sábado, outubro 25, 2014

Comentários Eleison: História Interna - II

Comentários Eleison – por Dom Williamson


CCCXXX (380) - (25 de outubro de 2014):  

 HISTÓRIA INTERNA - II
            Quando a Dom Fellay foi apresentada pela primeira vez a ideia de uma Cruzada do Rosário pela Consagração da Rússia, em junho de 2006, ele ainda não sabia que ela era de fato uma diretiva de Nossa Senhora – a mensageira estava tímida demais para dizê-lo a ele. Então, na ocasião de seu retorno à Suíça, logo após o encontro com a mensageira, e sem saber que estava agindo contra a vontade do Céu, ele decidiu concordar com a ideia de uma Cruzada, mas para oferecê-la primeiramente pela liberação da Missa Tridentina, deixando a Consagração da Rússia entre as intenções secundárias. Nossa Senhora disse então à sua mensageira, que ela abençoaria a primeira Cruzada como um sinal de que as mensagens provinham realmente dela, mas que isso não se daria para confirmar que a liberação da Missa fosse realmente o que ela queria. A verdadeira resposta à crise da Igreja e do mundo estava na Consagração da Rússia, como logo ficaria muito claro para o bispo.
           
            Então, dada a resposta de Nossa Senhora, a primeira Cruzada obteve um inesperado sucesso, tanto no número de rosários rezados pelos fieis, como no cumprimento do desejo de longa data de Dom Fellay com a declaração no Motu Proprio de julho de 2007 de que a Missa Tridentina nunca havia sido revogada, emitida pelo Papa Bento XVI.

            Contudo, já em agosto de 2006, Nossa Senhora orientou sua mensageira para enviar a Dom Fellay uma carta para que dessa vez ele fosse informado completamente de todos os detalhes de seu pedido original, inclusive de que este vinha do Céu. A essa carta o bispo respondeu positivamente, dizendo que iria usar o impulso da primeira Cruzada para lançar a segunda, e que seria melhor se ele mesmo assumisse a questão. Porém, um ano mais tarde, logo depois do Motu Proprio e até o final de 2007, Nossa Senhora orientou a mensageira a mais uma vez escrever para ele, e novamente, para lembrá-lo do desejo dela de que a segunda Cruzada fosse dedicada propriamente à Consagração da Rússia.

            Mas Dom Fellay continuou hesitando em comprometer-se, e então, no início de 2008, Nossa Senhora voltou ainda mais insistentemente a reiterar o pedido para que a Cruzada fosse dedicada à Consagração. O problema de Dom Fellay foi que ele já vinha trabalhando há um longo tempo em seu próprio plano para resolver a crise da Igreja por meio de uma reconciliação entre a Fraternidade Sacerdotal São Pio X e Roma; e o pedido de Nossa Senhora não se encaixava nesse plano. Assim, quanto mais progresso ele parecia fazer com os romanos em direção à reconciliação, mais difícil se tornava pra ele manter sua promessa de fazer o que ela pedia, porque ele sabia que o que ela pedia desagradaria aos romanos. De fato...

            Foi nessa época que a mensageira, sem conhecer o motivo pelo qual o bispo continuava sem atender ao pedido de Nossa Senhora, perguntou a ela se isto estava a se dar porque o bispo não tinha certeza de que o pedido procedia realmente da Santíssima Virgem. “Não”, respondeu Nossa Senhora enquanto baixava a cabeça e balançava-a suavemente de um lado a outro, “não é esse o motivo”. Ela não disse qual foi a verdadeira razão, mas apenas que não foi a descrença do bispo no fato de que era ela mesma quem havia feito o pedido.

            Aproximamo-nos do clímax do drama. Foi realmente um drama. No início de 2008 a mensagem da Santíssima Virgem referente à Consagração da Rússia se tornou ainda mais urgente, pois ela sabia que o bispo estava seriamente pensando em fazer uso da segunda Cruzada para seus próprios propósitos. Dessa vez ele pretendia conseguir a segunda das pré-condições para as discussões com Roma: o levantamento das chamadas excomunhões dos quatro bispos da FSSPX em 1988. 


Kyrie eleison.

segunda-feira, outubro 20, 2014

Comentários Eleison: História Interna - I

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXIX (379) - (18 de outubro de 2014):  

HISTÓRIA INTERNA - I


            Depois de 1917, em razão das mensagens de Nossa Senhora e dos eventos em Fátima, ficou claro para o mundo que a salvação deste e da Igreja (“um período de paz”) dependeria de duas coisas: da Consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração pelo Papa e todos os bispos do mundo, e também de os católicos fazerem a reparação ao seu Coração, que consiste em cada um receber a Confissão e a Comunhão, meditar por quinze minutos e orar um rosário em cada primeiro sábado do mês. Assim, que nenhum católico pense que nada há que se possa fazer para ajudar a Igreja e o mundo a sair de sua terrível crise atual. Cada católico que responde ao segundo pedido contribui para que o Papa responda ao primeiro.

            Mas essa resposta ainda não foi suficiente. Nos anos trinta, por exemplo, o Papa Pio XI estava bem a par do primeiro pedido feito por Nossa Senhora, mas não realizou a Consagração da Rússia. Por quê? De acordo com o Irmão Miguel da Santíssima Trindade, no segundo de seus três excelentes volumes de Toda a Verdade Sobre Fátima, o pontífice estava na época engajado em contatos diplomáticos com as autoridades russas em Moscou, e então achou que sua própria diplomacia seria uma maneira melhor de tratar com os comunistas do que a Consagração a Nossa Senhora. Ele preferiu o jeito humano ao divino de lidar com o problema, e então obviamente o problema permaneceu não resolvido. O mundo mergulhou na Segunda Guerra Mundial, e a Igreja se arruinou internamente pelo Concílio Vaticano II.

            Agora, na presente década, veio à luz uma história paralela de Nossa Senhora com mais um apelo. Desta vez, transmitido por uma mensageira de Dom Fellay, teria sido dirigido à Fraternidade Sacerdotal São Pio X, para que se organizasse uma Cruzada do Rosário na qual se rezasse pela realização da Consagração da Rússia. Vale a pena analisar em uns poucos números destes “Comentários” se essa história é verdadeira (como eu acredito que seja, e alguns outros padres também acreditam), não para desacreditar Dom Fellay (cuja preferência pelos meios humanos é tão compreensível como a de Pio XI – Deus é seu juiz), mas a fim de enfatizar o quão urgente, quase cem anos depois, a Consagração da Rússia continua a ser, e especialmente a prática da devoção dos cinco primeiros sábados. Mas a história é verdadeira? Em particular, quão confiável é a mensageira?

            Eu mesmo me encontrei com ela muitas vezes, e acredito que sua história tem toda a possibilidade de ser verídica, em primeiro lugar por ser ela uma pessoa adulta séria, que dá todos os sinais de estar dizendo a verdade; mas principalmente porque o que ela conta é uma história interna, que corresponde a um grande número de fatos públicos e eventos bem conhecidos externamente, por assim dizer, e os explica. Quanto à mensageira, os leitores têm todo o direito de desconfiar de meu julgamento pessoal, mas quanto à correspondência entre a história interna e os fatos externos, os leitores podem julgar por si mesmos.

A história começa no Domingo do Bom Pastor de 2004, quando a Santíssima Virgem Maria apareceu para a mensageira e deu a ela uma mensagem que deveria ser transmitida ao Bispo da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, na qual havia o pedido para que a FSSPX liderasse os fieis em uma Cruzada do Rosário pela Consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração; a mesma que o Céu vem pedindo desde os anos vinte. Entendeu-se na década passada, que se isso fosse feito como Nossa Senhora pediu, poderia ao fim se obter através desta as graças para a realização da tão necessária Consagração.

Em junho de 2006, a mensageira entregou a mensagem em pessoa para Dom Fellay. Ele a discutiu com ela, mas não sabia ainda que se tratava de fato de uma diretiva da Mãe de Deus. E assim, em seu caminho de volta à Suíça, ela tomou uma importante primeira decisão. Como os americanos dizem: “Fiquem sintonizados”!
           
Kyrie eleison

quinta-feira, outubro 16, 2014

Comentários Eleison: Lançamento de "Website"

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXVIII (378) - (11 de outubro de 2014): 

LANÇAMENTO DE WEBSITE


            Foi recentemente lançado na internet, no dia da festa de Nossa Senhora do Rosário, um website que pode ser de sério interesse para os leitores regulares destes “Comentários Eleison”: www.stmarcelinitiative.com. Ele oferecerá em inglês e italiano o último número dos “Comentários” e todos os anteriores desde 2007; e em francês, alemão e espanhol o último número e pelo menos os dos últimos cinco anos. E para os leitores que preferem ler em papel a fazê-lo numa tela eletrônica, o website oferecerá vários meios para escolher edições antigas e imprimi-las em conjunto.

            Uma segunda seção do website, “Livros e Palestras”, disponibilizará cópias em papel dos dois primeiros dos quatro volumes das “Cartas do Reitor” de Dom Williamson escritas nos EUA entre 1983 e 2003, gravações de seus sermões e conferências, e de todos os seminários existentes do Dr. White sobre literatura. Mais uma vez a eletrônica moderna propiciará uma variedade de meios para se pesquisar essas gravações e fazer o seu download, mas apenas umas poucas estarão ao mesmo tempo em áudio e vídeo. Pedidos de compra podem ser feitos também pelo telefone, discando + 1844 SMI SHOP, ou seja, 1 (844) 764-7467.

            Os católicos – e não católicos! – que ainda não estão familiarizados com as gravações literárias do Dr. White deveriam aproveitar essa oportunidade para ver como ele usa os clássicos da literatura mundial como uma ponte para conectar a Fé ao mundo à nossa volta. O espaço entre esses dois aumenta a cada dia. Os católicos conciliares tentaram adaptar a Fé de ontem ao mundo de hoje, e muitos perderam sua Fé no processo. Os católicos tradicionais são levados a menosprezar tanto o mundo de hoje, considerando-o como irremediavelmente perdido, quanto a literatura mundial, por considerem-na como irremediavelmente “não espiritual”, e a Fé de muitos deles têm se distanciado muito da realidade nesse processo. Dr. White tem tanto uma fé firme, como uma compreensão sólida do mundo real que hoje nos circunda, e seu domínio da literatura mundial lhe permite dar sentido a ambas para inúmeras almas, velhas e jovens, que de outro modo cairiam em uma desesperada esquizofrenia mental. Altamente recomendado.

            Uma terceira seção do website é referente às “Doações”. Ela apresentará uma variedade similar de meios eletrônicos de doação para ajudar a manter um oásis de, espera-se, bom senso no meio do atual deserto de absurdidades. Também deverá ajudar os benfeitores a doarem o quanto quiserem, quando quiserem, no horário em que quiserem, e com facilidade. Na realidade, só a despesa para configurar o website já tem sido bastante alta. Pensamos que com o tempo ele deveria provar o seu valor, mas essa tem sido uma razão a mais para que nós apelemos desde já para a generosidade de vocês. Agradecemos antecipadamente.

            A quarta seção é intitulada “Informação”. Ela dirá um pouco sobre a St Marcel Initiative, sobre como o site opera, e sobre o que Dom Williamson tem feito e espera fazer. Contudo, novidades sobre seus futuros compromissos deverão ser disponibilizadas com certa cautela, pois ele não tem apenas amigos ao redor do mundo.

            A Internet tem sérios perigos e inconvenientes, mas não há dúvida de que por uma variedade impressionante de meios eletrônicos há muitas verdades que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar. Nós esperamos gentilmente que esse novo site contribua com essa reserva de verdades. Muito trabalho tem sido feito para reuni-las, e além da contribuição de muitos trabalhadores, a de muitos benfeitores também tem sido indispensável. Nós agradecemos sinceramente a todos os interessados. Possa Deus retribuir a cada um deles, a cada um de vocês.


Kyrie eleison.          

quarta-feira, outubro 15, 2014

Abaixo-assinado contra o evento M.I.S.S.A em Ipatinga

Extraído de Missão Cristo Rei:




Acontecerá em Ipatinga no próximo final de semana um evento profano que ofende a Fé Católica. Os realizadores nomeia o evento com a palavra M.I.S.S.A e utilizam, em tom de brincadeiras, alguns símbolos católicos.

Estamos nos movimentando com um abaixo-assinado à fim requerer do Ministério Público Estadual o impedimento do evento.

Ajudem-nos assinando-o virtualmente:
http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR75439

Salve Maria!

domingo, outubro 05, 2014

Comentários Eleison: O Bom Senso do Arcebispo

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXVII (377) - (04 de outubro de 2014): 

O BOM SENSO DO ARCEBISPO - I

            Na edição do mês passado do The Recusant (www.TheRecusant.com) saiu uma tradução para o inglês da última entrevista de Dom Lefebvre, originalmente publicada na França (Fideliter, n. 79), pouco antes de sua morte em março de 1991. Ele é sempre agradável de se ler, e se expressa com clareza, pois pensa a partir dos princípios católicos. Ele é transparente, porque não tem nada a esconder, e não é ambíguo, pois não pretende comprometer a Igreja de Nosso Senhor com o Vaticano II de Satanás. Mas notem como as perguntas do entrevistador indicam que os leitores de Fideliter já estavam propensos a tomar a direção que a Fraternidade Sacerdotal São Pio X viria tomar uns poucos anos depois da morte do Arcebispo. Aqui está uma seleção de perguntas e respostas, um pouco abreviadas:

P: Por que você não pode tentar uma última aproximação com Roma? Nós ouvimos dizer que o Papa está “pronto para recebê-lo”.

R: Isso é absolutamente impossível, porque os princípios que agora guiam a igreja conciliar são mais e mais abertamente contrários à doutrina católica. Por exemplo, o Cardeal Ratzinger disse recentemente que os grandes documentos antimodernistas dos Papas dos séculos XIX e XX prestaram um grande serviço em seus dias, mas agora se tornaram obsoletos. E João Paulo II está mais ecumênico do que nunca (1990). “É absolutamente inconcebível que nós possamos concordar em trabalhar com tal hierarquia”.

P: A situação em Roma deteriorou-se mesmo desde as negociações de 1988?

R: Oh, sim! “Nós teremos de esperar algum tempo antes de considerar a possibilidade de fazer um acordo. De minha parte, acredito que só Deus pode salvar a situação, já que humanamente não vemos nenhuma possibilidade de Roma consertar as coisas”.

P: Mas há tradicionalistas que fizeram um acordo com Roma sem ter de conceder nada.

R: Isso é falso. Eles renunciaram à sua possibilidade de se opor a Roma. Devem permanecer em silêncio devido aos favores que lhes foram garantidos. Passaram então a deslizar bem lentamente, até que terminarão admitindo os erros do Vaticano II. “É uma situação muito perigosa”. Tais concessões de Roma visam apenas a fazer com que os tradicionalistas rompam com a FSSPX e se submetam a ela.

P: Você diz que tais Tradicionalistas “traíram”. Não é um termo um pouco duro?

R: De jeito nenhum! Dom Gerard, por exemplo, fez uso de minha pessoa, da FSSPX e de suas capelas e benfeitores, e agora ele repentinamente nos abandona e se une aos destruidores da Fé. Ele abandonou o combate pela Fé. Eles não podem mais atacar Roma. Não compreenderam nada da questão doutrinal. É terrível pensar nos jovens que se uniram a eles por amor à Tradição e que agora os estão seguindo para a Roma conciliar.

P: Existe algum perigo em permanecer amigo de tradicionalistas que entregaram o jogo a Roma, e em assistir às suas Missas?

R: Sim, porque na Missa não há apenas a Missa, mas também o sermão, a atmosfera, o ambiente, as conversas antes e depois da Missa, e por aí vai. Todas essas coisas fazem com que você mude pouco a pouco as suas ideias. Há um clima de ambiguidade. Se alguém está em uma atmosfera submissa ao Vaticano, sujeito essencialmente ao Concílio, acaba por se tornar ecumênico.

P: João Paulo II é muito popular. Ele quer unir todos os cristãos.

R: Mas unir em quê? Não mais na Fé que uma alma deve aceitar, e que requer a conversão. A Igreja foi distorcida: de uma sociedade hierárquica, passou a ser uma “comunhão”. Comunhão em quê? Não na Fé. Não surpreende mais ouvir que católicos em massa estão deixando a Fé. (Continua.)

Kyrie eleison.