domingo, março 08, 2020

Comentários Eleison: Malícia do Modernismo - I


Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCLX (660) – (7 de março de 2020):


Malícia do Modernismo - I


Líderes católicos, quando vocês compreenderão,
A praga que está cravada em sua Igreja?

Se a Fraternidade Sacerdotal São Pio X não é mais uma destacada ponta de lança da defesa da Fé Católica, como foi sob o Arcebispo Lefebvre (1905-1991), isso certamente se deve a que seus sucessores à frente da Fraternidade nunca entenderam tão bem quanto ele toda a malícia desse erro que está devastando a Igreja atualmente, que é o modernismo. De fato, cita-se o Arcebispo no final de seus dias dizendo que se ele tivesse lido mais cedo em sua carreira a Histoire du catholicisme libéral et du catholicisme social en France de 1870 à 1914 [História do catolicismo liberal e do catolicismo social na França de 1870 a 1914], do Pe. Emmanuel Barbier (1851-1925), teria dado aos seus seminaristas uma direção diferente. Se esse comentário é realmente autêntico, sugere que até o Arcebispo teria sido atingido pela malícia da modernidade. Da mesma forma, cita-se o valente fundador do periódico Si si no no na Itália, Don Francesco Putti (1909-1984), como tendo dito ao seu bom amigo, o Arcebispo: "Metade dos seus seminaristas são modernistas".

E é fácil subestimar a malícia da modernidade, porque ela vem desenvolvendo-se no Ocidente há séculos, e porque todos os ocidentais estão empapados nela, do berço ao túmulo. Dessa modernidade veio o modernismo na Igreja, precisamente para adaptar-se a ela, e essa mesma modernidade serviu de pano de fundo para todos os Padres do Concílio na década de 1960, e para os sucessores do Arcebispo a partir da década de 1980. De fato, só pode ter sido por uma graça especial de Deus que o Arcebispo viu o problema tão claramente como o fez.
Mostremos como a falta de compreensão sobre o modernismo subjaz à maioria dos erros de seus sucessores:

1. 95% dos textos do Vaticano II são aceitáveis. Pelo contrário, o Arcebispo Lefebvre disse que o problema com o Vaticano II não está tanto em seus grandes erros de liberdade religiosa, colegialidade e ecumenismo como está no subjetivismo que impregna todos os seus textos, pelo qual a verdade objetiva, Deus e a Fé Católica se dissolvem no nada. Pela revolução copernicana elaborada na filosofia por Kant (1724-1804) e denunciada por Pio X na Pascendi (1907), em vez de o sujeito girar em torno do objeto, dali em diante o objeto é que giraria em torno do sujeito. E é em torno dessa loucura que o mundo inteiro agora gira.

2. É verdade que o Concílio foi mau, mas hoje está perdendo o controle sobre os romanos. Sério? E a Pachamama? Desde quando temos visto essa idolatria pública nos Jardins do Vaticano e nas igrejas de Roma?

3. Não adianta nada a Fraternidade esperar que Roma se converta de seu modernismo, e se os romanos estão dispostos a aceitar-nos 'como somos', significa que Roma está a caminho da conversão, e então devemos chegar a um acordo. De fato, é inútil esperar que os modernistas romanos se convertam, porque são liberais. É preciso um milagre para converter um liberal (Pe. Vallet), porque o liberalismo é uma armadilha cômoda e lisonjeira da qual humanamente falando é virtualmente impossível sair sem um milagre, e esse milagre para o mundo e a Igreja será a Consagração da Rússia, e não uma Fraternidade que segue o caminho dos liberais. Se eles aceitam “tal como é” a anteriormente recalcitrante FSSPX, isso se dá somente porque a FSSPX não é mais antiliberal como era antes, porque o sal da Fraternidade perdeu seu sabor (cf. Mt. V, 13).

4. Precisamos de paciência e tato para entendermos como os romanos pensam a fim de não ofendê-los. Para entendermos como esses modernistas em Roma pensam, precisamos de humildade, realismo e recursos contundentes da Pascendi para assegurarmo-nos de que entendemos corretamente o vírus de seu modernismo, vicioso e altamente contagioso, antes de aproximarmo-nos deles. O que eles mais precisariam, se pudessem suportá-lo, é sentirem-se ofendidos e escandalizados com seu próprio modernismo, até que compreendam o que o Pe. Calmel quis dizer com: "Um modernista é um herege combinado com um traidor".

5. Não se assinou nenhum acordo formal entre Roma e a Fraternidade; portanto, ainda não se causou dano algum. Houve um dano imenso em uma série de acordos parciais, por exemplo, sobre confissões e matrimônios, pelos quais um grande número de sacerdotes e leigos da Fraternidade compreendem cada vez menos o que seu Fundador quis dizer quando escreveu em seu último livro que qualquer sacerdote que desejasse manter a Fé deveria ficar longe desses romanos. Eles podem ser homens "gentis". Eles podem ter "boas intenções". Mas, objetivamente, eles estão matando a Madre Igreja.

Kyrie eleison.



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