sábado, maio 31, 2014

Comentários Eleison: Infalibilidade da Igreja V

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCLIX (359) - (31 de maio de 2014): 

INFALIBILIDADE DA IGREJA V


O liberalismo é a guerra contra Deus, e é a dissolução da verdade. Dentro da Igreja de hoje por ele aleijada, o sedevacantismo é uma reação compreensível, mas que, porém, atribui à autoridade poder em demasia sobre a verdade. O mundo moderno perdeu a verdade natural, e ainda mais: perdeu também a verdade sobrenatural, e eis o coração do problema.

            Para nossos propósitos, poderíamos dividir todo o ensinamento papal em três partes. Em primeiro lugar, se o Papa ensina como Papa, sobre Fé ou moral, definitivamente e obrigando a todos os católicos, então temos seu Magistério Extraordinário (ME, para abreviar), necessariamente infalível. Em segundo lugar, se ele não emprega todas as quatro condições, mas ensina em conformidade com o que a Igreja tem ensinado sempre e em todo lugar, e imposto aos católicos para que creiam, então ele está participando do que é chamado o Magistério Ordinário Universal (MOU, para abreviar) da Igreja, também infalível. E em terceiro lugar, nós temos o restante de seu ensinamento, que, se não estiver em conformidade com a Tradição, não só é falível, como também falso.   

            A essa altura deveria estar claro que o ME está para o MOU como a cobertura de neve está para a montanha. A cobertura de neve não constitui o topo da montanha, mas simplesmente o torna mais visível. O ME está para o MOU como o servo está para o mestre. Ele existe para servir ao MOU, para tornar claro de uma vez por todas o que pertence e o que não pertence ao MOU. Mas o que faz com que o resto da montanha se torne visível, por assim dizer, é sua possibilidade de ser rastreado de volta até Nosso Senhor e Seus Apóstolos; em outras palavras, é a Tradição. Eis a razão pela qual toda definição do ME é um esforço para mostrar que o que está sendo definido sempre foi parte da Tradição. Era a montanha antes de ser coberta pela neve. 

            A essa altura também deveria estar claro que a Tradição diz aos Papas o que ensinar, e não o contrário. Essa é a base sobre a qual Monsenhor Lefebvre fundou o movimento Tradicional, mas é essa mesma base que, com todo o devido respeito, os liberais e os sedevacantistas não conseguem compreender. Basta ver no Evangelho de São João como frequentemente Nosso Senhor mesmo, como homem, declara que o que Ele está ensinando vem não Dele mesmo, mas de Seu Pai. Por exemplo: “Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou” (7, 16), ou, “Eu não falei de mim mesmo, mas o Pai que me enviou, ele mesmo me prescreveu o que devo dizer e o que devo ensinar” (12, 49). É claro que ninguém na Terra está mais autorizado que o Papa para dizer à Igreja e ao mundo o que está na Tradição, mas ele não pode dizer à Igreja ou ao mundo que há na Tradição o que em verdade não há. O que há na Tradição é objetivo, agora com 2.000 anos de idade, está acima do Papa e estabelece limites ao que um Papa possa ensinar, tal como os mandamentos do Pai define os limites para o que Cristo como homem, ensinaria.
           
            Então, como podem os liberais e os sedevacantistas alegarem de modo semelhante, com efeito, que o Papa é infalível mesmo fora do ME e do MOU? Pois ambos superestimam a autoridade em relação à verdade, e assim eles vêem a autoridade da Igreja não mais como a serva, mas como a dona da verdade. E por que isso? Porque ambos são filhos do mundo moderno, onde o Protestantismo desafiou a Verdade e o liberalismo desde a Revolução Francesa tem dissolvido a verdade objetiva. E se não há mais qualquer verdade objetiva, então é claro que a autoridade pode dizer qualquer coisa que possa fugir a ela, que é o que temos observado em torno de nós, e não há nada que possa impedir um Paulo VI ou um Dom Fellay de se tornar mais e mais arbitrário e tirano no processo.   

            Mãe de Deus, fazei com que eu possa amar, discernir e defender essa Verdade e essa ordem que vêm do Pai, ambas sobrenaturais e naturais, às quais Seu próprio Filho estava sujeito como homem, “até a morte, e morte de cruz”.

Kyrie eleison.


A profunda perda da verdade objetiva explica, ora veja,
As dificuldades sedevacantistas e liberais da Igreja.



sábado, maio 24, 2014

Comentários Eleison: Infalibilidade da Igreja IV

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCLVIII (358) - (24 de maio de 2014): 


INFALIBILIDADE DA IGREJA IV


            Ao Cardeal Newman é atribuído um sábio comentário a respeito da definição de 1870 sobre a Infalibilidade Papal: “ela o deixa como o encontrou”. De fato, essa definição não alterou em nada o poder do Papa para ensinar infalivelmente, pois é da natureza da verdadeira Igreja de Deus que o próprio Deus a protegerá do erro, ao menos quando sua suprema autoridade ensinante estiver comprometida. Todo esse compromisso é atualmente chamado de “Magistério Extraordinário” da Igreja, mas só esse nome foi uma novidade em 1870, bem como o nome “Magistério Ordinário Universal”. Se o Vaticano I declarou que este último também fosse infalível, deveria igualmente ter sido assim desde o início da Igreja. Para discernir as realidades por trás dos nomes, vamos voltar a esse início.

            No tempo em que Nosso Senhor ascendeu ao Céu, Ele tinha, com Sua divina infalibilidade, confiado a seus Apóstolos um corpo de doutrina que deveria ser transmitido intacto à Sua Igreja até o fim do mundo (Mt 28, 19-20), doutrina que todas as almas deveriam crer sob pena de condenação (Mc 16, 15-16). Esse Depósito da Fé, ou Revelação pública, Deus determinou que se tornasse reconhecível e acessível às almas de boa vontade, pois obviamente o verdadeiro Deus nunca poderia condenar eternamente uma alma por se recusar a crer em uma mentira. Logo após a morte do último Apóstolo, esse Depósito já não só era infalível, como também estava completo.

            Então, do tempo dos Apóstolos em diante, deveria Deus sempre proteger todos os homens para que jamais ensinassem o erro? De modo algum. Nosso Senhor alertou-nos sobre os “falsos profetas” (Mt 7, 15), e São Paulo, da mesma forma, alertou-nos contra os “lobos arrebatadores” (At 20, 29-20). Mas como poderia Deus permitir que houvesse tal perigo, como esse dos pastores imbuídos do erro, para Seus cordeiros? É assim porque Ele não quer para o Seu Céu nem pastores robôs e nem cordeiros robôs, mas pastores e cordeiros que deverão ter usado o livre-arbítrio que Ele lhes deu para ensinar ou seguir a Verdade. E se muitos pastores O traem, Ele pode sempre fazer surgir, por exemplo,  um Santo Atanásio ou um Monsenhor Lefebvre para assegurar que Sua Verdade infalível permaneça sempre acessível às almas.

            Não obstante, esse Depósito estará incessantemente exposto aos lobos arrebatadores que tentam acrescentar-lhe erros ou dele subtrair verdades. Como, então, Deus continuará a protegê-lo? Garantindo que sempre que um Papa empregue todas as quatro condições de sua completa autoridade ensinante para definir o que a ele pertence e o que não pertence, ele esteja divinamente protegido do erro – o que nós chamamos hoje de “Magistério Extraordinário” (notem como esse Magistério Extraordinário pressupõe o Magistério Ordinário infalível, e não pode ser somada a ele nenhuma verdade ou infalibilidade, mas apenas uma maior certeza para nós seres humanos). Porém, se o Papa não emprega todas as quatro condições, então seu ensinamento será infalível se corresponder ao Depósito transmitido por Nosso Senhor – atualmente chamado de “Magistério Ordinário Universal –, e falível se ele não estiver dentro desse Depósito transmitido, que é a Tradição. Fora da Tradição, Seu ensinamento pode ser verdadeiro ou falso.

            Assim, não há um círculo vicioso (ver o CE 357 da semana passada), pois Nosso Senhor autorizou a Tradição, e a Tradição autoriza o Magistério. É certamente função do Papa declarar com autoridade o que pertence à Tradição, e ele estará divinamente protegido do erro se, para fazê-lo, empregar sua completa autoridade; mas ele pode fazer declarações fora da Tradição, caso em que não terá nenhuma proteção. Ora, as novidades do Vaticano II, tais como a liberdade religiosa e o ecumenismo, estão fora da Tradição da Igreja. Por isso não se encontram nem sob o Magistério Ordinário e nem sob o Extraordinário, e de todos os contrassensos dos Papas conciliares não há um que obrigue um católico a se tornar um liberal ou um sedevacantista.

Kyrie eleison.

Apenas de Deus provém a Tradição,

Que é dos Papas a régua de medição.

sábado, maio 17, 2014

Comentários Eleison: Infalibilidade da Igreja III

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCLVII (357) - (17 de maio de 2014): 


 INFALIBILIDADE DA IGREJA III


            As palavras e ações loucas do Papa Francisco estão levando atualmente muitos crentes católicos em direção ao sedevacantismo, uma corrente perigosa. A crença de que os Papas conciliares não foram e não são Papas pode começar como uma opinião, mas muito frequentemente se observa que a opinião se torna um dogma, e então uma armadilha de aço mental. Eu acho que muitos sedevacantistas estão com sérias dificuldades em raciocinar porque a crise sem precedente do Vaticano II causou em suas mentes e corações católicos uma angústia, e assim, para confortá-la, eles encontraram no sedevacantismo uma solução simples, e não desejam voltar a sentir a angústia pela reabertura da questão. Então, se empenham enfaticamente numa cruzada para que outros se juntem a eles em sua solução simples, e ao fazê-lo, muitos deles – não todos – acabam exprimindo uma arrogância e uma amargura que não são sinais ou frutos de um verdadeiro católico.

            Pois bem, estes “Comentários” têm se abstido de proclamar com certeza que os Papas conciliares sejam verdadeiros papas, mas ao mesmo tempo eles vêm sustentando que os argumentos comuns dos sedevacantistas não são nem conclusivos e nem obrigam a todos os católicos, como alguns sedevacantistas pretendem nos fazer acreditar. Vamos retornar a um desses mais importantes argumentos, que é o da infalibilidade papal: os Papas são infalíveis. Mas liberais são falíveis, e os Papas conciliares são liberais. Logo, eles não são Papas.

            A isso alguém pode objetar que um Papa é certamente infalível apenas quando ele emprega as quatro condições do Magistério Extraordinário da Igreja ao ensinar 1) como Papa, 2) sobre Fé ou moral, 3) definitivamente, 4) de modo a obrigar todos os católicos. Em consequência disso, os sedevacantistas e liberais respondem de modo parecido que isso é o mesmo que a Igreja a ensinar que o Magistério Ordinário Universal é também infalível, e assim – e aqui está a ponto fraco de seu argumento –, toda vez que o Papa ensina solenemente, mesmo externamente ao Magistério Extraordinário, ele é também infalível. Ora, seu ensinamento liberal conciliar é solene, e, portanto, nós devemos nos tornar ou liberais ou sedevacantistas, dependendo do rumo tomado por quem está usando esse mesmo argumento.
           
            Mas o sinal que indica o ensinamento pertencente ao Magistério Universal Ordinário da Igreja não é a solenidade com que o Papa ensina fora do Magistério Extraordinário, mas o que indica se o que ele está ensinando corresponde ou não ao que Nosso Senhor, seus Apóstolos e virtualmente todos os seus sucessores, os bispos da Igreja Universal têm ensinado em todas as épocas e em todo lugar – em outras palavras, se o que ele está ensinando corresponde à Tradição. Ora, o ensinamento conciliar (por exemplo, a liberdade religiosa e o ecumenismo) está em ruptura com a Tradição. Portanto, os católicos de hoje não estão obrigados de fato a se tornarem liberais ou sedevacantistas.
           
            Contudo, tantos os liberais como os sedevacantistas persistem em seu exagero sobre a infalibilidade papal por razões que não são desinteressantes, mas isso é outra história. De qualquer forma, eles não desistem facilmente, e então voltam com outra objeção digna de ser respondida. Ambos irão dizer que argumentar que a Tradição é o que distingue o Magistério Ordinário é cair em um círculo vicioso, pois se a autoridade do ensinante da Igreja, ou Magistério, existe para dizer o que é a doutrina da Igreja, e assim o faz, como pode então a doutrina tradicional ao mesmo tempo dizer o que é o Magistério? Ou o professor autoriza o que é ensinado, ou o que é ensinado autoriza o professor, mas os dois não podem ao mesmo tempo autorizar um ao outro. Assim, argumentar que a Tradição que é ensinada autoriza o Magistério Ordinário que está ensinando é errado, e então o Papa é infalível não apenas em seu ensinamento Extraordinário, e, portanto, eles concluem, nós devemos nos tornar ou liberais ou sedevacantistas.

            Quem quer saber por que não há círculo vicioso, deve esperar até a próxima semana. Isso é algo tão interessante quanto o motivo pelo qual ambos, sedevacantistas e liberais, caem no mesmo erro sobre a infalibilidade.

Kyrie eleison.

Se todas as quatro condições o jogo não fazem.

Os Papas podem errar no que eles ensinam ou dizem. 

sábado, maio 10, 2014

Comentários Eleison: Novas Ordenações I

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXLVI (356) - (10 de maio de 2014): 

NOVAS ORDENAÇÕES I

            Deveriam os sacerdotes ordenados com o novo rito de Ordenação de 1972 ser condicionalmente reordenados com o antigo e seguramente válido rito de Ordenação? A doutrina católica sobre a validade dos sacramentos é clara, mas os ritos sacramentais da Neoigreja parecem ter sido formulados para que cheguem gradualmente à invalidez (ver CE 121 de 31 de outubro de 2009). O “gradualmente” é o problema. Em qualquer caso, quão avançado se estava nesse processo gradual na ocasião da ordenação? Talvez só Deus saiba com certeza. Mas vamos começar pela doutrina clara.

            Pode-se dizer que um sacramento católico envolve cinco elementos: o Ministro, a Intenção, a Matéria e a Forma, que são essenciais para a validade, e o Rito em torno da Forma, que pode ser importante para a validade por sua influência súbita ou gradual sobre a Intenção do Ministro. Para as Ordenações sacerdotais, o Ministro deve ser um bispo validamente consagrado; a Intenção é sua intenção sacramental (não moral) de ordenar, de fazer o que a Igreja faz; a Matéria é a imposição de suas duas mãos sobre a cabeça do homem que está a ser ordenado (as mulheres não podem ser validamente ordenadas para o sacerdócio de Cristo); a Forma é a fórmula crucial ou séries de palavras no rito que expressam a atribuição do sacerdócio; o Rito é todas as outras palavras em torno da Forma, e prescritos no rito cerimonial de Ordenação.     

            No novo rito de Ordenação, se ambas as mãos estão impostas sobre a cabeça, a Matéria não é problema. A nova Forma em latim tem, na verdade, mais força para a validade do que a antiga Forma em latim (devido ao “et” ao invés de um “ut”), mas as traduções vernáculas precisam ser verificadas para que se tenha certeza de que expressam claramente a graça do sacerdócio por ser conferido. A maioria delas certamente é. Os problemas reais de validade surgem com o Ministro e a Intenção, devido à erosão gradual da Intenção católica por causa dos novos Ritos acatólicos.

            Pois que, quanto à Intenção, qualquer bispo hoje, ao ordenar um sacerdote, corretamente intenciona fazer o que a Igreja atual faz, tudo bem; mas o que é isso em sua mente? O que é um sacerdote na Neoigreja? Não está o renovador de outrora do Sacrifício do Calvário pela Presença Real sendo de modo lento, mas também constante, substituído pelos coordenadores atuais dos piqueniques eucarísticos? Quão avançado estará esse processo em qualquer diocese do mundo? Teria esse ou aquele bispo em mente um sacrificador ou um “piqueniqueiro” a representar o que a Igreja faz? O comportamento exterior do bispo ordenante indicará sua Intenção, mas só Deus pode saber com segurança. Certamente, muitos dos novos Ritos de Missa se inclinam em direção ao “piqueniqueiro”, e o novo Rito de Ordenação em torno da Forma só poderá ajudar, pela severa diminuição de seu conteúdo católico, a minar gradualmente a Intenção sacramental de um bispo ordenante.

            E em relação ao Ministro, se o bispo ordenante foi ele mesmo consagrado bispo com o novo rito da Consagração, vamos assumir que a ambigüidade da nova Forma de consagração tenha sido suprimida pelas palavras imediatamente seguintes; não obstante, devem surgir dúvidas como as supramencionadas em relação à Intenção do bispo que consagra: ele considera, e assim tem como sua Intenção, que aqueles que a Igreja de hoje consagra são realizadores de Sacrifício ou de piqueniques? Tais questões carecem frequentemente de respostas claras.

Em suma, se eu fosse Papa, penso que pediria a todos os padres ou bispos ordenados ou consagrados com os ritos “renovados” que fossem condicionalmente reordenados ou reconsagrados, não porque eu acreditasse que nenhum deles fossem verdadeiros padres ou bispos, pelo contrário, mas porque quando se trata dos sacramentos, todas as dúvidas sérias devem ser removidas, e esse seria o modo mais simples de remover todas as dúvidas possíveis. A deterioração da Neoigreja em relação aos sacramentos não pode ser deixada de lado.

Kyrie eleison.

Precisaria um sacerdote da Neoigreja de uma reordenação?

Só uma resposta incerta se obtém da Neoigreja, por seu gradual estado de deterioração.

sábado, maio 03, 2014

Comentários Eleison: Adeus, FSSPX

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXLV (355) - (03 de maio de 2014): 

ADEUS, FSSPX

Más notícias da França: os quarenta anos de luta pela Fé pela Fraternidade Sacerdotal São Pio X contra os modernistas em Roma estão virtualmente terminados. Oh, sim, os priorados da Fraternidade, escolas, seminários, conventos e mosteiros associados continuarão funcionando para prover, ao menos por algum tempo, sacramentos válidos e doutrina decente, mantendo todas as aparências da Tradição; mas a luta essencial pela Fé íntegra será censurada, ou autocensurada, até desaparecer. Parece que apenas um limitado número adicional de sacerdotes é que manterá o entendimento da obra de Monsenhor Lefebvre e a coragem necessária para romper as fileiras e fugir para as montanhas.

A notícia é que os modernistas de Roma estão oferecendo à Fraternidade um “reconhecimento de tolerância” sem a necessidade de qualquer acordo formal ou documento assinado tal como o que levantou tanta oposição dentro da FSSPX a um acerto com Roma na primavera e início do verão de 2012. Eis a essência do que expressou o Segundo Assistente da Fraternidade, Pe. Alain Nély, com entusiasmo, aos Superiores de um mosteiro e de um convento há três meses: “A solução para a FSSPX será seu reconhecimento unilateral por Roma... não nos pedirão que assinemos nada... para ver como as coisas evoluem... veremos”.

Para prevenir que tal revelação se espalhasse, o Superior Geral da Fraternidade escreveu para dois Superiores religiosos alegando que eles não tinham compreendido bem as observações do Pe. Nély, pois não haveria nenhum tipo de “acordo” em vista. É claro que não. Nisso reside a astúcia do proposto “reconhecimento” sem assinatura. Ele permitirá que vários sacerdotes da FSSPX insinuem que nada terá mudado, de modo que eles possam continuar seu ministério exatamente como antes. Assim, como relatado, o mesmo Dom Fellay disse recentemente aos seminaristas da FSSPX em Zaitzkofen: “Está fora de questão assinarmos qualquer acordo etc., etc.”. Contudo, dez minutos depois: “Mas se Roma propor um reconhecimento de tolerância para nós, o que já é outra coisa, isto poderia ser bom”.

E assim, é totalmente provável que, muito em breve, um grande número de sacerdotes da FSSPX siga docemente seus líderes oficiais no abraço aos amorosos modernistas de Roma, um abraço que será, com o tempo, apertado o suficiente para sufocar qualquer resquício de esforço para lutar contra o mortal modernismo que está matando a Igreja oficial e pondo milhões de almas no caminho para o Inferno. Em retrospectiva, se pode supor que Dom Fellay vem trabalhado habilmente com os romanos visando a esse abraço, ao menos, pelos últimos 15 anos. Dom Galarreta já viu o que está em jogo, mas passou para o lado de Dom Fellay. Dom Tissier também vê claramente a ameaça mortal à obra de Monsenhor, mas não consegue ver a necessidade de seguir o exemplo de Monsenhor de antepor a Fé a todas as regras normais de obediência e unidade.

E assim, caros amigos, se nós desejamos manter a integridade da Fé e ajudar outros a fazerem o mesmo, devemos fugir para as montanhas. Não tenham medo. Mantenham a cabeça fria. Não há necessidade de desânimo e de desespero. Deus não muda, e a luta por Sua causa será mais gloriosa do que nunca. Sacerdotes, mantenham-se alertas, e acima de tudo não enganem a si mesmos achando que nada está mudando na Fraternidade. Fieis, mantenham-se alertas também, e orem, e Deus dará a vocês os líderes e os sacerdotes de suas orações. Confiamos em Deus, e em Sua Santíssima Mãe.

Kyrie eleison.


Católicos, quando virem Roma a satisfazer com artimanhas

Um clamor pelo reconhecimento, fujam para as montanhas!