas insistam sempre na aceitação pela Neofraternidade dos documentos profundamente anticatólicos do Vaticano II como condição indispensável desse reconhecimento. O artigo do Pe. Bruewihler está adaptado aqui para o tamanho A4 de cada um destes "Comentários".

Em uma época de grave crise em que os próprios fundamentos da vida estão sendo atacados, sacudidos e até derrubados, um católico deve, com toda humildade e confiança na proteção de Deus Todo-Poderoso, concentrar-se na “única coisa necessária” (Lc. X, 42), sem questionar a Deus, mas aceitando humildemente a provação que Sua Eterna Sabedoria permitiu (ou inclusive estabeleceu?) como um meio carregado de graça para castigar-nos ou purificar-nos ou santificar-nos ou salvar-nos, corpo e alma.

Como a Igreja Mãe, humilhada e acorrentada desde o Vaticano II, está tão ocupada e inundada como sempre pelos sinistros poderes maçônicos estabelecidos no seio da "Igreja conciliar", a Providência onissapiente de Deus deu aos católicos um fiel sucessor dos Apóstolos, Dom Lefebvre, para garantir-nos, em nossas extremas e contínuas necessidades, uma fonte emergencial da doutrina inalterada de Cristo. Quanto mais o Neovaticano fala e age sob a influência da “fumaça de Satanás”, mais atenção os católicos devem prestar à herança doutrinária que o Fundador da Fraternidade Sacerdotal São Pio X nos deixou se querem salvar suas almas. Pois, assim como São Paulo advertiu os coríntios a manterem o evangelho como ele lhes pregara, e como o recebera de Cristo (1 Cor. XV, 1–3, etc.), assim também abandonar atualmente os ensinamentos do Arcebispo sobre a Missa Nova e o Concílio é, com efeito, abandonar o ensinamento de Cristo.

Mas logo após a morte do Arcebispo em 1991, os líderes da Fraternidade seguiram um novo caminho, pelo qual se esforçaram desde então para "normalizar" a posição canônica da Fraternidade na Igreja oficial, como se a Fraternidade do Arcebispo, e não a Igreja conciliar, é que fosse anormal. Essa mudança de direção começou claramente a aparecer com a tentativa dos líderes da Fraternidade em 2001 de submeterem-se aos romanos conciliares, e ficou ainda mais clara com a Carta a esses líderes, de 7 de abril de 2012, de três dos quatro Bispos da Fraternidade, um dos quais foi logo excluído da mesma Fraternidade. Esta estava sendo dividida em duas, e quem aprovou essa exclusão deve estar aprovando agora os novos amigos da Fraternidade, como o Bispo suíço da Neoigreja, cuja doutrina sobre o Concílio e a Missa está longe daquela do Arcebispo Lefebvre. Assim, a Neofraternidade está agora sendo reformada com base na unidade prática antes da verdade doutrinária, o que é um princípio maçônico, e, absolutamente, não católico. No entanto, cada vez mais sacerdotes e leigos cegos parecem esperar que se chegue a um acordo entre a Fraternidade e Roma.

O problema remonta ao Vaticano II (1962–1965), quando os fiéis católicos, em suas famílias e no trabalho, tiveram de aprender por conta própria o que significa para os oficiais da Igreja se afastarem da Verdade Católica. Os católicos não podiam mais seguir ou obedecer aos Papas, Bispos e Padres, ainda que estes tivessem autoridade sobre eles, porque a Autoridade Católica está a serviço da Fé e da Justiça, e, ao contrário disto, o "Motu Proprio" de Bento XVI em 2007, e o Comunicado de Imprensa ambíguo e enganoso do Superior Geral da FSSPX emitido ao mesmo tempo, são dois exemplos de um sério desrespeito pela verdade e pela justiça. Como o Bispo Tissier disse em 2016, "a missa 'Motu Proprio' não é a verdadeira missa". Poderíamos acrescentar que a Neofraternidade, que vem sendo formada desde 1991, não é mais a verdadeira Fraternidade.

Kyrie eleison.

segunda-feira, outubro 21, 2019

Comentários Eleison: Conversão Moderna

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 Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXL (640) - (19 de outubro de 2019)



CONVERSÃO MODERNA



"A ajuda de Deus está mais próxima do que a porta".
Para qualquer alma, por mais pobre que seja.


Se atualmente alguém está tentado a pensar que Deus Todo-Poderoso renunciou ao governo de Sua Igreja ou do mundo, há testemunhos que chegam ao escritório destes “Comentários” que mostram claramente – pelo menos na opinião deste comentarista – que o Espírito Santo ainda está atuando. Um católico que estava longe da Igreja conta a seguir como ele voltou para ela, como encontrou a Tradição Católica e, logo depois, a “Resistência”, e que sentido ele dá a tudo isso. Em meio à confusão e ao desalento que todos conhecemos, ele escreve com uma notável amplitude e serenidade, certamente um sinal de que está sendo guiado por Deus.

Sou um homem casado, com duas filhas, uma quase adolescente e a outra ainda bebê. É à minha avó que devo meu retorno à Fé. Um dia, cinco anos atrás, eu estava passando por uma igreja quando, de repente, pensei nela rezando o Rosário, e fui impelido a entrar na igreja para rezar. A partir de então, comecei a rezar novamente e a assistir à Missa. É claro que foi a Missa Nova no início, até que cerca de três anos atrás descobri a existência da Tradição Católica.

Desde então, minha família e eu passamos a ir à capela local da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, onde fomos recebidos com grande alegria pelo sacerdote e pela congregação. Mas logo descobri que havia muitas divisões na capela, e assim você pode imaginar a dificuldade que tive para entender o que estava acontecendo. Tendo chegado tão recentemente à Tradição, precisava de muita paciência, coragem e perseverança para aguentar e não simplesmente fugir nos primeiros seis meses! Mas nossa sede de verdade e nossa busca por raízes superaram nosso medo, e assim permanecemos, graças a Deus.

Compreendi que a FSSPX é verdadeiramente uma parte santa da verdadeira Igreja Católica de Cristo, e é por isso que fico pelo menos neste momento dentro da Fraternidade, com minha família. Mas estou ouvindo o tempo todo o que os sedevacantistas e os "resistentes" têm a dizer, para continuar formando meu juízo. Tenho uma admiração enorme pelo Arcebispo Lefebvre, um verdadeiro homem de Deus, um santo sucessor dos Apóstolos. É muito difícil de suportar ver sua Fraternidade vacilando sob a pressão infernal do mundo, e é necessário que rezemos ainda mais.

A Fraternidade ainda tem, sem dúvida, muito que fazer, porque ainda pode fazer muito bem. O mesmo pode dizer-se da chamada “Resistência”, que desempenha, e tem o direito de fazê-lo, o papel de uma grade de proteção sempre que a Fraternidade se desvia do curso e cambaleia sob os ataques do mundo moderno e as tentações que lhe são estendidas pelos clérigos conciliares. Estou convencido de que a "Resistência" tem um papel vital por desempenhar, e que Nosso Senhor permite que ela exista para um grande bem, mesmo dentro da Fraternidade, ainda que pareça estar do lado de fora. Pessoalmente, considero-me um firme resistente a qualquer um que não ataque claramente, de frente, o Concílio Vaticano II, que foi inspirado pelo diabo. Afinal de contas, como alguém pode viver como um verdadeiro católico hoje sem resistir em todos os lugares e o tempo todo? Não é ser católico aqui a coisa mais difícil e bonita que existe? Obrigado, vovozinha, por rezar para Jesus e para Maria por mim!

Nesta vida, nunca vemos Deus em pessoa, mas o vemos em ação: as orações de uma avó; a oração de uma alma como seu primeiro e mais importante passo; assistir à Missa como o passo seguinte: a Missa Nova ainda transmitindo graça, por mais estrangulada que a graça possa estar; Deus mostrando de alguma maneira a Tradição a uma alma católica que gravita até ela; o refúgio em uma capela local da Fraternidade e a acolhida nela; apenas para que a prova seguinte e mais severa comece! Prova superada pela necessidade de raízes e pelo amor pela verdade e pela busca desta, que se assenta na mente aberta em meio a toda a confusão, mas ancorada no respeito pelo Arcebispo e no ódio ao Vaticano II, beneficiando-se tanto da Fraternidade como da “Resistência” pelo que cada uma tem a oferecer-lhe, sem excluir nenhuma delas; o reconhecimento de que todo católico deve nadar contra a corrente e, finalmente, a gratidão pela maneira como Deus o conduziu. Muitas lições em poucas palavras. Que Deus abençoe o escritor e o mantenha, e à sua família, fiéis até a morte. Ele tem uma boa oportunidade.

Kyrie eleison.

segunda-feira, outubro 14, 2019

Comentários Eleison: Presença, Poder

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 Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXXIX (639) - (12 de outubro de 2019)



PRESENÇA, PODER


Todos os demônios me dizem: Deus está ausente, fraco.
Preciso pensar. A verdade não está longe para que se a busque.

Enquanto a “civilização ocidental” se desmorona cada vez mais rápido ao nosso redor, é extremamente necessário lembrar que “Nossa ajuda está em nome do Senhor” e na intercessão de Sua Mãe, e em nada mais. Mas poucas pessoas, inclusive entre os católicos, percebem o quão perto de nós está e o quão poderoso Deus Todo-Poderoso é. Se eles percebessem, poderiam voltar-se mais facilmente à oração, que é, de fato, o único obstáculo sério atualmente que impede o avanço do mal. Por um castigo justo pela apostasia da humanidade, Deus deixou cair sob o controle de Seus inimigos todos os outros meios de influência e poder.

Mas, quem é Deus? "Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis".

Em primeiro lugar, Pai. “Criador do céu e da terra”, mas não apenas um fabricante que fabrica um produto e depois o deixa para que trilhe seu próprio percurso no mundo. A melhor comparação para ilustrar o cuidado de Deus e Seu amor pelas criaturas que Ele cria é com o amor de um pai humano por seus filhos, que se estenderá normalmente até a morte dele ou deles, e mais além. Mas o amor de um pai humano é finito, enquanto o amor de Deus é infinito.

Em segundo lugar, Todo-Poderoso. Talvez a maneira mais simples de captar o poder ou a força de Deus seja aceitar os ensinamentos da Igreja de que Deus é o Criador, e todo o ente que existe é uma criatura que Deus criou, e que a criação é do nada. Sempre que nós seres humanos “criamos” alguma coisa, ela é sempre de algum material preexistente, como, por exemplo, uma cadeira de madeira, uma casa de tijolos, os tijolos de areia, etc. Quanto mais eu penso sobre isso, mais difícil é imaginar algo criado do nada, pela boa razão de que todas as mudanças que conheço ao meu redor estão feitas de alguma coisa. Se eu pudesse compreender algo que surgiu do nada, começaria a ver o significado de "Todo-Poderoso".

Em terceiro lugar, criador de todas as coisas. De todas as coisas materiais ou "visíveis", até o final da galáxia mais distante – Santo Inácio de Loyola costumava ficar do lado de fora de seu quarto em Roma apenas olhando as estrelas à noite para desfrutar da demonstração do poder infinito de Deus. E muito mais: criador de todas as coisas espirituais ou "invisíveis", como a alma que dá vida e as faculdades de razão e livre-arbítrio a todo ser humano vivo, para não falar das nove Ordens imateriais dos anjos. Vocês duvidam que eles existam porque são imateriais? Vocês ainda duvidam que haja algo mais do que inteligência humana que ordena o mal ao nosso redor hoje em dia?

Mas enquanto muitas pessoas podem estar dispostas a admitir que nada poderia vir à existência sem um Criador, o que poucas pessoas entendem é que a ação criadora de Deus continua a cada momento em que a coisa existente continua existindo, de modo que se Deus por um momento deixasse de manter na existência alguma coisa existente, ela instantaneamente voltaria ao nada do qual veio. Uma comparação pode ajudar. Para dar partida em um trem elétrico, o condutor deve puxar em sua direção o que é chamado "botão do homem morto", mas ele deve continuar puxando-o em sua direção para que o trem continue em movimento, porque o botão, ou uma alavanca, funciona com uma mola, de modo que se se a solta, a alavanca retorna automaticamente, e o trem para. Desta forma, o trem fica protegido de uma aceleração descontrolada se o condutor, por exemplo, morrer depois de dar partida. Assim, o trem arranca puxando-se primeiramente a alavanca, mas a mesma alavanca deve continuar sendo puxada para que o trem continue se movendo.

Da mesma forma, Deus cria uma criatura em seu primeiro momento, mas ela voltaria a cair no nada se Ele não mantivesse essa ação criadora, ou "conservasse" a criatura pelo período de sua existência. Em outras palavras, assim como o primeiro puxão da alavanca faz o trem dar a partida, mas a mesma alavanca deve continuar sendo puxada para que o trem se mantenha em movimento, a única diferença entre a criação de uma criatura por parte de Deus e sua conservação é a diferença entre o primeiro momento de sua existência e cada momento posterior. Assim, a cada momento que eu existo, Deus está ativo dentro de mim, criando e conservando minha alma e meu corpo. Assim, Ele está mais presente para mim do que eu para mim mesmo, fazendo o que somente Ele pode fazer, ou seja, manter-me fora do nada. E eu duvido que Ele seja poderoso? Ou duvido que Ele esteja perto de mim? Ou duvido que se preocupe comigo?

Kyrie eleison.

terça-feira, outubro 08, 2019

Comentários Eleison: Carta dos Bispos

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 Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXXVIII (638) - (05 de outubro de 2019)




CARTA DOS BISPOS

Com o Vaticano II, o diabo dominou Roma.
Os católicos ainda podem pensar que estão em casa?

Um leitor pergunta quais foram as circunstâncias por trás da carta de 7 de abril de 2012 dirigida a D. Fellay e a seus dois assistentes pelos outros então três Bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. A carta está rapidamente se tornando história antiga, mas os leitores recordarão que ela teve um papel importante na conscientização dos católicos tradicionais sobre as mudanças significativas de direção da Fraternidade que vinham ocorrendo sub-repticiamente nos últimos 15 anos, e que muitos deles não haviam notado. Mas em março de 2012, o animal acabava de quebrar a casca, ou de vir à luz.

Naquele mês, em “Cor Unum”, a revista da Fraternidade que é publicada três vezes por ano para sacerdotes, o Superior Geral (SG) escreveu que estava na hora de a Fraternidade mudar a política de Dom Lefebvre de não chegar a um acordo prático sem um acordo doutrinário, já que a hostilidade dos clérigos romanos em relação à tradição católica estava diminuindo, e, portanto, a confiança da Fraternidade nos romanos conciliares deveria crescer mais. Na verdade, desde o início dos anos 2000, mais e mais sacerdotes e leigos da Fraternidade suspeitavam que ela estava sendo conduzida para uma direção diferente. Agora o próprio SG estava confirmando essas suspeitas. Aquele "Cor Unum" causou um grande rebuliço dentro da Fraternidade.

Na mesa de jantar no Priorado da Fraternidade em Londres, Inglaterra, o editor destes “Comentários” se perguntou em voz alta se deveria escrever ao SG uma carta de protesto contra a mudança de direção, e enviá-la a D. Tissier para que este revisasse o conteúdo. Um companheiro de mesa perguntou se não conviria entregar a carta também a D. de Galarreta, caso ela pudesse ir à sede da Fraternidade, como um protesto conjunto dos três Bispos contra um desvio tão grave da constante pregação e prática do Arcebispo de “primeiro a Doutrina”. O confrade estava certo, e assim nasceu a ideia de uma carta dos três Bispos. Ao ser consultado sobre o projeto, D. Tissier recomendou que se redigisse um rascunho da carta, e quando lhe foi entregue, ele aprovou com entusiasmo. O rascunho foi então entregue a D. de Galarreta, que também o aprovou, mas o reforçou consideravelmente, reescrevendo a última parte dele. Um texto final foi assinado pelos três Bispos e enviado à sede em Menzingen com cópias para o SG e seus dois assistentes.

A resposta deles chegou apenas uma semana depois. Não foi em vão que a Casa Geral tinha estado mudando a direção da Fraternidade enquanto disfarçava a mudança. Os líderes realmente pensavam que a Roma conciliar estava tornando-se mais católica a ponto de as graves reservas do Arcebispo quanto à cooperação com os neomodernistas de Roma terem-se tornado obsoletas. Para o Cardeal Ratzinger em 1988, o Arcebispo havia dito que a cooperação era impossível, porque a FSSPX e Roma estavam trabalhando em direções diametralmente opostas – Roma queria descristianizar a sociedade, enquanto a FSSPX estava se esforçando para recristianizá-la. Mas em 2012, a sede da FSSPX manteve-se firme quanto à situação ter mudado, e, portanto, ao se oporem aos três Bispos, eles não se opunham ao Arcebispo. Mas o que este último teria dito sobre as trapaças do Papa Francisco? O que ele não teria dito? No entanto, em uma recém-publicada entrevista-livro do ex-SG, D. Fellay repudia vigorosamente até a menor crítica ao Papa Francisco.

E assim, em uma data pré-estabelecida em junho de 2012, D. Fellay se apresentou em Roma com um assistente de confiança para selar um acordo com Roma que finalmente poria fim ao que a sede da Fraternidade teria considerado como uma “disputa desnecessária” de 37 anos entre a FSSPX e Roma. Desnecessária? Disputa? A Roma conciliar está em guerra com a Tradição Católica! E os romanos obviamente tomaram conhecimento da carta dos três Bispos. Nesse caso, de que serviria capturar a liderança oficial da Fraternidade se os outros três de seus quatro Bispos tivessem evitado a armadilha? A tradição corria o risco de começar tudo de novo. E assim o SG, em 2012, foi enviado para longe de Roma de mãos vazias. Ele teria de trabalhar nesses Bispos para trazê-los de volta. Não perdeu tempo...

Kyrie Eleison

segunda-feira, setembro 30, 2019

Comentários Eleison: Rosmersholm de Ibsen

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 Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXXVII (637) - (28 de setembro de 2019)




ROSMERSHOLM de IBSEN


Os modernos frequentemente conseguem captar a escuridão,
Mas, se perdem Cristo, não têm luz então.

Henrik Ibsen (1828–1906) foi um famoso dramaturgo norueguês, a quem frequentemente se atribui o mérito de ser o pai mundial da dramaturgia moderna. Ele não era católico, mas disse uma grande verdade, e Santo Agostinho disse uma vez que toda a verdade pertence aos católicos (porque seu Deus é "o Caminho, a Verdade e a Vida"). Por essa razão, os católicos podem, às vezes, apreciar melhor do que os não católicos as verdades que os não católicos estão dizendo. A grande verdade de Ibsen é que, mesmo na estreita e hipócrita Noruega do final do século XIX, onde a vida e a alegria são sufocadas sob o peso das tradições moribundas, o espírito humano ainda se levanta em protesto, e prefere inclusive a morte à existência aprisionada em uma aparente falta de liberdade ou de significado.

Ilustremos esse protesto com um grupo de três peças de teatro posteriores de Ibsen, nas quais ele passou do drama da sociedade moderna para o drama de pessoas individuais. Rosmersholm (1886) termina com o suicídio conjunto do herói e de sua amada. Solness, O Construtor (1892) termina com o herói caindo para a morte de uma torre alta, cuja intenção de escalar era primeiramente suicida. John Gabriel Borkman (1896) termina com a morte do herói pelo frio em uma escalada virtualmente suicida pela ladeira gelada de uma montanha. Mas em cada caso o herói lutava pela liberdade do espírito humano contra um mundo que sufocava esse espírito. Vamos dar uma olhada particularmente em Rosmersholm, cuja adaptação foi encenada recentemente em Londres com grande sucesso. Ibsen vive!

Todo drama precisa de um choque dramático, e o choque em Rosmersholm está entre, por um lado, o velho mundo da família Rosmer e o lar, distinguido durante os últimos 200 anos por seus soldados e pastores que deram o exemplo e lideraram toda a região, e, por outro lado, o emergente novo mundo de emancipação e liberdade de todos esses valores antigos. A figura central da peça é o último descendente da nobre família, John Rosmer, antigo pastor, mas que perdeu a fé cristã e agora está dividido entre os dois mundos. De um lado está o Dr. Kroll, um conservador de coração frio que tenta salvar a Noruega do liberalismo invasor, mas cuja esposa e cujos filhos estão tornando-se liberais. Do outro lado está o editor do jornal radical local, Mortensgaard, que é no mínimo tão desprestigiado quanto Kroll em suas tentativas de trazer Rosmer para o seu lado. O próprio Rosmer foi, na teoria, conquistado para o novo mundo de alegria e liberdade pela encantadora jovem Rebekka West, sua companheira platônica durante vários anos.

O drama chega ao seu ponto culminante quando Rosmer conta a Kroll sobre sua perda de fé e sua intenção de lutar em público pelos liberais. Kroll entra em ação, por meios justos ou sujos, para impedir que Rosmer empreste sua pessoa e seu prestígio à podridão. Sob pressão de Kroll, Rebekka percebe que, em sua luta para libertar Rosmer de suas origens nobres, mas sufocantes, é na realidade esse passado, Rosmersholm, que a venceu. No final, a única maneira de John e Rebekka alcançarem tanto a nova liberdade como a antiga nobreza é se jogando juntos do moinho de água de Rosmersholm. Em outras palavras, diz Ibsen, a velha nobreza não tem alegria, o novo conservadorismo não tem coração, e a nova emancipação não é melhor. Resta apenas a morte como saída, aparentemente a única afirmação possível para o casal preso.

Isso tudo é uma bobagem sombria, imprópria para os católicos de hoje? Não. É um retrato realista do nosso mundo. Quando a fé morre, como acontece com Rosmer e com bilhões de almas hoje em dia, então o conservadorismo (Kroll), em última análise, não conserva nada, a esquerda (Mortensgaard) é tão boa quanto jogar gasolina ateia em um fogo ateu, a emancipação (Rebekka) carece de resistência, e o desejo liberal de morte assume o controle. Se se deseja ter vida, e tê-la com mais abundância (Jo. X, 10), Rosmer deve reviver em si mesmo a fé de seus antepassados verdadeiramente nobres, o que significa que ele deve retroceder para além do melhor de seus antepassados protestantes até os católicos que fizeram a Noruega cristã. Que Rosmer se converta em um verdadeiro católico, e então Kroll, Mortensgaard e Rebekka poderão ver a verdadeira solução, e toda a região poderá iluminar-se novamente com a luz de Cristo.

Kyrie eleison.

segunda-feira, setembro 23, 2019

Comentários Eleison: Família Sob Ataque

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 Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXXVI (636) - (21 de setembro de 2019)



Família Sob Ataque



O Rosário em família é a arma principal,
Para proteger a família de danos indesejáveis.

À medida que o mundo vira cada vez mais as costas para Deus, este vai gentilmente, nesse momento, retirando-se. Ele voltará com força, podem esperar! Mas nesse meio tempo, desaparece progressivamente com Ele também Sua proteção divina sobre Seu próprio canteiro para os seres humanos: a família. O mais grave de tudo é o abandono da família pelos clérigos católicos, deixando-a aberta a ataques por todos os lados da parte de Satanás. O mais doloroso deve ser quando o ataque vem de dentro, dos membros queridos da família. Segue abaixo um desses casos, que deve ser típico hoje em dia. Escreve um pai de família:

Com minha esposa, tivemos dez filhos, três dos quais agora são adultos, e passamos por momentos difíceis e algumas tragédias, mas agora ela declarou guerra a mim. Há mais ou menos 18 meses, com o pleno apoio de seu sacerdote Novus Ordo e de seus amigos poderosos, ela fez manobras legais para tirar-me de casa e distanciar-me das crianças. Tudo foi inacreditável e terrivelmente doloroso. O fato de a perseguição ser essencialmente religiosa se confirmou quando ela me ofereceu a opção de ficar em casa como um homem separado, morando no sótão, se eu apenas assinasse um acordo legal renunciando a qualquer direito religioso sobre a educação e a formação de meus filhos, e impedindo-nos todos de irmos a qualquer capela tradicional ou nos comunicarmos com os chamados tradicionalistas. É claro que eu não pude assinar isso, e o grupo dela passou totalmente por cima de mim e das crianças com truques legais... e perdi tudo: esposa, casa, filhos, dinheiro, carro, seguro de saúde e quase todo o meu negócio. Como meus filhos eram fortes na fé, e não cediam ao comportamento bizarro e errado da mãe e preferiam ficar com o pai, ela conseguiu uma equipe de "terapeutas" para "lavar" seus cérebros e fazer com que voltassem a ser "normais", e ela os levou para as escolas do Novus Ordo, e os forçou a assistir à Missa Novus Ordo com ela.

Já faz mais de um ano desde a última vez que vi meus filhos pequenos. O mais novo agora tem quase 3 anos, e as outras crianças mais jovens têm entre 18 a 24 meses de diferença até os 16 anos. Não tenho como saber o que está acontecendo com eles e se eles estão mantendo a fé, porque não lhes é permitido ver ou ouvir ninguém além dos liberais do Novus Ordo. Os três mais velhos, agora adultos, conseguiram comunicar-se comigo e permanecer o mais próximo possível. O mais velho, que já estava em um seminário e tinha terminado filosofia, saiu, talvez pela comoção causada pela desintegração da família, mas mantém sua fé intacta, frequenta a missa quase todos os dias e trabalha bem no mundo. Infelizmente, o nº 2 engoliu o veneno de que a universidade é a única maneira de ganhar a vida no futuro. O terceiro agora está debatendo a ideia de ir para a universidade, mas não perdeu de vista a Vontade de Deus.

Posso ver que Deus tem um plano, e que minhas próprias faltas e defeitos tiveram sua parte na ruptura. Há alguns anos um padre tradicional me disse que tínhamos uma família tão católica que o diabo seguramente nos odiava. Este é certamente um ataque furioso de Satanás para destruir a fé de meus filhos, e para levar-me ao desespero, mas minha fé continua sendo forte, e espero que por essa provação alguns de nós, muitos de nós ou todos nós nos salvemos. Ainda assim, há mais dor do que alegria em meu coração. Costumávamos ser um bom exemplo para outras famílias, mas agora somos objetos de pena e escárnio... e estou sendo responsabilizado por ser "fanático", mentalmente enfermo, inflexível, etc. Se eu não conhecesse muitas almas comprometidas com a fé verdadeira, explicando e denunciando os males atuais na Igreja e no mundo, eu teria concordado com minha esposa e seu séquito, e teria seguido com o estilo de vida fácil, cômodo e secular. Mas continuo fraquejando, e às vezes me pergunto se a Tradição não é uma loucura – como pode um grupo remanescente tão pequeno de católicos estar com a razão? No entanto, havia apenas 12 Apóstolos no princípio, e um deles era um traidor.

Essa reação de uma mãe de dez filhos não é normal, mas, hoje em dia, o que é normal? Então, como pode um pai defender sua família contra essa reação? Prevenir é melhor que remediar, diz o provérbio. Quem quer que seja o membro da família que Satanás está mirando, o Rosário da família todos os dias deve ser a primeira linha de defesa. Além disso, "o que não pode ser curado, deve ser suportado", como esse pai católico percebe. Devemos confiar em Deus.

Kyrie eleison.