sábado, setembro 28, 2013

Comentários Eleison: Segredo de Fátima

Comentários Eleison – por Dom Williamson  
CCCXXIV – (324) – (28 de setembro de 2013): 

 SEGREDO DE FÁTIMA


Mais uma vez uma reconstituição da terceira parte do Segredo de Fátima vem à tona, revelada pela Mãe de Deus à Irmã Lúcia de Fátima em 1917, no mês de julho. A Santa Virgem quis que ela fosse publicada no mais tardar em 1960, mas os pérfidos prelados no controle de Roma fingiram que a Virgem havia permitido que ela fosse publicada a partir de 1960, e até hoje permanece trancada. Das dicas sobre seu conteúdo reveladas por uns poucos clérigos que tiveram acesso a ele, muitas tentativas têm sido feitas para reconstituí-lo. Essa última tentativa tem muito a seu favor. Aqui está a sua história.

O Cardeal Ottaviani (1890-1979) foi um alto clérigo sob os Papas Pio XII, João XXIII e Paulo VI, principal protetor da Fé de 1959 a 1968. Tendo lido o Segredo, mas obrigado a manter o sigilo, ele achou um jeito de revelá-lo sem o revelar. Adicionando conteúdo a fim de tornar o Segredo original duas a três vezes mais longo, ele permitiu que a versão estendida fosse publicada, particularmente em uma revista alemã chamada Neues Europa. Mas as autoridades do Vaticano puderam facilmente rejeitá-la sob a alegação de ser falsa, como é até hoje considerada, porque era sabido que o Segredo original tinha apenas 25 linhas escritas à mão.

Contudo, o Cardeal tinha um amigo, Dom Luigi Villa (1918-2012), um padre valente e defensor da verdadeira Igreja, especialmente contra a maçonaria. Em algum momento o Cardeal revelou ao Pe. Villa exatamente quais partes da longa versão pertencia ao Segredo original, e Dom Villa, por sua vez, disse o mesmo a seu fiel colaborador leigo, o Dr. Franco Adessa, que acaba de colocar a mesma informação em um livro recentemente publicado na França. Aqui então estaria o Terceiro Segredo original:

“Um grande castigo cairá sobre toda a humanidade, nem hoje, nem amanhã, mas na segunda metade do século vinte. Em nenhum lugar do mundo há ordem, e Satanás reinará nos mais altos postos, determinando o curso dos eventos. Ele conseguirá trilhar o seu caminho até o topo da Igreja. Para a Igreja também virá o tempo de suas maiores provações. Cardeais irão se opor a cardeais, bispos irão se opor a bispos. Satanás marchará entre eles, e ocorrerão mudanças em Roma. O que está podre irá cair, o que cair não irá se reerguer. A Igreja será obscurecida e o mundo dominado pelo terror. Uma grande guerra ocorrerá na segunda metade do século vinte. Fogo e fumaça cairão do Céu, as águas dos oceanos se tornarão vapor, a espuma do mar irá subir, destruindo e inundando tudo. Milhões e milhões de homens morrerão entre uma hora e outra, enquanto aqueles que sobreviverem invejarão os mortos. A morte estará em todo lugar por causa dos erros cometidos pelos loucos e pelos capangas de Satanás, que então, e só então, reinará sobre o mundo. Finalmente, enquanto aqueles que sobreviverem a esses eventos permanecerem vivos, proclamarão Deus e Sua Glória mais uma vez, e servirão a Ele como o homem costumava fazer quando o mundo ainda não havia se tornado tão perverso”.

Pe. Nicholas Gruner, um especialista em Fátima, acha que essa versão do Segredo pode estar incompleta, faltando uma menção ao Apocalipse e a ação recomendada. Alguém pode também objetar que a segunda metade do século vinte veio e se foi sem nenhuma guerra mundial. Mas os loucos não têm fomentado a guerra no Oriente Médio, continuamente, desde bem antes do ano 2000 até hoje? E é digno de nota que cada frase nessa versão do Segredo ocorre na versão da Neues Europa (acessível na internet), em meio a um material retirado ou copiado de outras fontes piedosas.

De qualquer modo, possa Deus verdadeiramente ter piedade de todos nós e nos deixar rezar o Rosário sem cessar.
                                                                                               
Kyrie Eleison     

sábado, setembro 21, 2013

Comentários Eleison: Queda Horrível III


Comentários Eleison – por Dom Williamson 
CCCXXIII – (323) – (21 de setembro de 2013):
  
 
QUEDA HORRÍVEL III

            No último mês de junho, foi prometido aos leitores destes “Comentários” um terceiro artigo sobre a horrível queda da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, visando a considerar o que pode ser feito. Apenas recentemente apareceu no site “Avec l’Imaculée” um artigo com algumas boas respostas a essa questão, começando com a questão de se os católicos podem frequentar as Missas da FSSPX. Eu resumo e adapto:

            Em 1984, um Indulto de Roma permitiu que a Missa Tridentina fosse celebrada, sob certas condições, dentro da estrutura da Igreja oficial. Perguntado se os católicos poderiam frequentar essas Missas, o Arcebispo Lefebvre respondeu logo em seguida que eles não deveriam, porque sua reentrada na estrutura da Igreja mainstream sob aquelas condições seria equivalente a aceitar o Vaticano II e suas reformas subsequentes. Os padres rezando Missa do Indulto não seriam capazes de falar livremente, e ao aceitarem implicitamente a Nova Missa com o Indulto, eles correriam o risco de cair na nova religião conciliar, levando seus fiéis com eles.

               Em 2012, o Bispo Fellay declarou que a Nova Missa foi legitimamente promulgada, o que é o mesmo que dizer que ela é legítima. Ele segue reprimindo as críticas ao Vaticano II e, enquanto continua mantendo padres e fieis no escuro tanto quanto lhe é possível no tocante ao que realmente pretende, ele constantemente promove as ideias de sua Declaração pró-conciliar de abril de 2012. Portanto, assim como o Arcebispo rejeitou a frequência na Missa do Indulto, agora, como regra geral, freqüentar as Missas da FSSPX deve ser rejeitado, porque mesmo se sua Missa particular continua sendo celebrada de acordo com a Tradição, a FSSPX está sendo remodelada em geral como uma estrutura dentro da qual a nova religião conciliar vem sendo menos e menos desaprovada, e por isso há mais e mais perigo em freqüentar suas Missas.     

            Entretanto, os padres particulares da FSSPX variam entre os genuinamente tradicionais e os virtualmente conciliares. Obviamente há menos perigo em freqüentar as Missas dos primeiros que as destes últimos, mas se o padre aceita tanto defender e aprovar a nova direção imposta pelo QG da FSSPX, ou se ele persegue e exclui dos sacramentos qualquer um que tome parte na Resistência, estes são dois sinais de que suas Missas devem ser evitadas, especialmente se há a Missa de um padre resistente não muito distante. Mas há circunstâncias que também entram no jogo, como aquelas em que, por exemplo, há o risco de uma criança sendo tirada de uma escola decente da FSSPX, o que pode justificar a freqüência em um local de Missa da Fraternidade. Quando o tronco de uma árvore está podre, ainda pode haver ramos de onde brotam folhas verdes.

             O fato é que o tronco da FSSPX está mortalmente ferido, sem esperança, humanamente falando, de recuperação. Como a Sinagoga entre a morte de Nosso Senhor na Cruz e a destruição de Jerusalém em 70 d.C., ela está levando a morte dentro dela, mas ainda não está morta. Os Apóstolos pregavam ali, e os bons judeus ainda assistiam, mas todos eles foram perseguidos e eventualmente expulsos. Se um católico pode ver hoje que por todo o corpo da FSSPX, de cima a baixo, o vírus mortal de uma mentalidade conciliar disfarçada está se propagando, ele deve agir no sentido de ajudar a resgatar tantas almas quanto lhe for possível antes que elas naufraguem na fé com o barco salva-vidas que está afundando.

            Que eles modelem suas próprias convicções, lendo tudo o que tiver ao seu alcance, a começar pela troca de cartas entre os três bispos e o Bispo Fellay em abril de 2012. Que eles falem aos padres e colegas paroquianos para coordenar, por exemplo, a construção de refúgios para padres que podem não ter outro meio para agir. Há muito a ser feito, mas há poucos, no momento, para fazerem. Que Deus esteja com esses poucos.

Kyrie eleison.   

sábado, setembro 14, 2013

Comentários Eleison: Conciliarizando Apressadamente

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXII – (322) – (14 de setembro de 2013):
  
 
 CONCILIARIZANDO APRESSADAMENTE

            Um bom artigo defendendo que a Declaração de 27 de junho dos três bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X não é tão fiel à Tradição Católica quanto ela parece ser, foi publicado na edição de agosto da nova revista mensal Católica da Inglaterra, The Recusant, que se descreve como “ um boletim não oficial lutando em uma guerrilha pela alma da Tradição.” Uma breve visão geral mal pode fazer justiça às sete densas páginas do artigo, mas a linha de pensamento principal merece ser conhecida. Aqui está ela –

            À primeira vista, a Declaração de 27 de junho parece ser Tradicional, mas, com os documentos do Vaticano II <A> há normalmente uma fenda, uma falha fatal, que faz com que o resto dos documentos estejam incompletos. Vamos dar uma olhada mais de perto, parágrafo por parágrafo: --

#1 Uma “gratidão filial” é expressada ao Arcebispo Lefebvre, mas estão incluídas na Declaração apenas citações suas inofensivas e suaves, nada de seu sermão das consagrações de 1988, e nenhuma de suas duras razões para investir bispos que resistam aos “anticristos” em Roma.   

#3 É admitido que a “causa” dos erros que estão devastando a Igreja Católica está nos documentos conciliares, mas isso é não admitir que os erros estão ali, já que causa e efeito não podem ser idênticos. Ainda assim, os mais sérios erros estão eles mesmos nos textos do Concílio, como por exemplo, o da liberdade religiosa.

#4 É reconhecido que o Vaticano II mudou e viciou a maneira de ensinar da Igreja, ou a sua autoridade para ensinar, mas o principal problema não é de autoridade, mas de doutrina – ver #8.

#5 Apenas relativamente a linguagem suave é usada para evocar a “não preocupação” com o “Reino de Cristo” por parte da Igreja conciliar. De fato, a Igreja conciliar nega e contradiz a completa e verdadeira doutrina do Reinado Social de Cristo Rei, a bandeira de batalha do Arcebispo e dos verdadeiros católicos hoje.

#6 Como no #3, é admitido que os ensinamentos dos textos do Concílio sobre liberdade religiosa levam à dissolução da imagem de Cristo, mas o texto é que dissolve, ou coloca o homem no lugar de Deus. O Vaticano II é o fruto não apenas da fraqueza ou desatenção humana, mas de uma conspiração diabólica.  

#7 Similarmente, o ecumenismo e o diálogo interreligioso não estão apenas “silenciando a verdade sobre a única e verdadeira Igreja”, eles a estão negando e contradizendo. Nem estão apenas “matando o espírito missionário”, eles estão matando as missões, e com elas milhões de almas ao redor do mundo.

#8 Por outro lado a ruína das instituições da Igreja é a culpada pela destruição da autoridade dentro da Igreja, por meio da colegialidade e do espírito democrático do Concílio. Mas o problema essencial (como a sentença aberta do parágrafo fracamente diz) é a perda da fé. A autoridade é secundária.

#9 Enquanto aponta para as faltas reais e sérias omissões no rito da Missa Novus Ordo, nenhuma menção é feita à carnificina geral de almas produzida pela falsificação de sua adoração a Deus. A Missa Novus Ordo tem sido o principal motor da destruição da Igreja desde 1969 até os dias de hoje.

#10 Concluindo, uma linguagem tímida e deferente é usada para “pedir com insistência” que Roma retorne à Tradição. Mas é claro, de acordo com a FSSPX “com nova marca”, a Neo-Fraternidade não quer mais lutadores ou falar de luta.

#11 Os três bispos “mencionam...seguir a Providência”, retorne Roma à Tradição ou não. O que mais pode isso significar que não a eventual aceitação de um tratado que irá passar por cima da doutrina?

#12 A Declaração conclui piamente, com outra citação gentil do Arcebispo.

            E a Recusant chega à triste, mas muito provável conclusão de que a Declaração é apenas um aparente passo atrás das Declarações de 15 de abril e de 14 de julho do ano passado, que foram dois claros passos em direção à conciliarização da FSSPX. Que Deus a ajude!


Kyrie eleison

sábado, setembro 07, 2013

Comentários Eleison: Resistência, Organizada?

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXI – (321) – (7 de setembro de 2013):
  
 
 Resistência, Organizada?


            Continua o debate sobre se e como a “Resistência” de hoje deveria ser organizada (vamos aqui definir “Resistência” como antigos membros ou seguidores da Fraternidade Sacerdotal São Pio X tão transtornados com sua mudança de direção recentemente manifesta, que resolveram agir de algum modo para resistir a essa mudança). Em linhas gerais, os (relativamente) jovens querem uma organização para uma ação coordenada e mais efetiva, enquanto os mais velhos tendem a pensar que qualquer organização estruturada já não é mais possível, ou mesmo desejável, diante das caóticas circunstâncias atuais.
           
            Para começar, é preciso tirar a medida do caos. Essa vem essencialmente do pastor sendo ferido e as ovelhas dispersas (Zc 13, 7; Mt 26, 31). Acredite-se nisso ou não, goste-se disso ou não, para o mundo inteiro, esse pastor é o Papa católico. Como observamos hoje, se ele enlouquece, então no mundo inteiro não há mais ninguém que possa restaurar a ordem. Isso porque o Deus Encarnado fez de sua Igreja o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5, 13-14), e Ele projetou essa Igreja como uma monarquia, um projeto que nem mesmo o Vaticano II pôde desfazer. Por isso ninguém pode tomar o lugar do Papa; e se ele diz coisas como: “quem sou eu para condenar um homossexual que busque Deus?”, como o presente ocupante da Sé de Pedro disse recentemente, então “tudo volta ao caos”, e há muito pouco o que alguém possa fazer sobre isso, além de orar pela intervenção de Deus.   

            Não obstante, o Arcebispo Lefebvre fez tudo o que podia, e pela misericórdia de Deus ele criou uma ilha de sanidade e ordem, a FSSPX. Mas, naturalmente, sob pressão de um Papa conciliar depois de outro, seus sucessores vieram se entregando. Eles perguntam: “como podemos ser católicos e desobedecermos o Papa?” – confusão e caos. De qualquer modo, o Arcebispo teve tanto sucesso ao organizar a resistência ao Concílio, que muitos daqueles que entendem o que ele estava fazendo desejam organizar a resistência àqueles que o estão traindo. Mas ela pode ser organizada? Eis a questão.

            Um sábio colega, velho suficiente para ter feito campanha firme e efetiva ao lado do Arcebispo na expansão pelo mundo da FSSPX nos anos de 1970 e 1980, lembra daqueles primeiros dias, quando alguns padres resistiam com sucesso ao Concílio no mundo inteiro, lembra do que eles fizeram independentemente um do outro e do Arcebispo. Eles deram ouvidos a ele porque falava de acordo com o bom senso católico, pelo qual muitos reconheceram sua autoridade moral; mas nenhum deles o obedeceu no senso estrito, e ele não exigiu de nenhum deles tal obediência. Sem o Papa, a obediência católica estruturada seria e continua sendo impossível. Meu colega aponta que mesmo a Fraternidade do Arcebispo resistiu à Igreja liberal e ao mundo por apenas 30 ou talvez 40 anos, e a situação é um tanto pior agora do que era em seu tempo. Quando a pátria é ocupada pelo exército do inimigo, meu colega conclui, é impossível organizar um exército de defesa. Tudo o que resta é o combate por meio de guerrilhas.  

            Em minha opinião, ele retratou de modo acurado o aumento do caos quando escreve: “a hora de Deus e do Imaculado Coração chegará (como ela disse) apenas quando tudo parecer perdido, o que precisa incluir a pequena FSSPX. A principal ilusão do Bispo Fellay foi ter pensado que a grande FSSPX deveria salvar a Igreja, ao que o Demônio acrescentou: “de dentro, como um Cavalo de Tróia”. Tudo o que nós de fato precisávamos fazer era construir a Arca de Noé para o que resta da fé, em conformidade com os planos do fundador, e construí-la até o dilúvio. Um líder iludido abriu a porta da Arca antes do tempo, e a Arca passou a inundar. Que Deus tenha misericórdia de todos nós. O líder não era Noé, mas o capitão do Titanic.”


Kyrie eleison.