segunda-feira, julho 31, 2017

Comentários Eleison: Consagração de Fátima - I

Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXXIV (524) (29 de julho de 2017)


 CONSAGRAÇÃO DE FÁTIMA – I


Quando os homens modernos de Deus se afastaram,
A Nossa Senhora, que tentou ajudar, eles desprezaram.

Quando no último mês de maio quatro bispos em Vienna, Virgínia, nos Estados Unidos, fizeram o que puderam para consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Maria, eles usaram uma fórmula para a Consagração nunca usada antes, e que era um pouco diferente das fórmulas usuais. Ela incluía uma breve história do pedido pela Consagração feito por Nossa Senhora, mostrando como os líderes da Igreja falharam, e ainda estão falhando, para responder adequadamente à simples solução do Céu para os problemas sem precedentes da Igreja e do mundo de hoje. O propósito do uso de tal fórmula foi ajudar a todos a perceberem que esses problemas, de outro modo insolúveis, são culpa não de Deus Todo-Poderoso, mas da falta de fé por parte dos homens de Sua Igreja. Eles devem fazer o que Nossa Senhora lhes pediu, apesar do que o Vaticano II os faça querer fazer. Que desastres serão necessários para fazê-los finalmente fazer o que Ela quer, para salvar-nos todos? Aqui está a primeira metade da Consagração realizada na Virgínia:

Santíssima Mãe de Deus, Imaculado Coração de Maria, Trono de Misericórdia, Trono de Bondade, Trono do Perdão, porta segura pela qual as almas entram no Céu, vê de joelhos diante de ti quatro filhos do Arcebispo Lefebvre, quatro Bispos que se esforçam para fazer o que podem para ajudar-te a obter do Papa e dos Bispos da única Igreja verdadeira de teu Divino Filho a Consagração da Rússia ao teu Imaculado e Doloroso Coração, a única coisa que pode obter a paz para a humanidade, agora à sombra de uma terrível Terceira Guerra Mundial. Em Fátima, Portugal, cem anos atrás, tu advertiste pela primeira vez a humanidade da chegada da Segunda Guerra Mundial, da fome e de perseguições, se as pessoas não parassem de ofender a Deus. Para evitar esses desastres, tu prometeste voltar para pedir a Consagração da Rússia ao teu Imaculado Coração, e a Comunhão de Reparação dos Primeiros Sábados. Se teus pedidos fossem atendidos, a Rússia se converteria, e haveria paz. Caso contrário, os desastres seguiriam, e a Rússia espalharia seus erros por todo o mundo. Nos doze anos seguintes tu retornaste como prometeste, e fizeste o pedido duplo.

No entanto, confiando nos meios humanos para resolver os graves problemas da Igreja, os clérigos católicos não fizeram imediatamente o que pediste. Dois anos depois, o teu Divino Filho mesmo advertiu a humanidade através da Irmã Lúcia de Fátima, que, uma vez que os Seus ministros se demorassem a cumprir o Seu mandato, sofreriam graves consequências: a Rússia espalharia seus erros por todo o mundo, causando guerras e perseguições à Igreja, e o Papa sofreria muito. Ainda assim o Papa preferiu seus meios humanos de lidar com a Rússia.

Em 1936, Nosso Senhor explicou à Irmã Lúcia que a conversão da Rússia dependia da sua consagração ao teu Imaculado Coração, porque Ele queria que toda a Igreja reconhecesse que essa conversão seria um triunfo do teu Coração, de modo que a devoção ao teu Coração se situaria junto à devoção ao Seu Sagrado Coração.

Ainda assim, os clérigos hesitaram, de modo que em 1939 rompeu a terrível Segunda Guerra Mundial, e por todo o mundo o comunismo estendeu seu poder. Imediatamente após a guerra, tuas estátuas peregrinas de Fátima tiveram grande sucesso, mas ainda assim os clérigos não fariam exatamente o que tu pediste, e, em 1957, antes que Irmã Lúcia fosse silenciada pelos homens da Igreja, ela expressou tua tristeza por nem boas nem más pessoas terem dado importância à mensagem de Fátima. Tu disseste que as pessoas boas não deram atenção, enquanto que as más não se importavam. Mas tu advertiste-nos mais uma vez que um castigo terrível era iminente.

Para este castigo, vejam os "Comentários Eleison" da próxima semana.


Kyrie eleison.

segunda-feira, julho 24, 2017

Comentários Eleison: O Erro de Menzigen - III

Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXXIII (523) (22 de julho de 2017)


O ERRO DE MENZINGEN – III




Princípios belos não são suficientes:
Suas aplicações práticas podem ser muito inconvenientes!

Outro sacerdote da Fraternidade São Pio X (Pe. RP, por Relações Públicas) desceu à arena para defender a busca de seus Superiores pelo reconhecimento oficial por Roma da Fraternidade. A defesa do Pe. RP também está bem apresentada, mas ela igualmente sofre da mesma falha essencial da busca do reconhecimento que ele defende – a falta de realismo. O princípio é uma coisa, a prática é outra, mesmo que seja dirigida por princípios. Ser um mestre dos princípios não é ser um mestre da prática, e vice-versa. Deve-se destacar como a defesa do Pe. RP da busca de reconhecimento por seus Superiores começa dizendo que nesta mesma defesa ele, o Pe. RP, só está interessado nos princípios: em primeiro lugar, se alguém pode, em princípio, aceitar o reconhecimento de um modernista, e, em segundo lugar, até que ponto se pode, em princípio, colaborar com um modernista.

Para provar que se pode aceitar o reconhecimento de um Papa modernista, ele argumenta que Dom Lefebvre o procurou de Paulo VI até a morte deste último em 1978, e em 1988 ele só recusou a colaboração com João Paulo II na prática, mas não no princípio. Nem o Capítulo Geral da Fraternidade em 2012 exigiu de Bento XVI uma profissão de Fé Católica, o que fazer a qualquer momento revelaria um espírito cismático.

Mas, replicando, o confronto entre o Arcebispo e Paulo VI a partir de 1974 é bem conhecido, e por trás da recusa na prática do Protocolo de 1988 por parte do Arcebispo estavam os princípios de sua Fé. O ano de 2012 foi exatamente o momento em que a Fraternidade abandonou o Arcebispo, abandonando sua posição sobre a Fé em princípio; e quanto a um espírito cismático, quem estava na realidade em cisma – o Arcebispo ou os modernistas?

Quanto ao Papa Francisco, o Pe. RP argumenta que ele é o Papa; que a Igreja é o que não ele, mas Nosso Senhor fez dela; que a colaboração com ele é apenas como Papa católico. Mas, replicando, na vida real, como a podridão de uma maçã é e não é a maçã, então a Igreja Conciliar é e não é a Igreja. Na vida real, a Fraternidade não está tratando apenas com a Igreja Católica ou com um Papa católico, mas diretamente com a podridão conciliar.

Portanto, quando o Pe. RP, examinando em segundo lugar até onde se pode colaborar com um modernista, responde que se pode fazê-lo na medida em que é pelo bem da Igreja, ele constantemente se abstrai da realidade atual. Assim sendo:


* A Igreja é indefectível – Certo, mas os clérigos conciliares desviam-se o tempo todo.
* A Fraternidade está servindo à Igreja, não aos seus clérigos – Certo, mas é preciso passar pelos falsos clérigos.
* Uma prelatura católica não poderia ser recusada – Certo, mas não se ela é dirigida por falsos clérigos.
* O Papa apenas precisa cumprir seus termos – Certo, mas o que um pedaço de papel protege desses dirigentes?
* A autoridade do Papa vem de Deus – Certo, mas não a fim de destruir a Igreja (II Cor XIII, 10).
* A Fraternidade teve razão em aceitar a jurisdição para confissões e matrimônios – Pe. RP você está seguro disto? E se se trata apenas de um queijo em uma ratoeira?
* Uma questão tão prática como esta última pergunta sobre a nossa situação no momento “não está no poder deste artigo julgar”, responde o Pe. PR, mas a própria possibilidade de que não seja uma armadilha prova para ele que aceitar ou não o reconhecimento canônico de Roma “não deve ser julgada apenas com base na unidade da fé com o Papa”. E assim conclui que “o reconhecimento canônico deveria ser aceito se for pelo bem da Igreja, e rejeitado se não for, independentemente da fé do Papa”.

Mas Padre, pergunte a si mesmo – esta “fé” do Papa sendo o que é, poria ou não um reconhecimento canônico a Fraternidade sob superiores da Igreja oficial, ou seja, modernistas? Sim ou não? Na vida real, você realmente acha que esse Papa concederia uma prelatura que não levaria a Fraternidade ao controle de Roma? Em outras palavras, ao o controle de pessoas que já não acreditam na verdade objetiva? Há uma beleza nos princípios católicos, mas eles têm de ser aplicados em um mundo real, frequentemente bastante real.



Kyrie eleison.

Traduzido por Christoph Klug.

segunda-feira, julho 17, 2017

Comentários Eleison: O Erro de Menzigen - II

Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXXII (522) (15 de julho de 2017)


O ERRO DE MENZINGEN - II


Roma diz que a crise da Igreja não existe.
Menzingen, agora, em também cair neste erro insiste.

O problema da carta de 13 de junho do Quartel General da Fraternidade Sacerdotal São Pio X em Menzingen, na Suíça, destinada a "esclarecer as coisas sobre os matrimônios" após a proposta de Roma de 4 de abril para facilitar a integração dos matrimônios da Fraternidade na estrutura conciliar, não é um pequeno problema de meramente este ou aquele argumento ou deste ou daquele detalhe. O problema é a mentalidade totalmente conciliar dos clérigos que fazem a proposta. Nas palavras imortais de um dos três teólogos da Fraternidade, que, liderados pelo Bispo de Galarreta, enfrentaram quatro "teólogos" romanos nas "Discussões Teológicas" de 2009 a 2011, os quatro romanos estavam "mentalmente enfermos, mas têm a autoridade". Tamanha é a "enfermidade mental" (objetiva) dos romanos, que muitos católicos crentes são tentados a concluir que aqueles perderam toda a autoridade da Igreja. Infelizmente, pelo menos parecem tê-la, de modo que, em nome da "obediência", estão destruindo objetivamente a Igreja, sejam lá quais forem – Deus o sabe – suas boas intenções subjetivas.

Assim, a primeira parte importante da Carta sobre os Matrimônios de Menzingen (ver os "Comentários" da semana passada) argumentou que a proposta de 4 de abril de Roma era apenas alinhar os matrimônios da Fraternidade com a prática antiga e razoável da Igreja desde o Concílio de Trento. Sim, Menzingen, mas de que vale a lei razoável quando é aplicada por administradores "mentalmente enfermos"? Um axioma escolástico profundo diz: "Tudo o que é recebido recebe-se à maneira do receptor". A Tradição sã nas mãos de clérigos (obviamente) insanos pode tornar-se insana. Por exemplo, na terceira parte da Carta, Menzingen afirma que oficializar os matrimônios da Fraternidade os tornará mais seguros. Disseram “seguros”? Quando os juízes da Igreja atual estão transformando anulações oficiais em "divórcio católico"?

A segunda parte principal da Carta levanta oito objeções principais à proposta de Roma com o fim de refutá-las. A essência da maioria das objeções é que, no contexto, aceitar a proposta de Roma significa estar de acordo com a traição conciliar da Fé: com a teoria e prática conciliar do matrimônio (1, 2), com a condenação conciliar dos matrimônios anteriores da FSSPX (3), com o novo Código de Direito Canônico (8), e assim por diante. A resposta de Menzingen é que meramente tomada em si mesma, abstraída de seu contexto, a proposta romana não faz mais que disponibilizar aos casais da Fraternidade uma maneira extra de se casar em harmonia com a Igreja oficial. Sim, Menzingen, mas como um casamento pode ser celebrado na vida real sem um contexto? E como qualquer contexto oficial da Igreja hoje pode ser qualquer coisa além de conciliar?

A quinta objeção é um exemplo clássico do raciocínio fantasioso de Menzingen, que separa o inseparável: à objeção de que a flexibilização do acesso de Roma à oficialização dos matrimônios da Fraternidade é meramente o queijo em uma ratoeira que é a Prelatura Pessoal, Menzingen responde que "em si mesmo" queijo é apenas queijo! Menzingen até reconhece que a própria proposta de Roma menciona que é um passo no caminho para a eventual "regularização institucional" da Fraternidade; em outras palavras, que o queijo é, objetivamente, parte de uma armadilha. Sua mesma resposta é que, para evitar todas essas armadilhas, a Fraternidade teria de cortar todos os contatos com autoridades romanas, o que o Arcebispo Lefebvre disse em 1975 que nunca faria.

Sim, Menzingen, mas isso foi antes de que mais 13 anos de contatos e negociações com os romanos finalmente provassem para o Arcebispo que estes não tinham nenhuma intenção real de cuidar da Tradição. Então e somente então ele consagrou quatro bispos para cuidar da Tradição (como o fizeram até 2012), mas nunca recusou ter futuros contatos com os romanos. Ele só disse que, doravante, a doutrina devia preceder a diplomacia, de modo que os contatos só poderiam ser retomados quando os romanos retornassem às grandes condenações papais do liberalismo e do modernismo. E desde 1988? Menzingen finge que Roma mudou para melhor, de modo que uma armadilha não é mais uma armadilha! Ah, Menzingen! Você contraiu a "enfermidade mental" dos romanos!


Kyrie eleison.

segunda-feira, julho 10, 2017

Comentários Eleison: O Erro de Menzigen - I

Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXXI (521) (8 de julho de 2017)


O ERRO DE MENZINGEN - I


Os liberais são lobos, e os lobos só morder podem:
Estão certos os católicos que por afastar-se decidem!

Nem todos os leitores desses "Comentários" apreciam seu retorno regular ao que pode parecer ser simples "disputa entre sacerdotes", mas que esses leitores recordem – ou aprendam – que a Igreja Católica existe como o único meio de salvar almas para o Céu eterno, enquanto que o Diabo existe como um agente de primeira classe para enviar almas para o inferno eterno. Se então Nosso Senhor escolhe os sacerdotes para serem agentes de Sua Igreja, o Diabo os atacará, e um dos melhores meios para atacar sacerdotes é através de outros sacerdotes. Na verdade, facilmente a maioria dos heresiarcas da Igreja foram sacerdotes, por exemplo o bispo Nestor e o padre Martinho Lutero. As "disputas entre sacerdotes" não são importantes somente se ninguém mais quiser ir para o céu, mas então o diabo terá realmente vencido!

Então, vejamos o documento de vinte páginas divulgado em 13 de junho pelos sacerdotes do QG da FSSPX em Menzingen, na Suíça, para defender seu agradecimento à Roma conciliar pelo documento de 4 de abril, que propôs participação mais ou menos próxima dos clérigos conciliares na celebração dos matrimônios por parte da FSSPX. A Carta para Esclarecer e Retificar as Questões de Matrimônio de Menzingen é bem preparada e bastante persuasiva se não notar-se a falácia do apelo especial, mas sofre o defeito incapacitante dos atuais líderes da Fraternidade em Menzingen, a saber, confunde as aparências conciliares com a substância católica. Nas palavras, a "Carta" condena repetidamente os erros conciliares em geral e o do matrimônio em particular, mas em ação trata os clérigos conciliares como se fossem clérigos católicos normais, quando, na realidade, eles são clérigos profundamente anormais – são modernistas. Nas palavras de São Paulo para os últimos tempos, eles têm "uma aparência de piedade, porém não tendo a realidade" (II Tim. III, 5). E ele acrescenta: "Foge também destes".

Assim, toda a primeira parte da Carta apresenta a participação do bispo diocesano ou do pároco ou de seu delegado ao testemunhar matrimônios católicos para assegurar sua validade, como uma prática clássica da Igreja e parte de sua lei desde o Concílio de Trento. Quem discute isso? Mas a aplicação desta lei tem estado desde o Vaticano II nas mãos dos clérigos que têm uma visão cada vez mais anormal do matrimônio católico. A Igreja hoje não está mais em tempos normais! Menzingen não percebeu? Ou escolheu não perceber mais? Demorou alguns séculos para o protestantismo romper o domínio universal da Igreja Católica. Demorou outros séculos mais para o liberalismo avançar para dentro da hierarquia da Igreja, mas uma vez que Deus permitiu, como um castigo justo, que prevalecessem as eleições de João XXIII e Paulo VI, então a mais alta autoridade católica se tornou liberal, e desde então nunca foi tão fácil para todos os católicos sob essa autoridade convencerem-se, mesmo com sinceridade, de que continuam sendo católicos mesmo quando estão destruindo a Igreja.

Quando, em 1987, Dom Lefebvre chamou os clérigos conciliares "anticristos" (Carta a quatro futuros bispos), ele estava passando por cima da possível sinceridade subjetiva deles e sustentando firmemente sua destrutividade objetiva inegável. Quando, em 2017, Menzingen destaca a normalidade da participação dos Superiores hierárquicos nos matrimônios católicos, está dando como certa a sinceridade dos hierarcas, e passa por cima de seu liberalismo ruinoso. Mas eles permanecem sendo liberais, com um conceito de matrimônio que inclui as anulações fáceis, e assim por diante. Se uma vez eles colocaram o pé na porta dos matrimônios tradicionais, o que os impede amanhã ou um dia depois até de aplicar a lei tradicional da Igreja de acordo com sua ideia "renovada" de matrimônio? Na verdade, como eles não aplicariam, amanhã ou um dia depois, suas próprias convicções sinceras?

Durante décadas, desde o Vaticano II, conforme os católicos iam percebendo o que estava acontecendo com a Igreja e se tornavam "tradicionalistas", então eles iam se distanciando das autoridades oficiais da Igreja. Sem necessariamente agir com falta de cortesia ou de respeito, eles se afastaram para proteger a Fé e a moral católicas. Agora Menzingen está se aproximando dessas autoridades e querendo que todos os Tradicionalistas o sigam! Menzingen esqueceu a famosa citação de Eneida de Virgílio: "Seja como for, temo os gregos, mesmo quando eles trazem presentes". Menzingen confia nos gregos!

Kyrie eleison.

segunda-feira, julho 03, 2017

Comentários Eleison: Antecedentes do Matrimônio

Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXX (520) (1º de julho de 2017)


ANTECEDENTES DO MATRIMÔNIO


Elias obrigou os Israelitas a escolher.
O Concílio ou o Deus verdadeiro – qual recusarei?

Em razão do pecado original, não é fácil manter um homem e uma mulher unidos no casamento até que a morte os separe, mas este foi o projeto original de Deus para os seres humanos desde o início da Criação, o qual permanece. No entanto, no momento em que Ele instituiu a Lei do Antigo Testamento através de Moisés, teve de fazer certa reserva para o divórcio, "por causa da dureza dos corações dos homens" (Mt. XIX, 7-8). Mas não era assim que Deus queria que o casamento fosse, e, então, quando Nosso Divino Senhor instituiu o Novo Testamento, por um lado aboliu todo o divórcio, enquanto, por outro lado, fez do casamento um dos sete canais especiais da graça santificadora, um dos sacramentos sobrenaturais, para que todas as almas que entram em Sua Igreja tenham acesso a uma ajuda sobrenatural especial na união de seus casamentos.
Também não estão simplesmente o homem e a mulher envolvidos em seu casamento. A educação adequada das crianças exige tanto o pai (biológico) quanto a mãe (biológica), e normalmente exige que os dois permaneçam juntos para fornecer um lar completo e estável. Além disso, a saúde da sociedade como um todo exige que as crianças saudáveis possam crescer como adultos saudáveis. Assim, se a cristandade já alcançou alturas sem precedentes de civilização, foi em muito devido, se pensarmos nisso, à força do casamento católico. Seguir-se-ia que o Diabo está constantemente atacando o casamento natural e católico como um meio importante para ele de quebrar a cristandade e de enviar todas as almas para o inferno.
Em nosso próprio tempo, o fracasso da cristandade pelo enfraquecimento da Igreja deu um grande passo adiante com o Vaticano II (1962-1965). Antes desse Concílio, as anulações católicas do casamento eram estritamente regulamentadas. Elas não eram divórcios, porque tinha de ser provado na frente de juizes eclesiásticos que por algum motivo sério o contrato de casamento tinha sido inválido desde o início, de modo que um casamento válido nunca tivesse ocorrido. Mas desde o Concílio, esse rigor tem vindo a abrir caminho para o laxismo, de modo que, a partir de exceções, anulações se tornaram em alguns países a regra, isto é, trata-se de "divórcio católico". Portanto, quando o Arcebispo Lefebvre fundou sua Fraternidade Sacerdotal São Pio X para resistir à decadência conduzida pelo Vaticano II, naturalmente sua Fraternidade evitou anulações fáceis e fez tudo o que pôde para ajudar os casais católicos na sociedade dissolvente de hoje a estabelecer um casamento no qual se mantivessem unidos.
Infelizmente, os sucessores do Arcebispo à frente de sua Fraternidade vêm trabalhando há 20 anos de maneira disfarçada, mas tenaz, para se juntarem à Igreja Conciliar, abandonando sua resistência ao Vaticano II. Isto significa que quando há três meses o Papa conciliar autorizou os bispos conciliares a delegar seus sacerdotes conciliares a participar ativamente dos casamentos celebrados dentro da Fraternidade, por um lado, a sede da Neo-Fraternidade saudou a decisão como um excelente presente de Roma, anunciando que esta decisão papal alteraria a prática matrimonial da Fraternidade, enquanto, por outro lado, sete sacerdotes seniores no Distrito Francês da Fraternidade protestaram publicamente contra a interferência conciliar de Roma na prática católica. A sede rebaixou prontamente todos os sete contestadores e também demitiu o autor do protesto.
Assim, a guerra entre liberalismo e catolicismo aumenta. Três dos sete contestadores mantêm sua posição. Em resumo, como um deles escreveu, qualquer bispo conciliar pode agora enviar um sacerdote a um casamento da Fraternidade – e como um tal sacerdote será enviado de volta, depois de ter sido tão bem recebido pela sede? Ou o bispo pode recusar um padre – mas isso é apenas um afortunado acidente, deixando intacto o perigoso princípio da interferência conciliar. Ou o bispo tem permissão para delegar um sacerdote da Fraternidade – mas isso é susceptível de dar origem a qualquer Priorado da Fraternidade aos casamentos tanto conciliares como não conciliares, com relações falsas, para não dizer, em guerra, entre os dois. O conciliarismo e o catolicismo não podem ser misturados nem reconciliados um com o outro.

                                                                                                                                   Kyrie eleison.