segunda-feira, agosto 24, 2015

Comentários Eleison: Romanos Contraditórios?

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDXXIII (423) - (22 de agosto de 2015):  

ROMANOS CONTRADITÓRIOS?


Perdeu-se a doutrina? A apostasia, então, a vitória há de conquistar.  
A doutrina deve ser preservada, custe o que custar.

Dois romanos, homens da Igreja, parecem contradizer um ao outro em observações que fizeram recentemente sobre as relações entre Roma e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, mas uma explicação para a contradição pode ser a de que Roma está fazendo com a Fraternidade uma velha prática policial. Pela tática do “policial bom, policial mau”, quando a polícia quer obter uma confissão de um criminoso, primeiro é a este enviado um policial bruto para maltratá-lo até que esteja em uma condição bastante lamentável, necessitando de todos os tipos de simpatia. Então um policial realmente agradável é-lhe enviado, exalando uma simpatia que frequentemente faz com que finalmente se abra e confesse seu crime.

O “policial mau” neste caso é ninguém menos que o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Müller, que no início deste mês, em uma entrevista para o katholisch.de, website oficial da Conferência Alemã de Bispos, disse, sobre o acordo Roma-FSSPX, que Não há nenhum avanço substancial. O Santo Padre deseja que nós continuemos tentando: “com tenacidade e paciência”. A pré-condição para uma reconciliação completa está na assinatura de um preâmbulo doutrinal que garanta um acordo integral nas questões essenciais da Fé. Nos meses anteriores, ocorreram encontros de diferentes tipos, realizados para fortalecer a confiança mútua.

Aqui é claramente afirmado que a FSSPX terá de assinar um texto doutrinal agradável para a Roma neomodernista, caso deseje um acordo com Roma. O Cardeal também está sendo o “policial mau” quando revela que ocorreram “encontros de tipos diferentes” entre os romanos e a FSSPX para fortalecer a confiança mútua. Ou estaria a FSSPX feliz por Roma estar expondo à luz do dia os contatos que de outra forma permaneceriam desconhecidos?  Mais ainda, será que quem quer que tenha a fé católica estará novamente tranquilizado diante de um acordo mútuo sendo estabelecido com os neomodernistas?  Mas agora vem o “policial bom”.

Anteriormente, neste mesmo ano, o Bispo Athanasius Schneider visitou dois seminários da FSSPX a fim de discutir sobre um tópico teológico específico com um grupo de teólogos da Fraternidade e com Sua Excelência o Bispo Fellay. Recentemente ele deu uma entrevista para um site hispânico, Rorate Caeli em espanhol, na qual, entre outras coisas, ele comentou sobre essas visitas favoravelmente. Disse que foi tratado com respeito cordial, e que observou em volta um respeito pelo Pontífice reinante, o Papa Francisco. Depois de suas visitas ele não conseguiu ver nenhuma razão para negar ao clero e aos fieis da FSSPX o reconhecimento canônico oficial, e por isso devem ser aceitos tais como são. Dom Schneider confirmou que não vê problema doutrinal, no caminho de um acordo, que venha a minimizar a importância do Vaticano II; disse que o Concílio foi primeiramente pastoral, e para o seu tempo.

Então, quem realmente representa Roma? O Cardeal Müller ou o Bispo Schneider? Certamente ambos. Se a tática romana do "policial bom, policial mau" não for consciente, é sem dúvida instintiva. Roma, ao manter suas opções abertas, pode continuar a jogar com a FSSPX tal como um pescador joga com um peixe, enrolando a linha e então soltando-a um pouco, dando esperanças e em seguida golpeando-as, inclinando a vara e a endireitando novamente, e novamente, até finalmente cansá-lo e fisgá-lo. Infelizmente, alguém pode suspeitar pelos “encontros” que os líderes da FSSPX sejam cúmplices deste jogo de Roma.


Kyrie eleison.