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sábado, julho 20, 2013

Comentários Eleison: Prognóstico de Longo Alcance

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXIIV- (314) - (20 de julho de 2013)


PROGNÓSTICO DE LONGO ALCANCE


Há quase 20 anos, um certo bispo da Fraternidade Sacerdotal São Pio X mostrou que era possível prever a traição da FSSPX de Dom Lefebvre que quase aconteceu em 2009 e 2012, e que ainda está sob o risco de acontecer. Perturbado pela auto-admiração e falta de seriedade que ele tinha observado no então recente Capítulo Geral eletivo da FSSPX, aqui está um resumo (com algumas citações diretas) do que ele disse na casa da Fraternidade em Le Brémien, França, em 17 de julho de 1994 (procure na Internet: Un évêque s'est levé le Brémien – você deve encontrar o texto original em francês).

Seria bom poder dizer que na FSSPX estamos abrindo casas em todos os lugares, estamos construindo, estamos entrando em novos países, temos vocações, que todo mundo é bom e doce, jovem e entusiasta, que temos quatro bispos, e assim por diante. "Mas por que a FSSPX deveria ter qualquer proteção especial contra as forças desencadeadas hoje que têm varrido milhares de excelentes bispos e sacerdotes na Igreja mainstream? (...) Quais são as qualidades da Fraternidade, quais são as suas garantias?" Juventude, ah sim, a juventude é boa, de boa aparência, fisicamente forte, mas e quanto à idade, à experiência e à sabedoria de anos? Como se pode esperar que a juventude seja sábia?

Nos anos de 1950 e 1960, a Igreja parecia estar com boa saúde, resistindo heroicamente ao ataque do mundo pós-guerra. Na Inglaterra e nos EUA, havia um grande número de conversões a cada ano, tanto que o mundo poderia parecer estar a ponto de converter-se à fé católica. Mas o que aconteceu? Exatamente o oposto. Com o Vaticano II, a verdade parou de lutar e a Igreja Católica se rendeu ao mundo moderno.

Então me deixe dar-lhe um cenário paralelo para a Fraternidade. Na década de 1990 esta pequena adorável Fraternidade com todos os seus pequenos padres maravilhosos está resistindo heroicamente às falhas e traições da Igreja oficial. Há conversões, e as pessoas estão percebendo que a nova Igreja é falsa e não-funcional, mas justo quando a Igreja oficial parece estar a ponto de se entregar, o que podemos ver? Eu não digo nós devemos ver isso, mas o que podemos ver? A Fraternidade se rendendo e indo para a Igreja oficial. Se a Igreja Universal pode entrar em colapso, por que não, e ainda mais, uma minúscula Fraternidade?

E aqui está outra consideração. Antes do Vaticano II cada Ordem Católica e Fraternidade tinha acima dela as Congregações da Cúria Romana para que "se algo desse errado em uma Fraternidade, não excluindo uma falha por parte de seus líderes, algo sempre humanamente possível, então se poderia sempre apelar para Roma e Roma poderia intervir. Em tempos antigos ela, em geral, intervinha para o melhor, ao passo que hoje ela geralmente intervém para o pior, então agora "é melhor não estar em Roma, mas cuidado, há um preço a ser pago, ou seja, que não há ninguém acima de nós, e assim o nosso Conselho Geral, o nosso pequeno Superior-Geral, é o teto! Perigo!". A Fraternidade está jogada de volta aos seus próprios recursos. Agora, o Arcebispo Lefebvre tinha 65 anos quando fundou a Fraternidade. Mas quantos homens velhos com longa experiência a Fraternidade tem em 1994?

Em suma, por que a Fraternidade deveria ser poupada dos problemas da Igreja Universal? Eu não quero que a Fraternidade quebre – e Deus, por favor, que eu não faça nada para ajudá-la nisso; mas só posso dizer que eu não ficaria surpreso se ela quebrasse. Deus pode preservá-la, mas Ele também pode permitir que ela vá pelo caminho de toda a carne, para nos fazer perceber o quão pouco somos capazes por nós mesmos. Precisamos de sabedoria e ajuda especial de Deus.
                                                                                                                                              
Kyrie Eleison.

sábado, junho 08, 2013

Comentários Eleison: Queda Horrível

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCVI - (308) - 8 de junho de 2013


QUEDA HORRÍVEL – I

A queda da Fraternidade Sacerdotal São Pio X daquilo que era sob o Arcebispo Lefebvre entre 1970 e 1991, ao que veio a ser nos últimos, digamos 15 anos, é algo que beira o horrível. Em uma breve série vamos ver em primeiro lugar por que o horror é normal nesse pobre mundo em torno de nós, porque entender é perdoar, e nós estamos todos precisando de perdão; em segundo lugar iremos encarar o horror, não a fim de nos desencorajarmos, mas, ao contrário, a fim de nos prepararmos para o pior que certamente virá; e em terceiro lugar vamos ver o que nós podemos fazer para nos preparar, porque abaixo do Céu de Deus Ele não pode ter-nos deixado sem nada que possamos fazer (mas em relação a isso é importante não derramarmos na areia a pouca água que temos). Vamos começar com três boas mentes católicas que fornecem uma compreensão acerca da nossa época, para ver porque o horror é hoje a norma.

Em sua grande Carta Encíclica de 1884 sobre a Maçonaria, o Papa Leão XIII destaca como seus maus princípios avançaram do (#13) desdém à (#14) injúria à (#15) destruição da Igreja Católica, e então da (#16) ruína de todas as religiões positivas à (#17) ruína de todas s religiões naturais à (#18) ruína das grandes verdades naturais da Criação e Providência de Deus e da imortalidade da alma. No século 21 nós temos, logicamente, ido ainda mais longe, a saber, à ruína da própria noção de verdade. As mentes têm sido transformadas em mingau, mesmo as mentes dos Papas, Cardeais e Bispos.  

Na grande Carta Encíclica de 1907 sobre o Modernismo, o Papa São Pio X viu claramente a mesma ruína de toda verdade e pensamento pelos modernistas. Gritar é algo que está abaixo da dignidade dos Papas, mas na Pascendi Pio X usa as mais fortes expressões de que disponibilizava para castigar a podridão mental pela qual os modernistas apodreceram a Fé Católica. Com todas as letras ele disse que o modernismo era o fim da linha. Seu dramático alerta segurou a Igreja por meio século, mas com o Vaticano II o apodrecimento da fé que ele tinha lançado fora da Igreja foi feito, por João XXIII e Paulo VI, doutrina oficial dentro da Igreja! Se os papas perdem suas cabeças, não poderão meros superiores perder as suas também?

Uma terceira mente Católica, medindo os estragos provocados na doutrina Católica pelo Vaticano II, foi aquela de Romano Amerio, um leigo italiano cujas análises dos erros modernos, Iota Unum, foi altamente apreciada pelo Arcebispo Lefebvre. Em um ponto, Amerio diz (poderia alguém encontrar para mim a referência?) que se as coisas continuarem no mesmo caminho que estão agora, eventualmente virá a ser impossível falar ou escrever algo mais, tudo o que irá restar será manter o silêncio! Isto pode parecer inimaginável, mas recentemente um comentador muito bom nos EUA, o Dr. Paul Craig Roberts, quase parou de escrever porque teria parecido a ele que já não havia mais qualquer público capaz ou disposto a pensar. 

Realmente, no presente ensaio geral para o Anti-Cristo, se esses dias não forem abreviados, como Nosso Senhor disse (Mt. XXIV, 22), todos nós poderemos perder nossas cabeças e nossa fé. Então quem poderá continuar a se sentir inclinado a atirar a primeira pedra em um Papa ou Bispo que hoje esteja perdendo a cabeça? 

           Contudo, enquanto Nosso Senhor nos proibiu de julgar-condenar (Mt. VII, 1), porque apenas Deus possui o conhecimento perfeito de todas as circunstâncias que são necessárias para se julgar sem erro, ao mesmo tempo Nosso Senhor nos manda julgar-discernir entre verdadeiros pastores e mercenários, ou entre cordeiros e lobos em peles de cordeiro (Mt. VII, 15). Essa é a nossa responsabilidade como Católicos, e é por isso que iremos em breve dar outra olhada no horror que está agora ocorrendo dentro da Fraternidade Sacerdotal São Pio X.

Kyrie eleison.

sábado, abril 27, 2013

Comentários Eleison: GREC IV


Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCII - (302) 27 de abril de 2013

GREC  IV

Uma mulher tendo lido o primeiro “Comentários Eleison” sobre o GREC (CE, 02 de março) escreveu para reclamar que eu deturpei o GREC, o grupo parisiense de católicos fundado no fim dos anos 90 para unir tradicionalistas e Igreja mainstream a fim de que pudessem pensar e conversar pacificamente uns com os outros para o bem da Madre Igreja. Estou feliz por poder corrigir erros sobre os fatos que ela apontou. Eu não tenho nenhum problema em admitir as falhas pessoais minhas que ela destacou. Entretanto, em um ponto importante eu devo discordar dela.

Sobre os erros relacionados aos fatos, o Sr. Gilbert Pérol era Embaixador francês para o governo italiano, e não para o Vaticano. Também ele não era “colaborador leigo”, mas sim um amigo pessoal do Pe. Michel Lelong, um Padre Branco. Também o GREC não foi lançado “nos salões de Paris”, mas no apartamento da viúva do embaixador, Sra. Huguette Pérol, que, como eu disse, assumiu a total responsabilidade de ter fundado o GREC, puramente para ajudar a Igreja, e com a ajuda de pessoas “competentes e preocupadas em serem fiéis ao Evangelho e à Tradição”.

Sobre as minhas faltas, ela escreveu que eu era “cheio de si” e “ignorante”, que eu carecia de modéstia e diplomacia, que eu mostrei insuficiente respeito pelos mortos, e que eu escrevi com tom sarcástico não condizente nem com uma pessoa educada nem com um sacerdote. Madame, como eu estaria feliz se fossem essas as minhas piores faltas pelas quais eu devo responder perante Deus. Reze pelo meu juízo particular.

Entretanto, sobre o sarcasmo, deixe-me declarar que, se eu zombei da nostalgia dos católicos hoje pelo catolicismo da década de 1950, eu estava pensando não no Embaixador Pérol particularmente, mas nas multidões de católicos dos dias de hoje, que, não percebendo o porquê de Deus ter permitido que o Vaticano II separasse a Igreja mainstream da Tradição Católica em primeiro lugar, desejam retornar àquela fé sentimentalista da década anterior que levou diretamente ao Vaticano II! Madame, o ponto crucial não tem nada a ver com pessoas subjetivas, tem tudo a ver com doutrina objetiva.

É por isso que eu devo discordar da senhora quanto à competência das pessoas que ajudaram o Sr. Pérol a fundar o GREC. Que um diplomata profissional como o Embaixador Pérol tenha recorrido à diplomacia para resolver os principais problemas da doutrina é algo equivocado, mas compreensível. Que um padre Conciliar como Pe. Lelong tenha encorajado tal empreendimento diplomático é algo mais grave, mas ainda assim compreensível, dado que o Vaticano II minou toda a doutrina pela oficialização do subjetivismo dentro da Igreja. O que é muito menos fácil de aceitar é a “competência e a preocupação pelo Evangelho e pela Tradição” da parte dos sacerdotes que foram formados por Monsenhor Lefebvre para compreender o desastre do Vaticano II. Tais sacerdotes não deveriam nunca ter encorajado, muito menos tomado qualquer parte ativa nisso, um esforço essencialmente diplomático para resolver um desastre essencialmente doutrinal, por mais bem intencionado que esse esforço tenha sido.

E ainda assim, mesmo no seu caso o provérbio francês se aplica em certa medida: “Compreender tudo significa perdoar tudo”. O Arcebispo era de uma geração anterior e mais saudável. Eles eram todos filhos do mundo destruído pelas duas Grandes Guerras. Todo o crédito a eles por recorrerem à sua pessoa para a sua formação sacerdotal, e enquanto ele viveu, ele formou todos nós. Mas eles nunca realmente absorveram a sua doutrina, e assim, uma vez que ele estava morto, eles começaram dentro de poucos anos a cair. Mas ele estava certo, e eles, e o GREC – perdoe-me, graciosa senhora – estão errados. Queira Deus que eles se corrijam.

                                                                                                               Kyrie eleison.

sábado, outubro 06, 2012

Comentários Eleison: Mais Munição

“Comentários Eleison” por Mons. Williamson –

Número CCLXXIII (273) - 6 de outubro de 2012


Tradução: Mosteiro da Santa Cruz



Mais Munição

Aproveitando o privilégio de ter uma variedade de amigos atirando em mim de todas as direções, eu não posso suportar a ideia deles ficarem sem munição, então aqui está uma coleção de balas e escudos recolhidos do campo de batalha. Os comentários foram feitos por sacerdotes, leigos e irmãs, principalmente chateados por certo episódio da história moderna sendo negado na TV sueca em novembro de 2008. (E novamente... e novamente...) Como os americanos dizem: “Aproveitem!”

Esse bispo tem um temperamento forte, com muito prestígio e autoridade, por isso ele não poderia suportar não ser o número um na Fraternidade São Pio X. Desejando então ter seu nome nos livros de história, mas percebendo que com 68 anos de idade não teria mais chance de ser eleito Superior Geral, ele detonou na TV sueca a “bomba revisionista” a fim de chamar a atenção e aparecer como superior. Para ganhar influência ele estava disposto a arriscar a divisão da FSSPX.”
Ele decidiu, por meio de uma total provocação através de uma transmissão televisiva, a fim de sabotar as negociações Roma-FSSPX, que ele desaprovava. Mas estando em uma posição de subordinação, apenas por meio de um escândalo é que ele teria condições de parar o diálogo e o acordo que poderiam ter vindo delas.”
Ele adora provocar porque ele é um infiltrado, um ex-anglicano que é ainda basicamente hostil à Igreja Católica. Qualquer acordo Roma-FSSPX ele iria querer bloquear, porque seria muito favorável à FSSPX, isto é, à Igreja Católica.”
Ele é um sobrenaturalista iluminado, um maníaco da conspiração, obcecado com o perigo judaico. Ele vê o Apocalipse vindo amanhã. Nem ele e nem o Revisionismo são sérios.”
Ele tem qualidades naturais que fazem dele mundano e ambicioso. Ele estava acostumado a ter todo mundo prestando-lhe homenagens. Ele costumava ter influência sobre muitas pessoas, e era tratado como um pequeno deus no tempo em que ainda viajava bastante. No entanto, por causa de suas qualidades pessoais, ele é orgulhoso, e tem ciúme de Dom Fellay, e então foi inveja e ressentimento o que ele soltou na TV sueca.”
Na verdade, muito antes do caso sueco ele já era bastante político e muito independente do resto da FSSPX, cujo espírito não compartilhava inteiramente. Em 2004 ele atacou publicamente a liderança da FSSPX por seu espírito jansenistizante e seu sobrenaturalismo. Na realidade, ele estava apenas acertando contas pessoais, como clérigos são susceptíveis de fazer.”
“Sua originalidade anda junto com uma completa falta de senso de responsabilidade, e é por isso que ele montou em seu cavalo de batalha antissemita em público sem pensar em nenhum momento sobre o mal que ele poderia fazer à Tradição. Na verdade, ele foi manipulado por fascistas e neopagãos, ou pelo menos ele foi explorado por eles. Ele não buscava poder pessoal naquela ocasião, mas ele é imprevisível, e ele não é de confiança.”

E todas essas coisas estão sendo ditas sobre mim! Eu simplesmente adoro a atenção!

Kyrie eleison.

segunda-feira, outubro 01, 2012

Comentários Eleison: Sarto, Siri?

“Comentários Eleison” por Mons. Williamson –
Número CCLXXII (272) - 29 de setembro de 2012


SARTO, SIRI?

Em um sermão para a Festa de São Pio XI eu me vi pronunciando «quase uma heresia»: me perguntava em voz alta se Giuseppe Sarto teria desobedecido a destruição da Igreja de Paulo VI se, ao invés de morrer como o Papa Pio X em 1914, ele tivesse morrido como um cardeal em, digamos, 1974. Dentro da Fraternidade São Pio X isso deve soar como uma heresia, porque como a sabedoria do patrono celeste da FSSPX pode ser de algum modo falha? No entanto, a questão não é supérflua.
Em 1970 o Arcebispo Lefebvre fez visitas pessoais a alguns dos melhores cardeais e bispos da Igreja, na esperança de persuadir um mero punhado deles a oferecer resistência pública à revolução do Vaticano II. Ele costumava dizer que apenas meia dúzia de bispos resistindo juntos poderia ter obstruído seriamente a devastação Conciliar da Igreja. Infelizmente, nem mesmo a preferência de Pio XII por seu sucessor, o Cardeal Siri de Gênova, viria a ter promovido uma ação pública contra o Establishment da Igreja. Finalmente, o Bispo de Castro Mayer deu um passo à frente, mas só na década de 1980, quando a Revolução Conciliar já estava bem instalada no topo da Igreja.
Então, como as melhores mentes dentre aquelas com boa formação ficaram tão obscurecidas? Como então alguns dos melhores homens da Igreja naquela época não viram o que o Arcebispo estava vendo, por exemplo: que a "lei" que estabelece a Missa Novus Ordo não era lei de forma alguma, já que pertence à própria natureza da lei ser uma ordenação da razão ao bem comum? Como pôde ele ter ficado relativamente tão sozinho, não deixando que o princípio tão básico do bom senso fosse sufocado pelo respeito à autoridade, quando a própria sobrevivência da Igreja estava sendo colocada em perigo pelo Concílio Vaticano II e a Missa Nova? Como pôde a autoridade ter então assumido o controle sobre a realidade e a verdade?
Minha própria resposta é que há sete séculos a Cristandade vem deslizando em direção à apostasia. Por 700 anos, com nobres interrupções como a Contra-Reforma, a realidade do Catolicismo veio sendo lentamente corroída pela fantasia cancerosa do liberalismo, que é o homem se livrando de Deus através da natureza que se livra da graça, da mente que se livra da verdade objetiva, e da vontade que se livra do certo e errado objetivos. Por um longo tempo, 650 anos, os clérigos católicos se agarraram à realidade e a defenderam. Mas finalmente, bastante da fantasia envolvente da modernidade glamorosa penetrou até os seus ossos, fazendo a realidade perder o controle sobre suas mentes e vontades. Carentes de graça, como São Thomas More disse em sua época sobre os bispos ingleses traindo a Igreja Católica, os bispos conciliares deixaram a fantasia dos homens sobrepujar a realidade de Deus, e a autoridade tomar o lugar da verdade. Há lições práticas para o clero e os leigos.
Colegas dentro e fora da FSSPX, para servir a Deus, vamos tomar cuidado para não reagirmos como Giuseppe Siri quando precisamos reagir como Giuseppe Sarto, com suas magníficas denúncias dos erros modernos na Pascendi, na Lamentabili e na Carta sobre o Sillon. E para obtermos a graça necessária nesta que é a crise mais tremenda de toda a história da Igreja, precisamos rezar tremendamente.
Leigos, se os horrores da vida moderna fazem com que vocês tenham "fome e sede de justiça", alegrem-se, se puderem, pois os horrores os estão mantendo na realidade. E não duvidem que, se perseverarem na sua fome, vocês "serão saciados" (Mt . V, 6). Bem-aventurados os pobres de espírito, os mansos e os que choram, diz Nosso Senhor na mesma ocasião. E para proteger seguramente suas mentes e corações de serem tomados pela fantasia, rezem cinco, ou melhor, quinze Mistérios do Santo Rosário de Nossa Senhora por dia.  

                                                                                                                                                                        Kyrie eleison.

domingo, setembro 23, 2012

Comentários Eleison: Declaração Reversível

“Comentários Eleison” por Mons. Williamson –
Número CCLXXI (271) - 22 de setembro de 2012


DECLARAÇÃO REVERSÍVEL

Nem tudo do Capítulo Geral da Fraternidade São Pio X, realizado na Suíça em julho, pode ter sido desastroso. Mas de seus dois frutos oficiais, as “Seis Condições” foram “alarmantemente fracas” (cf. CE 268, 01 de setembro), e sua “Declaração” final deixou muito a desejar. Aqui está um breve resumo de seus 10 parágrafos:
1 Agradecemos a Deus pelos 42 anos de existência da nossa Fraternidade. 2 Nós redescobrimos nossa unidade após a recente crise (é mesmo?) 3 a fim de professar a nossa fé 4 na Igreja, no Papa, em Cristo Rei. 5 Nós permanecemos com o Magistério constante da Igreja, 6 como também com sua Tradição constante. 7 Unimo-nos a todos os católicos que estão agora sendo perseguidos. 8 Pedimos ajuda à Bem-Aventurada Virgem Maria, 9 a  São Miguel,  10 e a São Pio X.

Esta é uma declaração em que não falta piedade, que São Paulo diz ser útil para todos os fins (I Tm IV, 8). No entanto, para seus dois discípulos, Timóteo e Tito, ele constantemente enfatiza a necessidade de doutrina, que é a base da verdadeira piedade. Infelizmente, a Declaração é um pouco menos forte em doutrina. Em vez de golpear os erros doutrinais do Concílio que têm devastado a Igreja nos últimos 50 anos, ela traz em seus parágrafos mais doutrinários, 5 e 6, apenas uma tímida condenação desses erros, juntamente com uma homenagem ao Magistério imutável (5) e à Tradição (6) da Igreja. Precisa, mas que constitui um argumento muito facilmente reversível por um conciliar. Veja-se como:
 O parágrafo 5º menciona as novidades do Vaticano II como “manchadas de erros”, considerando que o Magistério constante da Igreja é ininterrupto: “Por seu ato de ensinar ele transmite o depósito revelado em perfeita harmonia com tudo o que a Igreja universal ensinou em todos os tempos e lugares”, o que claramente implica que Roma deve levar o Concílio Vaticano II aos limpadores para tirar as manchas. Mas veja-se como um romano pode responder: “A expressão do Capítulo sobre a continuidade do Magistério é absolutamente admirável! Mas nós, romanos somos o Magistério, e nós dizemos que o Vaticano II não está manchado!”
O mesmo com o parágrafo 6. A Declaração afirma: “A Tradição constante da Igreja transmite e transmitirá até o fim dos tempos o conjunto de ensinamentos necessários para manter a Fé e salvar almas”. Assim, as autoridades da Igreja precisam voltar à Tradição. Os romanos respondem: “A descrição do Capítulo de como a Tradição lida com a Fé é absolutamente admirável! Mas nós, romanos, somos os guardiões desta Tradição, e nós dizemos, pela hermenêutica da continuidade, que o Vaticano II não a interrompeu, mas deu-lhe prosseguimento. Assim, o capítulo está inteiramente errado ao sugerir que temos de voltar a ela”.
Contraste-se tudo isso com a força do ataque irreversível do Arcebispo Lefebvre aos erros do Concílio Vaticano II, em sua famosa Declaração de novembro de 1974. Ele declara que a Roma conciliar não é a Roma católica porque a reforma conciliar é “naturalista, teilhardiana, liberal e protestante... completamente envenenada... provém da heresia e leva à heresia”, etc., etc. Sua conclusão é uma recusa categórica em manter qualquer relação com a nova Roma, porque esta absolutamente não é a Roma verdadeira.
 Peguem-se na Internet as duas declarações, e veja-se qual delas é um inconfundível chamado de trombeta para a batalha necessária (I Cor, XIV, 8)! Há que perguntar quantos dos capitulares de 2012 já estudaram o que disse o Arcebispo, e por quê.

Kyrie eleison.