segunda-feira, setembro 30, 2019

Comentários Eleison: Rosmersholm de Ibsen

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 Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXXVII (637) - (28 de setembro de 2019)




ROSMERSHOLM de IBSEN


Os modernos frequentemente conseguem captar a escuridão,
Mas, se perdem Cristo, não têm luz então.

Henrik Ibsen (1828–1906) foi um famoso dramaturgo norueguês, a quem frequentemente se atribui o mérito de ser o pai mundial da dramaturgia moderna. Ele não era católico, mas disse uma grande verdade, e Santo Agostinho disse uma vez que toda a verdade pertence aos católicos (porque seu Deus é "o Caminho, a Verdade e a Vida"). Por essa razão, os católicos podem, às vezes, apreciar melhor do que os não católicos as verdades que os não católicos estão dizendo. A grande verdade de Ibsen é que, mesmo na estreita e hipócrita Noruega do final do século XIX, onde a vida e a alegria são sufocadas sob o peso das tradições moribundas, o espírito humano ainda se levanta em protesto, e prefere inclusive a morte à existência aprisionada em uma aparente falta de liberdade ou de significado.

Ilustremos esse protesto com um grupo de três peças de teatro posteriores de Ibsen, nas quais ele passou do drama da sociedade moderna para o drama de pessoas individuais. Rosmersholm (1886) termina com o suicídio conjunto do herói e de sua amada. Solness, O Construtor (1892) termina com o herói caindo para a morte de uma torre alta, cuja intenção de escalar era primeiramente suicida. John Gabriel Borkman (1896) termina com a morte do herói pelo frio em uma escalada virtualmente suicida pela ladeira gelada de uma montanha. Mas em cada caso o herói lutava pela liberdade do espírito humano contra um mundo que sufocava esse espírito. Vamos dar uma olhada particularmente em Rosmersholm, cuja adaptação foi encenada recentemente em Londres com grande sucesso. Ibsen vive!

Todo drama precisa de um choque dramático, e o choque em Rosmersholm está entre, por um lado, o velho mundo da família Rosmer e o lar, distinguido durante os últimos 200 anos por seus soldados e pastores que deram o exemplo e lideraram toda a região, e, por outro lado, o emergente novo mundo de emancipação e liberdade de todos esses valores antigos. A figura central da peça é o último descendente da nobre família, John Rosmer, antigo pastor, mas que perdeu a fé cristã e agora está dividido entre os dois mundos. De um lado está o Dr. Kroll, um conservador de coração frio que tenta salvar a Noruega do liberalismo invasor, mas cuja esposa e cujos filhos estão tornando-se liberais. Do outro lado está o editor do jornal radical local, Mortensgaard, que é no mínimo tão desprestigiado quanto Kroll em suas tentativas de trazer Rosmer para o seu lado. O próprio Rosmer foi, na teoria, conquistado para o novo mundo de alegria e liberdade pela encantadora jovem Rebekka West, sua companheira platônica durante vários anos.

O drama chega ao seu ponto culminante quando Rosmer conta a Kroll sobre sua perda de fé e sua intenção de lutar em público pelos liberais. Kroll entra em ação, por meios justos ou sujos, para impedir que Rosmer empreste sua pessoa e seu prestígio à podridão. Sob pressão de Kroll, Rebekka percebe que, em sua luta para libertar Rosmer de suas origens nobres, mas sufocantes, é na realidade esse passado, Rosmersholm, que a venceu. No final, a única maneira de John e Rebekka alcançarem tanto a nova liberdade como a antiga nobreza é se jogando juntos do moinho de água de Rosmersholm. Em outras palavras, diz Ibsen, a velha nobreza não tem alegria, o novo conservadorismo não tem coração, e a nova emancipação não é melhor. Resta apenas a morte como saída, aparentemente a única afirmação possível para o casal preso.

Isso tudo é uma bobagem sombria, imprópria para os católicos de hoje? Não. É um retrato realista do nosso mundo. Quando a fé morre, como acontece com Rosmer e com bilhões de almas hoje em dia, então o conservadorismo (Kroll), em última análise, não conserva nada, a esquerda (Mortensgaard) é tão boa quanto jogar gasolina ateia em um fogo ateu, a emancipação (Rebekka) carece de resistência, e o desejo liberal de morte assume o controle. Se se deseja ter vida, e tê-la com mais abundância (Jo. X, 10), Rosmer deve reviver em si mesmo a fé de seus antepassados verdadeiramente nobres, o que significa que ele deve retroceder para além do melhor de seus antepassados protestantes até os católicos que fizeram a Noruega cristã. Que Rosmer se converta em um verdadeiro católico, e então Kroll, Mortensgaard e Rebekka poderão ver a verdadeira solução, e toda a região poderá iluminar-se novamente com a luz de Cristo.

Kyrie eleison.

segunda-feira, setembro 23, 2019

Comentários Eleison: Família Sob Ataque

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 Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXXVI (636) - (21 de setembro de 2019)



Família Sob Ataque



O Rosário em família é a arma principal,
Para proteger a família de danos indesejáveis.

À medida que o mundo vira cada vez mais as costas para Deus, este vai gentilmente, nesse momento, retirando-se. Ele voltará com força, podem esperar! Mas nesse meio tempo, desaparece progressivamente com Ele também Sua proteção divina sobre Seu próprio canteiro para os seres humanos: a família. O mais grave de tudo é o abandono da família pelos clérigos católicos, deixando-a aberta a ataques por todos os lados da parte de Satanás. O mais doloroso deve ser quando o ataque vem de dentro, dos membros queridos da família. Segue abaixo um desses casos, que deve ser típico hoje em dia. Escreve um pai de família:

Com minha esposa, tivemos dez filhos, três dos quais agora são adultos, e passamos por momentos difíceis e algumas tragédias, mas agora ela declarou guerra a mim. Há mais ou menos 18 meses, com o pleno apoio de seu sacerdote Novus Ordo e de seus amigos poderosos, ela fez manobras legais para tirar-me de casa e distanciar-me das crianças. Tudo foi inacreditável e terrivelmente doloroso. O fato de a perseguição ser essencialmente religiosa se confirmou quando ela me ofereceu a opção de ficar em casa como um homem separado, morando no sótão, se eu apenas assinasse um acordo legal renunciando a qualquer direito religioso sobre a educação e a formação de meus filhos, e impedindo-nos todos de irmos a qualquer capela tradicional ou nos comunicarmos com os chamados tradicionalistas. É claro que eu não pude assinar isso, e o grupo dela passou totalmente por cima de mim e das crianças com truques legais... e perdi tudo: esposa, casa, filhos, dinheiro, carro, seguro de saúde e quase todo o meu negócio. Como meus filhos eram fortes na fé, e não cediam ao comportamento bizarro e errado da mãe e preferiam ficar com o pai, ela conseguiu uma equipe de "terapeutas" para "lavar" seus cérebros e fazer com que voltassem a ser "normais", e ela os levou para as escolas do Novus Ordo, e os forçou a assistir à Missa Novus Ordo com ela.

Já faz mais de um ano desde a última vez que vi meus filhos pequenos. O mais novo agora tem quase 3 anos, e as outras crianças mais jovens têm entre 18 a 24 meses de diferença até os 16 anos. Não tenho como saber o que está acontecendo com eles e se eles estão mantendo a fé, porque não lhes é permitido ver ou ouvir ninguém além dos liberais do Novus Ordo. Os três mais velhos, agora adultos, conseguiram comunicar-se comigo e permanecer o mais próximo possível. O mais velho, que já estava em um seminário e tinha terminado filosofia, saiu, talvez pela comoção causada pela desintegração da família, mas mantém sua fé intacta, frequenta a missa quase todos os dias e trabalha bem no mundo. Infelizmente, o nº 2 engoliu o veneno de que a universidade é a única maneira de ganhar a vida no futuro. O terceiro agora está debatendo a ideia de ir para a universidade, mas não perdeu de vista a Vontade de Deus.

Posso ver que Deus tem um plano, e que minhas próprias faltas e defeitos tiveram sua parte na ruptura. Há alguns anos um padre tradicional me disse que tínhamos uma família tão católica que o diabo seguramente nos odiava. Este é certamente um ataque furioso de Satanás para destruir a fé de meus filhos, e para levar-me ao desespero, mas minha fé continua sendo forte, e espero que por essa provação alguns de nós, muitos de nós ou todos nós nos salvemos. Ainda assim, há mais dor do que alegria em meu coração. Costumávamos ser um bom exemplo para outras famílias, mas agora somos objetos de pena e escárnio... e estou sendo responsabilizado por ser "fanático", mentalmente enfermo, inflexível, etc. Se eu não conhecesse muitas almas comprometidas com a fé verdadeira, explicando e denunciando os males atuais na Igreja e no mundo, eu teria concordado com minha esposa e seu séquito, e teria seguido com o estilo de vida fácil, cômodo e secular. Mas continuo fraquejando, e às vezes me pergunto se a Tradição não é uma loucura – como pode um grupo remanescente tão pequeno de católicos estar com a razão? No entanto, havia apenas 12 Apóstolos no princípio, e um deles era um traidor.

Essa reação de uma mãe de dez filhos não é normal, mas, hoje em dia, o que é normal? Então, como pode um pai defender sua família contra essa reação? Prevenir é melhor que remediar, diz o provérbio. Quem quer que seja o membro da família que Satanás está mirando, o Rosário da família todos os dias deve ser a primeira linha de defesa. Além disso, "o que não pode ser curado, deve ser suportado", como esse pai católico percebe. Devemos confiar em Deus.

Kyrie eleison.

terça-feira, setembro 17, 2019

Comentários Eleison: Racismo Branco? - II

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXXV (635) - (14 de setembro de 2019)


RACISMO BRANCO? – II


A raça branca deve retornar a Deus, ou perecerá em sua apostasia.
Ele não está ultrapassado nem é mera fantasia!

Acompanhando estes "Comentários" da semana passada, um leitor observou que o título deveria ter sido "Racismo antibranco". Ele está evidentemente certo, no sentido de que o antagonismo está partindo hoje muito mais dos não brancos para os brancos do que dos brancos para os não brancos; mas o que importa para todos nós é aliviar o antagonismo, seguindo qualquer direção racial, entendendo o que está por trás dele. Em última instância, são os liberais que atualmente dirigem o mundo que querem expulsar o Deus Todo-Poderoso de Sua Criação para que eles possam tomar o Seu lugar. Como bons "liberais", eles querem, sobretudo, a liberdade em relação a Deus. De que serve a liberdade de qualquer coisa ou de qualquer pessoa, se não estiver livre de Deus e de Seus Dez Mandamentos?

Ora, quando Deus encarnou, a religião que Seu Filho instituiu espalhou a Cristandade por todo o mundo, onde, nas palavras de São Paulo, todos os que são batizados em Cristo se revestiram de Cristo, de tal modo que “Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, nem homem nem mulher, porque todos vós sois um só em Jesus Cristo” (Gal. III, 27–29; Col. III, 11). Essa doutrina significa que, onde o cristianismo prevalece, antagonismos tais como o "antissemitismo", o "racismo" e o "feminismo" tendem a dissolverem-se, porque todos estão submersos no batismo em Cristo. Mas e se os homens rejeitam Cristo? Não voltarão para a superfície todos os antagonismos entre judeus e não judeus, entre não brancos e brancos, entre homens e mulheres?

Eles voltarão, e serão piores depois da Cristandade do que eram antes, porque o cristianismo permitiu aos homens conhecerem a Deus como eles nunca haviam conhecido antes, e conhecerem também a igualdade absoluta de todos os homens perante Deus, uma igualdade que pertence à eternidade, que diminui as múltiplas desigualdades entre os homens nesta curta vida na terra. Antes da Cristandade, os homens aceitavam naturalmente essas desigualdades como sendo parte da vida contra a qual era tolice protestar – as desigualdades estavam simplesmente ali. Sob a Cristandade, a humanidade aprendeu a ser consolada pelas desigualdades, que ainda existem, pela suprema igualdade da eternidade. Mas depois da Cristandade, a fé cristã, Cristo, o céu e a eternidade se foram, de modo que as desigualdades desta vida, que não desapareceram, são sentidas mais intensamente do que nunca.

Com efeito, os liberais, fazendo o melhor que podem para acabarem com a Cristandade, conservaram dela alguns traços, como o da suprema igualdade entre todos os homens, mesmo tendo se desfeito do Deus em quem essa igualdade se fundou. Portanto, a igualdade da eternidade deve agora ser comprimida entre dez e setenta anos. É como tentar enfiar um litro de líquido em uma pequena caneca. Não acontecerá. Mas eles farão de tudo para que isto ocorra. E aqui está o motivo pelo qual os liberais estão sempre lutando contra a realidade. Eles são pós-cristãos que tentam encaixar numa vida curta alguns ideais de Cristo que têm dimensões de eternidade. Eles sentem falta da Cristandade, mas não querem Cristo; por isso, se esforçam obstinadamente para recriar a Cristandade sem Cristo, uma empresa fadada ao fracasso. Mas eles voltarão a Cristo? Nunca! "Liberdade, Igualdade, Fraternidade!"

Assim, a liberdade cristã em relação ao pecado, para o Céu, deve ser transformada em liberdade em relação a qualquer opressão terrena, real ou imaginada, liberdade para a Revolução; a igualdade cristã diante de Deus, para a eternidade, deve ser transformada no nivelamento de todas as superioridades reais da terra, que não desaparecerão, por mais que os liberais se esforcem; e, por último, a fraternidade em Cristo, a verdadeira fraternidade de todos os homens como filhos do único e verdadeiro Deus, deve ser substituída pela associação artificial de todos os homens em instituições como as Nações Unidas, que só podem fracassar.

Concluindo, a raça branca recebeu de Deus dons especiais, naturais e sobrenaturais, para levar Cristo e Sua Igreja para toda a humanidade. Sempre que fazia isso, toda a humanidade se beneficiava, e os homens em todo o mundo se encaminhavam para o Céu, sem ressentimentos e com muita gratidão pela raça que estava abrindo seu caminho para o Céu. Mas quando essa raça deixou de servir a essa função, o resto da humanidade se sentiu instintivamente traída, e o "racismo" se desencadeou, como nunca antes. Brancos, se vocês não gostam de racismo antibranco, rezem o Rosário: 15 Mistérios por dia.

Kyrie eleison.

domingo, setembro 08, 2019

Comentários Eleison: Racismo Branco? - I

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 Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXIX (634) - (7 de setembro de 2019)



RACISMO BRANCO? – I


Homens gentios brancos, a resposta em vocês reside:
Deus lhes deu trabalho para fazer, por toda a humanidade!

A raça dos homens brancos, como são chamados, dispersa por toda a face da terra, mas especialmente concentrada na Europa, está sofrendo atualmente desprezo e perseguição em toda a face da terra. E de quem é a culpa? A culpa é principalmente dos próprios brancos, ou europeus.

O "racismo", como é chamado, ou o antagonismo entre as diversas raças humanas, é sem dúvida um problema humano, que desperta todo tipo de paixões humanas, e assim como todos os problemas verdadeiramente humanos que não são apenas problemas materiais ou mecânicos, tem necessariamente uma dimensão religiosa. Atualmente, a última direção para a qual os homens se voltam para resolver um problema humano é Deus, e, no entanto, Deus será a verdadeira solução. Mas como os homens não se voltam para Deus, então os problemas permanecem basicamente insolúveis, e o mundo de hoje está em um caos cada vez maior. Então, como é que voltar-se para Deus resolve o problema atual do "racismo"?

É Deus, e somente Deus, quem cria a alma de cada um dos homens que já viveram, e Ele as cria com uma grande variedade, para compor o que para Ele é a sinfonia da humanidade. Ora, Ele cria os indivíduos com dons naturais imensamente diferentes, como todo pai deve reconhecer quando observa quão completamente diferentes são os dons, o temperamento e o caráter de seus próprios filhos – nunca há dois iguais. E foram os mesmos pais que criaram essa variedade? Obviamente não. A única decisão natural que os pais tiveram foi a de terem um filho (abortar este ou aquele filho no útero é uma decisão altamente antinatural). Deus fez o resto. Ora, a variedade que vem de Deus inclui claramente a desigualdade. Por exemplo, os pais são obrigados a reconhecer a absoluta desigualdade dos dons entre seus próprios filhos: alguns podem ser muito mais dotados que outros. Pode ser que os pais não tenham desejado essa desigualdade, mas poderiam ter feito algo a respeito? Obviamente não. É Deus quem decide – naturalmente – até o sexo de seus filhos.

Essa desigualdade de dons também não é injusta, porque os filhos realmente privilegiados são aqueles que chegarão ao Céu por meio de dons sobrenaturais, que exigem que a própria criança coopere com a graça de Deus, e essa cooperação não tem nada que ver necessariamente com os dons naturais. Alguém disse que o inferno está cheio de talentos, enquanto o Céu está cheio de virtudes. Ademais, os dons que Deus dá a uma criança correspondem obviamente à parte que Deus quer que ela desempenhe na sinfonia da humanidade. A criança deve fazer aquilo para o que é dotada.

Ora, assim como com os indivíduos, o mesmo acontece com as famílias, as cidades, as províncias, as nações e as raças. As famílias são diferentes entre si, e desiguais. As cidades, as províncias, as nações e as raças são todas diferentes e desiguais, e em cada caso há uma mistura variada de natureza vinda de Deus e de criação vinda dos homens. Na medida em que são feitas pelos homens, a intenção de Deus em permitir essa criação é que, com seus dons variados, todos eles devam exercer a caridade e cuidem uns dos outros. Por exemplo, que esta cidade ajude sua vizinha inundada, que esta província sustente os artistas, que esta nação lidere o mundo, que esta raça sirva à Igreja. Ora, não está claro que por muitos séculos de história a raça branca teve, ainda que não exclusivamente, dons naturais e sobrenaturais especiais de Deus para servi-Lo, e para estender Sua Igreja para todo o mundo? Isso tampouco é injusto, porque o uso que os brancos fazem desses dons depende deles mesmos. Eles têm livre-arbítrio para usar ou abusar de seus dons, mas, de qualquer forma, têm uma missão de Deus. Se eles fazem o uso correto desses dons, beneficiarão o mundo inteiro. Se eles abusam desses dons, Deus os punirá especialmente.

E o que os brancos estão hoje fazendo desses dons que Deus lhes deu? Eles não se têm afastado d’Ele lenta, mas constantemente, durante muitas centenas de anos? E não estão agora orgulhosos de seu ateísmo? Será então surpreendente que Deus faça uso de todas as outras raças, nações, etc., para castigar os brancos deixando-os serem desprezados e perseguidos pelo resto da humanidade? Na visão de Deus, os homens apóstatas não traíram as mulheres que deveriam guiar (para o céu); os brancos apóstatas não traíram todas as outras raças; os gentios apóstatas não traíram finalmente os judeus por meio do Vaticano II...? Então, quem ainda deveria surpreender-se com a atual fúria do "feminismo", do "racismo" e do "antissemitismo"?

Kyrie eleison.

terça-feira, setembro 03, 2019

Comentários Eleison: "Pós-modernidade"? - II

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXXIII (633) - (31 de agosto de 2019)



“PÓS-MODERNIDADE”? – II


Deus nos dá liberdade, faculdade do livre-arbítrio,
Mas não o direito de escolher entre o bem e o mal.

Sob o risco de cansar os leitores com variações sobre o tema da Verdade, estes "Comentários" farão mais comentários sobre o resumo do livro Culture as religion; the post-modern interpretation of the relationship between culture and religion de Wojcieck Niemczewski, citado aqui na semana passada. Porque em verdade devemos salvar nossas almas, e um grave perigo no caminho para salvarmos nossas almas é o enceguecimento de nossa faculdade mais elevada, que é a nossa mente, sobre a qual se segue imediatamente a corrupção de nossos corações. E o perigo mais profundo para nossas mentes hoje em dia é a suposição universal de que as ideias não importam, que a verdade não é importante. Vejam como o Vaticano II preferiu a modernidade ao catolicismo fiel, especialmente no documento conciliar Gaudium et Spes, e depois como a Fraternidade Sacerdotal São Pio X preferiu os romanos conciliares ao seu fiel fundador, e, em cada caso, como a grande maioria dos sacerdotes e dos leigos seguiram a corrente.

Vamos começar colocando em ordem os pensamentos de Niemczewski, para ver de onde vem e para onde vai: 1 Não há um Deus objetivo, porque "Deus" é a fabricação subjetiva dentro de cada um de nós. 2 Portanto, as antigas “verdades” da religião e da filosofia de ontem não têm mais fundamento. 3 Além disso, elas não se encaixam mais no mundo real de hoje, que está mudando em todos os âmbitos, e mais rápido do que nunca. 4 Pior ainda, elas estão bloqueando o progresso moderno, ou a “cultura da escolha” que nos permite adaptar-nos às mudanças, e que garante a liberdade de cada um de nós para construir seu próprio modo de vida. 5 Para permanecer adaptável à modernidade, o homem pós-moderno deve aceitar essa “cultura da escolha” não universal e não obrigatória que não impõe ao homem nem normas nem nenhum ser superior a ele. 6 Como conclusão, a verdade deve dar lugar à liberdade, a religião à cultura, e a direção à deriva. 7 Abaixo a verdade; viva a "cultura da escolha"!

Infelizmente para o homem pós-moderno, existe uma realidade fora de sua mente, tão próxima a ele quanto seus próprios braços e pernas, e essa realidade extramental tem leis próprias, que não são de modo algum dependentes de sua mente. Por exemplo, se ele tiver dor de dente, terá que ir ao dentista e não ao peixeiro. E essas leis não são somente físicas, mas também morais. Por exemplo, se uma menina pobre realiza um aborto, ela não será capaz de desfazer-se de suas dores de consciência, por mais que ela o queira. O livre-arbítrio de cada um de nós, seres humanos, é inquestionavelmente livre – daí a possibilidade da “cultura da escolha” de Niemczewski –, mas essa cultura da escolha só pode funcionar dentro, e não fora, do contexto estruturado das leis da realidade extramental, físicas e morais. Assim, sou livre para escolher para toda a minha eternidade o Céu ou o Inferno, mas não sou livre para escolher romper seriamente a lei moral e ainda assim ir para o Céu.

Os antigos gregos, no seu apogeu, precederam a Encarnação de Nosso Senhor por séculos, de modo que não tinham nenhum benefício da graça sobrenatural ou iluminação. Mas, naturalmente, eles observaram – não inventaram – as graves e inevitáveis ​​consequências de os seres humanos terem se levantado contra a estrutura moral da vida humana, e deram a isso um nome: “húbris”, que hoje chamaríamos "orgulho". Assim, a apresentação de Niemczewski da "cultura da escolha" começa por negar a Deus e termina por desafiá-lo, mas, embora ela possa inclinar as mentes dos homens em favor de sua "cultura", é incapaz de modificar a Existência eterna e inefável de Deus, ou a necessidade eterna e absoluta da Verdade. Por exemplo, se se afirma que não existe algo como a verdade, então pelo menos esta opinião seria uma verdade. Portanto, ao negar todo ou qualquer dogma, ninguém é tão dogmático quanto os maçons, e, em seu enfraquecimento subjetivo de toda a doutrina, ninguém é tão doutrinário quanto os modernistas e os neomodernistas.

Em suma, um homem como Niemczewski se recusa a reconhecer que em torno da esfera de escolha da humanidade há um anel de realidade que não é da escolha do homem. Os clérigos do Vaticano II se recusam a reconhecer que o Depósito da Fé não pode ser modernizado. E os líderes da Neofraternidade Sacerdotal São Pio X recusam-se a reconhecer que os romanos conciliares são mercadores de fantasia. A "cultura da escolha" terminará custando caro para todos eles. Pode custar-lhes a eternidade se não conseguirem recobrar seus sentidos católicos.


Kyrie eleison.