Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXIII – (323) – (21 de setembro de 2013):
QUEDA HORRÍVEL III
No
último mês de junho, foi prometido aos leitores destes “Comentários” um
terceiro artigo sobre a horrível queda da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, visando
a considerar o que pode ser feito. Apenas recentemente apareceu no site “Avec
l’Imaculée” um artigo com algumas boas respostas a essa questão, começando com
a questão de se os católicos podem frequentar as Missas da FSSPX. Eu resumo e
adapto:
Em
1984, um Indulto de Roma permitiu que a Missa Tridentina fosse celebrada, sob
certas condições, dentro da estrutura da Igreja oficial. Perguntado se os
católicos poderiam frequentar essas Missas, o Arcebispo Lefebvre respondeu logo
em seguida que eles não deveriam, porque sua reentrada na estrutura da Igreja mainstream sob aquelas condições seria
equivalente a aceitar o Vaticano II e suas reformas subsequentes. Os padres rezando
Missa do Indulto não seriam capazes de falar livremente, e ao aceitarem
implicitamente a Nova Missa com o Indulto, eles correriam o risco de cair na
nova religião conciliar, levando seus fiéis com eles.
Em 2012, o Bispo Fellay declarou que a Nova
Missa foi legitimamente promulgada, o que é o mesmo que dizer que ela é
legítima. Ele segue reprimindo as críticas ao Vaticano II e, enquanto continua
mantendo padres e fieis no escuro tanto quanto lhe é possível no tocante ao que
realmente pretende, ele constantemente promove as ideias de sua Declaração
pró-conciliar de abril de 2012. Portanto, assim como o Arcebispo rejeitou a
frequência na Missa do Indulto, agora, como regra geral, freqüentar as Missas
da FSSPX deve ser rejeitado, porque mesmo se sua Missa particular continua
sendo celebrada de acordo com a Tradição, a FSSPX está sendo remodelada em
geral como uma estrutura dentro da qual a nova religião conciliar vem sendo
menos e menos desaprovada, e por isso há mais e mais perigo em freqüentar suas
Missas.
Entretanto,
os padres particulares da FSSPX variam entre os genuinamente tradicionais e os
virtualmente conciliares. Obviamente há menos perigo em freqüentar as Missas
dos primeiros que as destes últimos, mas se o padre aceita tanto defender e
aprovar a nova direção imposta pelo QG da FSSPX, ou se ele persegue e exclui
dos sacramentos qualquer um que tome parte na Resistência, estes são dois
sinais de que suas Missas devem ser evitadas, especialmente se há a Missa de um
padre resistente não muito distante. Mas há circunstâncias que também entram no
jogo, como aquelas em que, por exemplo, há o risco de uma criança sendo tirada
de uma escola decente da FSSPX, o que pode justificar a freqüência em um local
de Missa da Fraternidade. Quando o tronco de uma árvore está podre, ainda pode
haver ramos de onde brotam folhas verdes.
O fato é que o tronco da FSSPX está
mortalmente ferido, sem esperança, humanamente falando, de recuperação. Como a
Sinagoga entre a morte de Nosso Senhor na Cruz e a destruição de Jerusalém em
70 d.C., ela está levando a morte dentro dela, mas ainda não está morta. Os
Apóstolos pregavam ali, e os bons judeus ainda assistiam, mas todos eles foram
perseguidos e eventualmente expulsos. Se um católico pode ver hoje que por todo
o corpo da FSSPX, de cima a baixo, o vírus mortal de uma mentalidade conciliar
disfarçada está se propagando, ele deve agir no sentido de ajudar a resgatar
tantas almas quanto lhe for possível antes que elas naufraguem na fé com o
barco salva-vidas que está afundando.
Que
eles modelem suas próprias convicções, lendo tudo o que tiver ao seu alcance, a
começar pela troca de cartas entre os três bispos e o Bispo Fellay em abril de
2012. Que eles falem aos padres e colegas paroquianos para coordenar, por
exemplo, a construção de refúgios para padres que podem não ter outro meio para
agir. Há muito a ser feito, mas há poucos, no momento, para fazerem. Que Deus
esteja com esses poucos.
Kyrie eleison.