sábado, fevereiro 09, 2013

Comentários Eleison: Quarto Julgamento

“Comentários Eleison”, por Mons. Williamson –
Número CCXCI (291) - 9 de fevereiro de 2013

QUARTO JULGAMENTO

Um leitor pergunta sobre o meu mais recente julgamento e condenação de “negação do Holocausto” pelo Tribunal Regional de Regensburg na Alemanha do Sul, em 16 de janeiro. Os leitores vão se lembrar de que o meu delito original foi em 1 de novembro de 2008, quando eu teria dito a um entrevistador sueco, para a TV sueca, na privacidade da sacristia do Seminário alemão da Fraternidade São Pio X - mas em solo alemão -, que não acreditava nem que “seis milhões de judeus” morreram sob o regime de Hitler na Segunda Guerra Mundial, nem que um único judeu morreu em uma “câmara de gás”.
Expressar essas crenças na Alemanha, onde a “negação do Holocausto” é um crime legal, e eu fui julgado e condenado pelo Tribunal Regional de Regensburg em 2010. A punição seria uma multa de € 10.000. Apelei. O mesmo tribunal condenou-me de novo em 2011, mas a multa foi reduzida para € 6.500. Apelei novamente, e então o caso foi elevado para o Tribunal Provincial em Nuremberg, que me foi dito ser menos sujeito à pressão externa. E os três juízes rejeitaram o caso por razões processuais, obrigando o Estado da Baviera a pagar as minhas despesas legais, mas também o deixando livre para corrigir seus erros processuais e começar tudo de novo.
Agora, não só o que é conhecido como o “Holocausto” serve à religião secular da Nova Ordem Mundial (Auschwitz substitui o Calvário, as câmaras de gás substituem a cruz de Nosso Senhor, e seis milhões desempenham o papel de Redentor), mas também me parece que os alemães pós-Segunda Guerra Mundial têm dificuldade de respeitar-se a si mesmos a menos que eles estejam batendo no peito pelos supostos crimes do Terceiro Reich. Então eles perseguem com ímpeto a “negação do Holocausto”, e em 16 de janeiro eu fui processado pela terceira vez na frente de uma senhora juíza de Regensburg.
Dois advogados alemães lutaram muito em minha defesa, mas em vão - eu fui condenado novamente. No entanto, a senhora juíza fez diminuir o estigma inerente à acusação, e por compaixão para com o meu estado de desempregado ela reduziu a multa para € 1.600. Sem dúvida, o Estado da Baviera ficaria feliz em se livrar do caso, se eu apenas aceitasse pagar a multa muito reduzida. Um nobre colega da FSSPX pediu para ter o privilégio de pagar tudo sozinho. Mas muito mais do que apenas dinheiro está em jogo. Uma grande nação, a verdadeira religião e a Ordem Mundial de Deus estão envolvidos.
“A verdade é poderosa e prevalecerá”, disseram os latinos. Assim, qualquer nação, religião ou Ordem Mundial repousando em inverdades é frágil e irá desmoronar no final. Ora, a verdade está na correspondência da minha mente com a realidade, e não com os desejos de autorrespeito nacional, nem as suscetibilidades religiosas, nem as exigências de qualquer Ordem Mundial sem Deus. E a verdade histórica passa pela evidência, da qual o tipo mais confiável é o das relíquias materiais do passado, porque estas são, em princípio, bastante independentes das emoções humanas. “Para isso nasci e para isto vim ao mundo; para dar testemunho da verdade”, diz o Senhor (Jo XVIII, 37). Que tranquilidade nas palavras divinas!
Eu gentilmente recusei a oferta do meu colega. Apelei novamente.

Kyrie eleison.