domingo, março 29, 2020

Comentários Eleison: O Mundo Transformado

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCLXIII (663) – (28 de março de 2020):




O Mundo Transformado


Se os líderes terrestres fossem anjos, nós perderíamos,
O que Deus quis para nós, que é a felicidade celestial.

Dois eventos estão sacudindo o mundo, o coronavírus e o colapso do que tem sido o sistema financeiro mundial durante, talvez, os últimos dois séculos. Os dois eventos podem muito bem estar conectados. Vários comentaristas estão realmente mencionando Deus Todo-Poderoso, pelo menos com relação à propagação mundial do coronavírus, porque essa propagação é como uma praga, e, em épocas passadas em que não havia outro remédio, as pragas costumavam fazer os homens se voltarem para Deus. Mas esse Deus – que não mudou – quase certamente está desempenhando um papel mais importante nos dois eventos hoje do que a maioria das pessoas pensa.

Isso quer dizer que Deus causou a infecção mundial pelo coronavírus? Indiretamente, sim, porque Ele previu isso desde a eternidade e decidiu deixar que acontecesse. E que bem maior essa Sua permissão para a infecção poderia trazer? Vimos os governos de muitos países imporem restrições tais aos movimentos de seus cidadãos, que esses países estão virtualmente paralisados. Isso está dando aos cidadãos uma oportunidade séria para que se deem conta, em primeiro lugar, do quão frágil é o funcionamento de seu modo de vida moderno, tão vangloriado: nem é tão robusto, nem eles são os campeões da realidade, como poderiam ter pensado. E, em segundo lugar, pela grave interrupção de sua corrida de ratos normal, estão-lhes sendo dados um tempo e uma oportunidade que normalmente nunca teriam para refletir sobre essa mesma corrida de ratos: Quem sou eu? O que é a minha vida? O que estou fazendo com ela? Para onde vou? Infelizmente, muitos cidadãos modernos, assim providencialmente refreados, só querem acelerar novamente para voltarem a distrair-se dos pensamentos que evocam algo mais alto do que a sua apaixonante corrida de ratos...

Outra razão pela qual Deus pode não ter causado diretamente o coronavírus é a quantidade de especulações sérias de que o vírus não provém da natureza de Deus, mas dos laboratórios dos homens, onde os vírus da natureza são artificialmente muito mais prejudiciais e contagiosos para servirem como potenciais armas de guerra. E se é daí que vem o coronavírus, a quem pode culpar os homens por ele, senão a outros homens?

E não há apenas a manipulação do vírus, mas também a sua liberação – como ele escapou dos laboratórios para ameaçar a humanidade? A fuga foi um acidente ou foi uma liberação deliberada? Novamente, há muita especulação de que não foi um acidente, mas teria sido programada criminosamente para coincidir com o colapso do sistema financeiro mundial, também planejado. O vírus ajudaria o colapso de duas maneiras: em primeiro lugar, deteria, ainda que por um breve período, uma parte significativa do funcionamento das economias do mundo, forçando falências e um aumento generalizado do endividamento e da escravidão ao Poder Monetário global; e, em segundo lugar, um pânico exagerado sobre o vírus na mesma grande mídia dos globalistas serviria para distrair a humanidade de sua escravização, que dá um importante passo adiante. Certamente, se a crise financeira foi deliberada, a coincidência do vírus teria sido uma sorte inesperada para quem estaria por trás da crise.

Seja como for, há alguém por trás do crash de março das bolsas de valores ao redor do mundo, que de maneira nenhuma acabou? É claro que sim. O Poder do Dinheiro, que controla os governos com os quais trabalha, e tem tanto dinheiro à sua disposição que pode oscilar à vontade as bolsas de valores supostamente livres, para cima ou para baixo. Essas quedas a partir deste mês de março foram projetadas para causar uma grande transferência de riqueza dos pequenos investidores para o Poder do Dinheiro. Nesse caso, criou desde 1987 um mercado em alta de 33 anos para atraí-los e, uma vez que eles entraram, quebrou o mercado para despojá-los de seus ativos, enquanto ele mesmo apostava no mercado em queda e fazia uma fortuna. E os governos protegem o Poder do Dinheiro, porque ele os comprou há muito tempo.

E Deus Todo-Poderoso? “Meus filhos, se insistis em adorar Mamon e o materialismo em vez de Mim, é isso que vos acontecerá: Vós desprezastes a minha religião para substituí-la pela política. Adorastes vossos governos em vez de vosso Deus. Vós acreditastes em dinheiro em vez da caridade para com vossos semelhantes. Vós estais surpresos agora que os governos, a política e o dinheiro os decepcionam? Ou estais magoados porque vos tenha decepcionado? Filhos, estou vos oferecendo o Paraíso, e por toda a eternidade!

Kyrie eleison.

segunda-feira, março 23, 2020

Comentários Eleison: Malícia do Modernismo - III

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCLXII (662) – (21 de março de 2020):


Malícia do Modernismo – III



No princípio era meu altíssimo intelecto.
Ele deixa bastante para trás a pobre realidade de Deus!

Se existe algo que um sacerdote católico precisa conhecer e compreender a fundo hoje em dia, é a frase fundamental no coração da grande carta encíclica de São Pio X, Pascendi, escrita em 1907 para defender a Igreja e a humanidade da ameaça mortal do modernismo. O modernismo é o movimento de pensamento e ação pelo qual os homens deixam de mudar o mundo para adaptá-lo a Cristo e Sua Igreja, e trabalham, em vez disso, para mudar Cristo e Sua Igreja para adaptá-los ao mundo moderno. E qual é a frase fundamental da Pascendi pela qual isto deve ser feito? Ei-la, retirada do parágrafo 6 (ou de outro próximo) da Encíclica:

“A razão humana está completamente confinada no campo dos fenômenos, isto é, das coisas perceptíveis aos sentidos e da maneira com que são perceptíveis; ela não tem o direito nem o poder de ir além desses limites”.

Em outras palavras, a mente humana, que na verdade lê o dia inteiro por trás do que aparece aos sentidos, é finalmente declarada pelo homem moderno como incapaz de ler por trás das aparências! Em outras palavras, o que me parece uma porta poderia ser uma parede, o que me parece uma parede pode ser de fato a porta. Do que se deduz que pode ser melhor eu tentar atravessar a parede do que atravessar a porta! Certamente, essa é uma estupidez tão grande que ninguém ficará surpreso ao saber que mesmo os seguidores modernos de Immanuel Kant (1732-1804), que inventou a estupidez, raramente tentam atravessar paredes. Em outras palavras, eles conseguem viver sem levar a sério a sua própria filosofia. Eis por que a filosofia moderna ficou com uma reputação tão ruim. No entanto, o completamente estúpido Kant reina supremo nos departamentos de filosofia de quase todas as "universidades" de nosso tempo! Como isso pode ser possível?

Porque Kant é o grande libertador. Foi ele quem de uma vez por todas libertou a mente da realidade. Foi ele quem decretou que a mente está livre da realidade externa porque não tem acesso a ela! A mente não pode chegar à realidade tal como é em si mesma, o "Ding an sich", porque não pode ir para o que está por trás do que os sentidos lhe mostram. Não importa se eu posso viver apenas assumindo vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, que meus sentidos me estão dizendo o que é real ao meu redor, como o que minha mente ou intelecto é capaz de decifrar aquilo, ou ler dentro daquilo, que meus sentidos me mostram. A partir de Kant, a realidade à minha volta é cada vez menos interessante. O que importa é a "filosofia transcendental", como ele a chama, ou seja, o pensamento que subirá às alturas e penetrará as profundezas da minha fantasia com independência total da realidade enfadonha do cotidiano, como as portas e as paredes. Minha mente decolou! Minha mente está livre da realidade! De agora em diante, tudo o que eu quero é "verdadeiro"! De fato, a palavra "Verdade" assumiu um significado muito diferente. De fato, todas as palavras adquirem um significado transcendental. A liberdade reina na minha cabeça!

No entanto, se alguém insistir em levar-me de volta ao que chama o mundo real, ainda posso optar por assumir, como todos os pobres não universitários, que para continuar sobrevivendo (“ui!”) no mundo enfadonho (“ui!”), é melhor não tentar atravessar aquilo que parece parede, e é melhor não tentar comer pedras. Em outras palavras, minha mente é transcendentalmente superior a, e livre de, todo o seu "senso comum" ("ui!"), Mas ainda posso operar de acordo com ele – quando eu escolher – para propósitos da vida diária ("ui!”).

Ora, a liberdade é a verdadeira religião do homem moderno, e é a religião aparente, aquela que tem na vida de muitos católicos todas as aparências, mas nada da substância da verdadeira religião. Como diz São Paulo: "No final dos tempos... os homens... manterão a forma da religião, mas negarão o poder dela" (II Tim. III, 1-5), em outras palavras, manterão as aparências, mas negando a substância. O que são esses católicos? Eles são precisamente católicos kantianos, ou modernistas, porque quase todo mundo hoje em dia é kantiano, porque quase todo mundo hoje em dia adora a liberdade, e foi Kant quem finalmente lhes deu a chave para sair da prisão da realidade de Deus e escapar para as nuvens da modernidade transcendental. Sempre posso submeter-me a Deus novamente pelo tempo que eu quiser, mas Ele não pode mais manter-me em cativeiro. Eu sou livre, eu sou livre, eu sou livre!

A incrível perversidade, o incrível orgulho e a incrível perfídia de Kant deveriam começar a serem expostos. Mais do que nunca,

Senhor, tende piedade.


domingo, março 15, 2020

Comentários Eleison: Malícia do Modernismo - II

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCLXI (661) – (14 de março de 2020):


Malícia do Modernismo – II


Ante Deus, somente a humildade convém ao homem.
Ante Deus, o orgulho, se puder, destrói um homem.

A malícia do modernismo é um assunto muito extenso, e não menos do que aquele de um mundo inteiro voltando-se contra seu Criador no final de um processo que dura vários séculos, desde que, no auge da Idade Média, a Cristandade tombou, passando da ascensão para a queda. A ascensão havia começado no ano 33 d.C., evidentemente, quando Nosso Senhor Encarnado fundou a única Igreja verdadeira de Deus com Seu sacrifício na cruz. A Idade Média poderia ser datada desde o Pontificado de Gregório Magno (590-604) até a eclosão do protestantismo e o início da era moderna em 1517, tendo durado quase um milênio.

Mas havia uma grande diferença, naturalmente, na atitude da humanidade em relação a Cristo e Sua Igreja antes e depois da Idade Média: antes da Idade Média, o Cristianismo se mostrava cada vez mais como sendo o melhor fundamento para a civilização, enquanto após a Idade Média isto passou a ser demonstrado amplamente, de modo que, nesse período, sua superioridade em relação a todas as outras religiões teve de ser reconhecida mesmo enquanto ele estava sendo recusado na prática. Isso significa que todos os pretendentes substitutos do Catolicismo que surgiram após a Idade Média são caracterizados por uma hipocrisia que precisava ser cada vez mais sutil para que eles pudessem fazer-se passar por verdadeiros substitutos do Catolicismo.

Assim, Lutero rejeitou brutalmente o Catolicismo, mas ainda fingiu que sua revolução era uma "Reforma", e depois que a Igreja Católica o expulsou, os jansenistas revolucionários criaram no século XVI uma forma protestante de catolicismo. Os jansenistas, por sua vez, transformaram-se em liberais no século XVIII, fingindo ter em sua maçonaria um culto iluminado superior ao dos protestantes e ao dos católicos, e quando a verdadeira Igreja repudiou resolutamente a Maçonaria no mesmo século XVIII, então os liberais se disfarçaram de católicos liberais no século XIX, e de liberais “atualizados” ou superiores aos católicos no século XX. São Pio X rapidamente diagnosticou e descartou esse modernismo na Pascendi, mas este, fazendo-se passar ainda mais sutilmente por um catolicismo atualizado, varreu com ele quase toda a Igreja no Vaticano II (1962-1965); e, no século XXI, o disfarce já era tão bom que até mesmo a Fraternidade Sacerdotal São Pio X oficial, fundada para resistir a esse neomodernismo, também foi essencialmente varrida.

Humanamente falando, é assustador perceber em 2020 como resta pouca resistência católica a essa ascensão do Diabo e a seus ataques contra a Igreja, mas foi isso que o Deus Sapientíssimo escolheu permitir, e, sem dúvida, Ele ainda está cuidando de Seu “pequeno rebanho”, como Nosso Senhor o chama: “Não temais, ó pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso pai dar-vos (seu) reino. Vendei o que possuis, e dai esmola. Provede-vos de tesouro inexaurível no céu, aonde não chega o ladrão, e (ao qual) a traça não rói. Porque onde está o vosso tesouro, aí está também o vosso coração”. (Lc. XII, 32-34). Em outras palavras, renuncie ao dinheiro e ao materialismo, porque Nosso Senhor nos adverte que não podemos servir a dois deuses ao mesmo tempo, e se servimos a Mamon, não podemos servir a Deus (Mt. VI, 24).

E se reconhecermos como somos vulneráveis aos erros, às mentiras e às blasfêmias sutis do diabo que dominaram o mundo que nos rodeia, então, como antídoto, rezemos o Rosário de Nossa Senhora, de preferência todos os 15 Mistérios por dia, porque Ela e somente Ela o coloca sob seus pés, como qualquer boa imagem dela, quadro ou estátua, nos lembra; e hoje em dia o mal é tão avassalador que os 15 mistérios não são demais, se rezá-los integralmente for razoável e possível.

E como é que uma humilde donzela judia pode ser mais forte do que Satanás com todas as suas "pompas e obras" é o segredo de Deus revelado tanto por Nosso Senhor: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos prudentes, e as revelaste aos pequeninos” (Mt. XI, 25), como por São Paulo: “Mas as coisa loucas segundo o mundo escolheu-as Deus para confundir os sábios; e as coisas fracas segundo o mundo escolheu-as Deus para confundir os fortes” (1 Cor. I, 27). Na próxima semana, veremos mais atentamente a hipocrisia do modernismo.

Kyrie eleison.

domingo, março 08, 2020

Comentários Eleison: Malícia do Modernismo - I

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCLX (660) – (7 de março de 2020):


Malícia do Modernismo - I


Líderes católicos, quando vocês compreenderão,
A praga que está cravada em sua Igreja?

Se a Fraternidade Sacerdotal São Pio X não é mais uma destacada ponta de lança da defesa da Fé Católica, como foi sob o Arcebispo Lefebvre (1905-1991), isso certamente se deve a que seus sucessores à frente da Fraternidade nunca entenderam tão bem quanto ele toda a malícia desse erro que está devastando a Igreja atualmente, que é o modernismo. De fato, cita-se o Arcebispo no final de seus dias dizendo que se ele tivesse lido mais cedo em sua carreira a Histoire du catholicisme libéral et du catholicisme social en France de 1870 à 1914 [História do catolicismo liberal e do catolicismo social na França de 1870 a 1914], do Pe. Emmanuel Barbier (1851-1925), teria dado aos seus seminaristas uma direção diferente. Se esse comentário é realmente autêntico, sugere que até o Arcebispo teria sido atingido pela malícia da modernidade. Da mesma forma, cita-se o valente fundador do periódico Si si no no na Itália, Don Francesco Putti (1909-1984), como tendo dito ao seu bom amigo, o Arcebispo: "Metade dos seus seminaristas são modernistas".

E é fácil subestimar a malícia da modernidade, porque ela vem desenvolvendo-se no Ocidente há séculos, e porque todos os ocidentais estão empapados nela, do berço ao túmulo. Dessa modernidade veio o modernismo na Igreja, precisamente para adaptar-se a ela, e essa mesma modernidade serviu de pano de fundo para todos os Padres do Concílio na década de 1960, e para os sucessores do Arcebispo a partir da década de 1980. De fato, só pode ter sido por uma graça especial de Deus que o Arcebispo viu o problema tão claramente como o fez.
Mostremos como a falta de compreensão sobre o modernismo subjaz à maioria dos erros de seus sucessores:

1. 95% dos textos do Vaticano II são aceitáveis. Pelo contrário, o Arcebispo Lefebvre disse que o problema com o Vaticano II não está tanto em seus grandes erros de liberdade religiosa, colegialidade e ecumenismo como está no subjetivismo que impregna todos os seus textos, pelo qual a verdade objetiva, Deus e a Fé Católica se dissolvem no nada. Pela revolução copernicana elaborada na filosofia por Kant (1724-1804) e denunciada por Pio X na Pascendi (1907), em vez de o sujeito girar em torno do objeto, dali em diante o objeto é que giraria em torno do sujeito. E é em torno dessa loucura que o mundo inteiro agora gira.

2. É verdade que o Concílio foi mau, mas hoje está perdendo o controle sobre os romanos. Sério? E a Pachamama? Desde quando temos visto essa idolatria pública nos Jardins do Vaticano e nas igrejas de Roma?

3. Não adianta nada a Fraternidade esperar que Roma se converta de seu modernismo, e se os romanos estão dispostos a aceitar-nos 'como somos', significa que Roma está a caminho da conversão, e então devemos chegar a um acordo. De fato, é inútil esperar que os modernistas romanos se convertam, porque são liberais. É preciso um milagre para converter um liberal (Pe. Vallet), porque o liberalismo é uma armadilha cômoda e lisonjeira da qual humanamente falando é virtualmente impossível sair sem um milagre, e esse milagre para o mundo e a Igreja será a Consagração da Rússia, e não uma Fraternidade que segue o caminho dos liberais. Se eles aceitam “tal como é” a anteriormente recalcitrante FSSPX, isso se dá somente porque a FSSPX não é mais antiliberal como era antes, porque o sal da Fraternidade perdeu seu sabor (cf. Mt. V, 13).

4. Precisamos de paciência e tato para entendermos como os romanos pensam a fim de não ofendê-los. Para entendermos como esses modernistas em Roma pensam, precisamos de humildade, realismo e recursos contundentes da Pascendi para assegurarmo-nos de que entendemos corretamente o vírus de seu modernismo, vicioso e altamente contagioso, antes de aproximarmo-nos deles. O que eles mais precisariam, se pudessem suportá-lo, é sentirem-se ofendidos e escandalizados com seu próprio modernismo, até que compreendam o que o Pe. Calmel quis dizer com: "Um modernista é um herege combinado com um traidor".

5. Não se assinou nenhum acordo formal entre Roma e a Fraternidade; portanto, ainda não se causou dano algum. Houve um dano imenso em uma série de acordos parciais, por exemplo, sobre confissões e matrimônios, pelos quais um grande número de sacerdotes e leigos da Fraternidade compreendem cada vez menos o que seu Fundador quis dizer quando escreveu em seu último livro que qualquer sacerdote que desejasse manter a Fé deveria ficar longe desses romanos. Eles podem ser homens "gentis". Eles podem ter "boas intenções". Mas, objetivamente, eles estão matando a Madre Igreja.

Kyrie eleison.



segunda-feira, março 02, 2020

Comentários Eleison: Frutos de Valtorta

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Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCLIX (659) - (29 de fevereiro de 2020):




FRUTOS DE VALTORTA


Pode ser do diabo a oposição feroz que o Poema padece,
No entanto, o número de seus leitores só cresce.

Nosso Senhor Jesus Cristo nunca esperou que suas ovelhas fossem, e menos ainda que elas fingissem ser, grandes teólogos, mas esperou que elas tivessem bom senso suficiente para poderem julgar por seus frutos alguém ou algo que viesse a confundi-las. “Por seus frutos os conhecereis” – MT. VII, 15-20. Ora, as obras de Maria Valtorta (celibatária italiana acamada, 1897-1961), especialmente seu Poema do Homem-Deus (1943-1947), são altamente controversas, sendo seus defensores tão entusiasmados quanto os seus atacantes são violentos. Então, quais são os frutos delas? Aqui está um testemunho recebido recentemente pelo editor destes "Comentários", adaptado como de costume para o presente número:

Gostaria de compartilhar com vocês minha surpresa com o Poema do Homem-Deus, de Maria Valtorta, depois de minha paciente leitura de todos os dez volumes, e depois de discutir com o editor dos livros e com os escritores que apoiam Maria Valtorta. Eu já tinha ouvido o senhor citando essa mística italiana em particular, mas o ataque ao Poema pelo Pe. H. e a subsequente estigmatização daquele pela Fraternidade Sacerdotal São Pio X me fizeram esperar dez anos antes de lê-lo. No entanto, a Providência finalmente colocou em minhas mãos uma cópia desta versão tão detalhada do Evangelho e de uma biografia de Maria Valtorta, que eu li cuidadosamente, com lápis na mão para fazer anotações. Após cinco meses de trabalho duro, fiquei surpreso ao descobrir o quão ortodoxos são os dez livros e quanto bem eles fizeram à minha alma e a toda minha família.

Existem dominicanos que os condenam. Eu acho isso lamentável. Eles realmente os leram? Sinto-me como se fosse um tabu falar sobre isso abertamente. Também estudei tudo sobre como a obra surgiu (foi aprovado por Pio XII), e considero injusto o modo como os tradicionalistas colocaram essa nobre alma vítima em juízo e a condenaram. Temo por seus críticos por não acharem que suas revelações não sejam verdadeiramente de Nosso Senhor e não sejam destinadas ao nosso próprio tempo.

Os números anteriores de seus “Comentários” de 2011 e 2012 sobre o “Poema” são um verdadeiro consolo para alguém como eu, que sente como se estivesse cometendo uma falta quando usa como alimento espiritual diário “O Evangelho, como me foi revelado” (o título alternativo do poema). Temos uma variedade de versões desta monumental Vida de Jesus: não apenas os dez volumes completos para adultos, mas também belos livros ilustrados para crianças a partir dos oito anos de idade e uma versão simplificada para crianças de 13 anos. O resultado é que toda a família está unida nessas páginas luminosas sobre o Homem-Deus e Suas relações com o mundo, com Sua Mãe e, sobretudo para os nossos tempos, com Judas Iscariotes. Suas relações com os outros onze apóstolos, com as mulheres santas e com Seus inimigos são igualmente edificantes.

Para entender a Paixão da Igreja de hoje, sofrendo e morrendo pelas mãos de seus próprios ministros, é particularmente útil comparar o caráter moderno e a natureza liberal de Judas, traidor da Igreja tal como se retrata no Poema, com nossos próprios clérigos conciliares, mas também acrescentaria com o "cristão" liberal sonolento dentro de cada um de nós. Pois, com efeito, o drama se desenrola não somente na cabeça da Igreja, mas também através das famílias que renunciam à luta por viver de acordo com o Evangelho, exatamente como se revelou à Maria Valtorta... (Aqui termina o testemunho do leitor).

Para concluir, o poema do Homem-Deus de Maria Valtorta é altamente controverso, mas não há por que sê-lo. Por um lado, não está em pé de igualdade com os quatro Evangelhos ou com as Sagradas Escrituras, nem foi declarado autêntico pela Igreja, nem é necessário para a salvação, nem é do gosto de todos os católicos sérios, nem é considerado como qualquer uma dessas coisas por qualquer católico em sã consciência. Por outro lado, assim como no Sudário de Turim ou na Tilma de Nossa Senhora de Guadalupe, as evidências surpreendentes da autenticidade do Poema parecem aumentar com o passar do tempo. Ele colocou inúmeras almas no caminho espiritual da conversão ou da perfeição em direção à salvação. E tem sido calorosamente recomendado e aprovado por muitos católicos sérios, incluindo teólogos e Bispos. Como disse Pio XII sobre o poema: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Kyrie eleison.