segunda-feira, agosto 27, 2018

Comentários Eleison: Videogame Manipulado - II

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DLXXX (580) (25 de agosto de 2018):

Videogame Manipulado - II



Se o Céu diz que aqui está a solução,
Aqui está ela, e não na revolução.

Conta-se a história da grande monarca católica da Espanha, a rainha Isabel (1451-1504), que quando perguntada uma vez o que queria ver em uma pintura, ela respondeu “um padre dizendo missa, uma mulher dando à luz e um criminoso sendo enforcado”. Em outras palavras, todos têm um papel para desempenhar na vida, e todos devem desempenhar esse papel e não outro. Podemos apenas imaginar o que ela teria dito sobre um mundo em que padres celebram piqueniques eucarísticos, mulheres usam da contracepção e abortam livremente, e criminosos são condenados a penas cada vez mais curtas em prisões que lembram hotéis de luxo. Hoje “Nada é senão o que não é” (Macbeth, I, 3).

Hoje muitas pessoas sentem que a vida moderna é falsa, mas poucos conseguem ver por que nada é senão o que não é, ou por que “Nada é real, e nada por que preocupar-se, Strawberry Fields para sempre” (Beatles). Observam a opressão policial, jornalistas que mentem, medicamentos que envenenam, advogados que trapaceiam, políticos que traem, mulheres que se autoesterilizam, jovens que se suicidam, professores que corrompem, médicos que matam, e assim por diante; e o pior de tudo, sacerdotes que apostatam. Não é difícil ver à nossa volta um mundo desordenado que é exatamente o oposto da ordem correta que a rainha Isabel tinha em mente para a Espanha. Mas a desordem está tão disfarçada que se assemelha no presente à correta ordem do passado, de modo que poucas pessoas podem descobrir de onde vem a desordem, e muitos desistem da tentativa de localizá-la, estabelecendo-se entre os confortos materiais que ela têm para oferecer. Por exemplo, muitos músicos de rock ganham um bom dinheiro gritando contra os maus frutos do materialismo, mas poucos, se é que há algum, vão atrás das raízes destes, de modo que a maioria acaba como materialista bastante cômodo, parte integrante da falsidade que ela reconheceu corretamente nos dias em que ganhava dinheiro.

Nas palavras da velha canção, “Por quê, por quê, por quê, Dalila?” Porque as pessoas se livraram da presença de Deus em suas vidas e não têm noção de que Sua ausência é o problema. E se alguma vez têm um pressentimento, então pela mesma razão que elas se livraram d’Ele em primeiro lugar, agora procurarão em qualquer lugar, e não na direção d’Ele, pela a solução. No entanto, foi Cristo quem criou, para o fim do mundo, aquela Cristandade que elevou na Idade Média a civilização a alturas sem precedente, e da qual a “civilização ocidental” é a sucessora sem Cristo. Mas Cristan-dade sem Cristo é “-dade”, ou melhor, “fatalidade”.

Mas a “fatalidade” tem de competir com a Idade Média, pois, caso contrário, os homens vão querer voltar a Cristo. Daí que as aparências da lei cristã, dos hospitais, dos parlamentos, etc., devem ser mantidas mesmo que a substância seja esvaziada. Por isso que nos últimos quinhentos anos há uma série de “conservadores” que não conservaram nada além da última conquista dos liberais, daí uma longa procissão de políticos hipócritas, aparentemente direitistas, mas de fato esquerdistas, porque é isso que os povos querem – líderes que parecerão prestar homenagem aos remanescentes de Deus e de Cristo, mas que na realidade estão servindo ao Diabo, abrindo caminho para mais liberdade de Deus e de Cristo.

Daí o Concílio Vaticano II na Igreja, que mantém a aparência exterior do catolicismo, ainda que o substitua pela realidade do modernismo. Daí o Capítulo de 2012 na Fraternidade Sacerdotal São Pio X, que pretendeu manter a Tradição Católica mesmo enquanto se preparava para subordiná-la ao Vaticano II. Daí o Capítulo da Fraternidade de 2018, fingindo livrar-se do arquiteto do Capítulo de 2012, mesmo assegurando que ele permanecesse no poder. Daí um Capítulo representando não a realidade da situação da Igreja ou da Fraternidade, mas um videogame manipulado para tranquilizar aqueles que resistem à marcha da Fraternidade em direção à Roma conciliar, mesmo enquanto protegem essa marcha. Queira Deus que a situação não esteja assim.

Então, se o mundo inteiro estiver manipulando videogames, há alguma solução? É impossível que o Céu nos tenha deixado sem solução. Desde a Idade Média, Nossa Senhora tem nos dado a todos nós o Rosário. Nos tempos modernos, ela nos deu a devoção dos primeiros sábados. Se negligenciamos seus remédios é por nossa própria conta e nosso próprio risco.
                                                                                                                                   

Kyrie eleison.

*Traduzido por Cristoph Klug.


terça-feira, agosto 21, 2018

Comentários Eleison: Videogame Manipulado - I

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DLXXIX (579) (18 de agosto de 2018):

Videogame Manipulado - I


Toda política, toda economia, toda paz e toda guerra:

Seja contra ou a favor, em torno de Cristo Tudo gira.

A caridade certamente guia os rogos pelo novo Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, para que Deus possa dar-lhe o discernimento e a força para trazer a Fraternidade de volta ao curso estabelecido para ela – e para o bem da Igreja Universal – pelo Arcebispo Lefebvre; mas, na verdade, pode ser que o padre Pagliarani nem tenha o desejo de fazer tal coisa. Para sermos realistas, no nível humano as indicações são de que ele está no mesmo comprimento de onda que Dom Fellay, e que sua eleição como Superior Geral foi o plano de apoio conjunto de Roma e de Dom Fellay para o Capítulo se este não fosse reeleito, tal como se deu. Assim, se o P. Pagliarani cuidasse dos interesses de Dom Fellay, este, em caso de necessidade, promoveria sua candidatura a Superior Geral. Eis algumas indicações de que os dois estão conspirando para pôr a Fraternidade tradicionalista sob a Roma Conciliar:

* No Capítulo Geral intermediário (não eletivo) de 2012, relatou-se que foi o Pe. Pagliarani quem salvou Dom Fellay de argumentos devastadores apresentados ao Capítulo para sua destituição e substituição como Superior Geral. O Pe. Pagliarani disse ao Capítulo que não deviam dar uma bofetada na cara do Superior – e o frágil Capítulo passou diretamente para outros assuntos.

* Logo depois daquele Capítulo, o Pe. Pagliarani foi promovido – recompensado? – por Dom Fellay com o cargo elevado de Reitor do Seminário da Fraternidade para a América Latina em La Reja, nas Argentina. Lá ouviram o Pe. Pagliarani criticando quem não entende a necessidade de um acordo entre a Fraternidade e Roma – a mesma política de Dom Fellay.

* Podemos esperar que um dia saibamos exatamente como foi que os dois "Conselheiros" foram acrescentados ao Conselho Geral da Fraternidade, colocando assim Dom Fellay de volta à sede do poder na Fraternidade da qual ele acabava de ser destituído alguns dias antes. Mas é possível que os tão dóceis e respeitosos capitulares tivessem votado por tal medida se esta não agradasse ao próprio novo Superior Geral? E ainda mais, se não tivesse sido proposta pelo próprio Pe. Pagliarani?

Tais questões seguem como especulações até que os fatos sejam conhecidos, mas não são especulações vãs, porque o curso da Fraternidade nos próximos anos depende bastante da Igreja Universal. Será que a Fraternidade se tornará novamente o baluarte central da resistência à apostasia conciliar que causa estragos na Igreja, ou ela se juntará a esse movimento de apostasia? Dentro da Igreja oficial a Fraternidade sempre foi numericamente insignificante quando comparada com todas as outras instituições que compõem a Igreja Universal, mas a fidelidade única da Fraternidade à doutrina católica e aos Sacramentos de todos os tempos, que estão sendo abandonados ou pervertidos pelas mais altas autoridades da Igreja, fez com que a Fraternidade fosse uma força por levar-se em conta. A posição do Arcebispo em relação à Verdade tornou-o temível. Os Papas conciliares não podiam tragá-lo nem cuspi-lo. Mas eles há muito tragaram e comeram Dom Fellay.

O tempo dirá como o Pe. Pagliarani lidará com suas imensas responsabilidades. Enquanto isso, oramos por ele, mas não estamos humanamente esperançosos. É grande demais o risco de que os líderes da Fraternidade sigam o restante dos líderes do mundo, e transformem a Fraternidade em um "videogame manipulado", como alguém descreveu tão bem o mundo de hoje. Para castigar a humanidade que abandona a Deus em todos os lugares, Ele está dando poder aos seus inimigos para erradicarem os últimos restos mortais de Cristo e da civilização cristã. No entanto, pelo menos por um tempo ainda as aparências de Cristo e de Sua Igreja devem ser mantidas até que não despertem mais a nostalgia dos homens que estão sendo descristianizados. Daí o videogame sem realidade sob as aparências que se desvanecem. Daí a manipulação das eleições e de Capítulos para instaurar o Admirável Mundo Novo, sem Cristo e sem Deus.

Infelizmente, para esses pobres inimigos... Deus existe, e o braço de Nosso Senhor se torna mais e mais pesado!

Kyrie eleison.










domingo, agosto 12, 2018

Comentários Eleison: Capítulo Geral - III

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DLXXVIII (578) (11 de agosto de 2018):



CAPÍTULO GERAL – III


Deus poderá trazer ao porto a Igreja ou a Fraternidade,
Mas não o fará enquanto os homens rejeitarem Sua bondade.

Quando a Verdade católica e a Autoridade católica se separam, como no Vaticano II, não pode ter sido a verdade que se moveu, uma vez que a doutrina católica não muda. Só a Autoridade é que pode ter-se movido, e, portanto, só as autoridades da Igreja podem ser as culpadas pela separação. Essa é mais uma razão para que se dê muito valor às autoridades que não traíram a Verdade, como o Arcebispo Lefebvre e sua Fraternidade Sacerdotal São Pio X. É mais uma razão para dar pelo menos mais uma olhada no que aconteceu com esta em seu recente Capítulo Geral – terá a Fraternidade realmente voltado à trilha do Arcebispo que ela deixou em 2012, ou a ela se aplica o provérbio francês: “Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas”?

No início do Capítulo, três novos homens foram eleitos para formar o triunvirato (corpo de três homens) que dirige a Fraternidade, e muitos bons sacerdotes da Fraternidade respiraram aliviados e aproveitaram uns poucos dias de verdadeira esperança para o futuro. Mas então, no final do Capítulo, foram eleitos para o Conselho Geral da Fraternidade, onde as decisões mais importantes são tomadas, o Superior Geral anterior junto com seu predecessor como tal. Isto se deu pela criação de uma novidade na Fraternidade, um novo posto de “Conselheiro”. E o coração desses bons sacerdotes deve ter-se afundado no peito. Que esperança poderia haver agora para uma mudança no curso desastroso da Fraternidade, da Verdade fiel para as autoridades infiéis, quando os dois principais arquitetos deste curso foram restabelecidos no Conselho Geral da Fraternidade?

Pelo menos um dos participantes do Capítulo teve a garantia de que os dois “conselheiros” não viverão na sede da Fraternidade em Menzingen, na Suíça; que eles só estarão aconselhando sobre questões relacionadas à criação ou ao fechamento de casas da Fraternidade e à admissão ou à expulsão de membros dela; que a criação dos “conselheiros” foi um movimento inteligente do Capítulo porque ajudará a curar as divisões na Fraternidade. Alguém se sente aliviado? Menzingen deve recuperar a confiança que sua política ambígua foi perdendo durante vinte anos. Aqui está um comentarista entre muitos que não confiam nas recentes palavras suavizadoras dos dirigentes da Fraternidade:

Na realidade, a eleição – estabelecida de antemão – do Pe. Pagliarani como novo Superior Geral disfarça a política também estabelecida de antemão de confirmação do statu quo quanto à direção futura da Fraternidade. Desavergonhadamente foram colocados ao lado do Novo Superior mais dois assistentes, dificilmente destacáveis por sua resistência à Roma modernista. Além disso, o Capítulo teve a ousadia de inventar a função de dois “Conselheiros”, desconhecida nos Estatutos da Fraternidade, e de “eleger” para o cargo os dois personagens mais favoráveis ​​a um acordo com Roma que a Fraternidade já teve: o Pe. Schmidberger, conhecido por sua amizade com o cardeal Ratzinger; e o Bispo Fellay, conhecido por seus “novos amigos” em Roma e por sua dedicação em liquidar a Fraternidade para ser entregue de mãos e pés atados aos apóstatas romanos.

O quadro que emerge não é necessariamente o da rendição incondicional, mas que se vislumbra uma nova maneira de aproximar-se de Roma, com um pouco mais de cautela e um pouco mais de diplomacia para com os sacerdotes e fieis da Fraternidade. No entanto, dado que Deus tanto vê como prevê, e que enquanto o homem propõe, é Deus quem dispõe, então outra possibilidade é que Nosso Senhor intervenha e infunda no relativamente jovem Pe. Pagliarani os Dons de Conselho, de Fortaleza e de Temor de Deus que ele precisará para endireitar o curso do bote salva-vidas da Fraternidade e trazê-lo com segurança para o porto. Que se faça a vontade de Deus!

Para ser justo, o Capítulo conseguiu mudar o Superior Geral, que era a coisa mais importante que tinha de fazer. O Bispo Fellay e o Pe. Schmidberger como “conselheiros” podem continuar conspirando com os romanos para que o que resta da Fraternidade do Arcebispo se ponha sob o calcanhar da Roma conciliar, mas o poder supremo na Fraternidade agora pertence ao Pe. Pagliarani. Ele fará bom uso disso? Só Deus o sabe. “A caridade... tudo crê, tudo espera” (I Cor. 13, 7). Devemos orar por ele.

Kyrie eleison.

segunda-feira, agosto 06, 2018

Comentários Eleison: Capítulo Geral - II

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DLXXVII (577) (04 de agosto de 2018):



CAPÍTULO GERAL – II


Meu Deus, eu não posso. Eu devo.
Vós podeis. Eu imploro. Eu confio!


Ao menos por enquanto, pode-se razoavelmente julgar que o Capítulo Geral da Fraternidade São Pio X terminou em mais uma derrota disfarçada para a Fé Católica. É uma pena que os quarenta principais sacerdotes do que uma vez foi a Fraternidade de Dom Lefebvre não compreendam toda a dimensão da a crise da Igreja e mundial em que todos nos encontramos hoje, mas essa é a realidade. De certa forma, não se pode culpá-los, porque não são nem mais nem menos do que filhos de sua época. Dado que estamos vivendo em tempos pré-apocalípticos, por que os sacerdotes da Fraternidade deveriam ser poupados das tentações e da cegueira que desde o Vaticano II reduziram a massa dos bispos e sacerdotes da Igreja? A Igreja tem a promessa de Nosso Senhor de que nunca falhará (Mt XXVIII, 20), mas a Fraternidade nunca teve tal promessa.

Portanto, quem os católicos que desejam salvar suas almas “get real [caiam na real]”, como dizem os americanos, ou conformem suas mentes à realidade de nossa situação. Por exemplo, uma mãe angustiada dos Estados Unidos me escreveu sobre sua preocupação com os filhos:

“Eu quero que meus filhos tenham outros filhos que amem a Fé. E quero que tenham outras oportunidades para que conheçam fiéis católicos e talvez se casem um dia. Eu tenho um filho de apenas doze anos e gostaria de ser padre. Qual é o futuro para eles? Haverá sempre no nosso entorno um padre da “Resistência”? E que tal uma escola? E meu filho estará seguro entrando em um seminário?” Deve haver hoje muitas mães católicas com a mesma ansiedade. Respondi com a imensa necessidade que todos os católicos têm hoje de compreender a realidade e de conformar-se a ela:


Querida Mãe,

ACOSTUME-SE À IDEIA DE QUE PARA UM FAMINTO UM PEDAÇO DE PÃO É UM LUXO. A Igreja encontra-se em estado faminto. Então:

1 A cada dia basta o seu cuidado, diz Nosso Senhor (Sermão da Montanha). Pode haver ou não um seminário decente quando seu filho de doze anos crescer. Se não houver, isso significará que Nosso Senhor não quis que ele fosse sacerdote. Mas muita água passará sobre a represa entre o agora e o então.

2 Um sacerdote da “Resistência” em seu entorno? Só o tempo dirá. Enquanto isso, você não é obrigada a ir a missas que diminuem sua fé, na realidade você pode ser obrigada a não ir a elas. Que você e seu marido julguem. Mas se você não assistir a uma Missa pública, você deve adorar a Deus em casa regularmente no domingo. Este é o Terceiro Mandamento. Seu exemplo ensinará seus filhos.

3 Uma escola da “Resistência” seria um superluxo. Enquanto isso, enquanto as crianças REALMENTE ouvem seus pais biológicos, isso está no fundo de sua natureza. Você pode enviá-los para as escolas não tão boas, contanto que você tenha o Rosário em casa, e vigie atentamente todas as influências que venham a influenciá-los, especialmente sua música... Não os deixe sozinhos em seus quartos com nenhum aparelho eletrônico. Mantenha esses aparelhos maus fora de casa, o mais longe possível.

4 Basta para o dia o seu próprio mal. Lembre-se do que disse Santo Ambrósio a Santa Mônica: “O filho de muitas lágrimas (o futuro Santo Agostinho) não pode-se perder”. Chore lágrimas de sangue, se é necessário para a salvação de cada um dos seus filhos – o que é mais importa? –, mas ao mesmo tempo tenha uma confiança ilimitada no Sagrado Coração de Jesus e no desejo e poder de Sua Mãe para obter sua salvação.

Portanto, caros leitores, o Arcebispo e sua Fraternidade eram um superluxo. É normal demais que hoje a percamos. Devemos “cingir nossos rins”, ou seja, apertar nossos cintos e pensar em salvar nossas almas sem ela. A graça de Deus está sempre presente. “O auxílio de Deus está mais próximo que a porta”, diz o provérbio irlandês.

Kyrie eleison.

*Traduzido por Cristoph Klug.