sábado, março 07, 2015

Comentários Eleison: Enfermidade Inimaginável

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CCCIC (399) - (7 de março de 2015): 

ENFERMIDADE INIMAGINÁVEL

Nos Papas modernos, uma tal enfermidade nós podemos perceber,
E nenhuma mente saudável a ela pode conceber.

            No verão de 1976, um tanto “quente” para a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, depois de Paulo VI ter “suspendido” Dom Lefebvre por ordenar 14 sacerdotes para a Tradição, o conflito entre o Papa e a Tradição Católica estava tão acentuado, que em agosto se deu um dos dois momentos em que o Arcebispo chegou a considerar mais seriamente se a Sé de Roma estaria vacante. É o que se pode ouvir na gravação de suas palavras, quando então disse que estava a agonizar em razão do conflito: como é possível que um verdadeiro Vigário de Cristo esteja destruindo a Igreja? O Arcebispo nunca chegou a adotar a solução sedevacantista, mas vamos ver o quão claramente ele abordou o problema, e então oferecer uma linha a mais de solução, que possivelmente teria sido pensada por ele caso não estivesse a viver um período tão conturbado. Aqui está um resumo de suas palavras proferidas em agosto de 1976: 

            As pessoas me perguntam o que eu penso do Papa Paulo VI. É um incrível mistério. O verdadeiro Papa é a unidade da Igreja, inspirado pelo Espírito Santo e protegido pela promessa de Nosso Senhor para defender a Fé. Mas graças ao Vaticano II, Paulo VI está sistematicamente destruindo a Igreja. Nada é poupado: catecismo, universidades, Congregações, seminários, escolas. Tudo o que é católico está sendo destruído. É preciso que se encontre uma solução.
           
            Uma série de falsas explicações devem ser deixadas de lado, como, por exemplo, a de que Paulo VI é um prisioneiro, drogado, vítima de seus subordinados, etc. Pois, quando ele abençoou os carismáticos, ou beijou o pé do Patriarca Ortodoxo, ele tinha por acaso um revólver em sua cabeça? Eu o tenho observado em audiências públicas, falando com a habilidade, presença de espírito, pertinência e inteligência de um homem em plena posse de suas faculdades. O Cardeal Benelli me disse que foi o próprio Papa quem me escreveu essas cartas (que reprimem a Tradição), que ele está completamente informado, que sabe exatamente o que está fazendo, que é de sua vontade, que as decisões são suas. O Cardeal disse que sempre se reporta ao Papa, e o fará novamente logo após a nossa conversa.   
           
            Assim, poderia Paulo VI não ser um verdadeiro Papa? Esta é uma hipótese possível. Os teólogos têm estudado o problema. Eu não sei. Não digam que eu disse o que eu não disse. Mas o problema parece teologicamente insolúvel.

            Dom Lefebvre falava de Paulo VI, mas o problema é essencialmente o mesmo com todos os seis Papas conciliares (exceto, talvez, João Paulo I). Dividamos o problema em dois: como pode o verdadeiro Deus permitir tal destruição de Sua Igreja? Como podem ser Seus verdadeiros Vigários os principais destruidores?

            Quanto ao Deus Todo-Poderoso, em primeiro lugar, a destruição será ainda pior no fim do mundo (Lc 18, 8). Em segundo lugar, pode bem ser que Deus esteja a purificar Sua Igreja para preparar o Triunfo do Imaculado Coração de Sua Mãe. Em terceiro lugar, Deus protegeu Paulo VI de destruir completamente a Igreja, quando, por exemplo, ele tomou providências para que Paulo VI descobrisse, “por acaso”, um plano para dissolver o Papado por meio do texto da Lumem Gentium, e assim o Papa pôde bloquear o plano ao acrescentar a Nota Praevia.

            Quanto aos Vigários, Dom Lefebvre nunca pareceu ter considerado a solução seguinte, e isso pode ser a razão pela qual naquele mesmo agosto ele parecia estar prestes a ser espetado pelos chifres do dilema sedevacantista-liberal. Mas se a cada ano o liberalismo se aproxima mais e mais para confundir a mente de cada homem na terra, como poderiam os Papas escapar da enfermidade universal de estar “sinceramente” equivocados? Por serem homens instruídos? Mas o liberalismo reina especialmente nas escolas e universidades. Assim, se os Papas conciliares mal instruídos estão “sinceramente” convencidos de que a “verdade” evolui, eles não estarão, por seus erros graves, nem mesmo negando com pertinácia o que sabem ser definido como Verdade Católica, pois mesmo a Verdade definida, por ser “verdade”, evolui na direção deles.

Kyrie eleison.