domingo, outubro 18, 2020

Comentários Eleison: Ainda há vocações?

 

Comentários Eleison  –  por Dom Williamson

Número DCXCI (691) – (10 de outubro de 2020)



AINDA HÁ VOCAÇÕES?


O Papa, disse nossa Mãe, deve consagrar a Rússia,

Meu Deus, que não seja tarde demais!


Será que ainda pode haver vocações de almas mais jovens ou mais velhas ao serviço de Deus em um seminário, um convento, uma fraternidade ou um mosteiro, em meio à angústia da Igreja Católica de hoje? A resposta não tem como não ser positiva, porque o fato é que Deus continua a chamar almas para realizarem o Seu serviço, e “Um fato é mais forte do que o Lord Mayor”. Por outro lado, os superiores dos seminários ou das casas religiosas devem levar em consideração duas circunstâncias especiais referentes à situação da Igreja de hoje, que devem torná-los mais cuidadosos do que nunca na aceitação das vocações que estejam sob seu teto. Em primeiro lugar, a crescente imaturidade das almas que crescem no mundo moderno, e, em segundo lugar, a também crescente desconfiança que se deve ter em relação aos líderes da Igreja.


Para começar, lembremo-nos de que a Igreja Católica vem diretamente de Jesus Cristo, que a preservará até o fim do mundo (Mt. XXVIII, 20) e pela eternidade. Ele tem com o Pai e o Espírito Santo todo o poder necessário, e muito mais, para prover todos os meios necessários para a sobrevivência dela. Ora, esses meios incluem necessariamente um sacerdócio, Bispos e padres, e em algum tipo de hierarquia, para garantir aqueles sacramentos que são essenciais para a vida de graça sobrenatural dos membros da Igreja. Portanto, até o fim do mundo, Nosso Senhor sempre dará vocações suficientes aos homens para garantir que a Igreja tenha os homens de que precisa como ministros. Quanto às mulheres, cuja natureza foi construída por Deus para serem as “ajudantes” ou “companheiras” do homem (Gn. II, 18), elas não devem ser sacerdotisas, nem tão necessárias para a Igreja como os sacerdotes, mas antes, pelos dons que Deus lhes dá e não aos homens, podem prestar à Igreja serviços tão preciosos que não se pode imaginar que a Igreja não tenha vocações femininas. Por exemplo, onde estaria o apostolado da Igreja sem as orações das Irmãs, das avós, etc.?


Porém, Deus é Deus, e Seus caminhos são inescrutáveis ​​para os homens. Ver o final de Romanos XI e todo o Livro de Jó, especialmente os capítulos XXXVII a XLI. Ele vai muito além de nossas mentes humanas, e na falibilidade dos últimos seis Papas, inclusive, já está indo muito além do que muitas mentes católicas podem suportar. Elas precisam ler Jó, sobretudo porque a aflição da Igreja ainda está longe de acabar. Nossa Senhora disse-nos que cairá fogo do céu, eliminando uma grande parte da humanidade, e se os pecados não diminuírem, não haverá mais perdão para elas; uma previsão mais fácil de entender desde que o golpe do Covid recentemente fez com que tantos dos próprios clérigos fechassem seus confessionários. Rezemos e trabalhemos para que Nosso Senhor envie trabalhadores para Sua vinha, mas não tentemos dizer-Lhe de quantos precisa. Só Ele o sabe.


Enquanto isso, nós, seres humanos, devemos confessar que, como dito acima, colocamos pelo menos dois obstáculos sérios no caminho das almas que Deus chama para servir-Lhe. Em primeiro lugar, a imaturidade das almas que levam uma vida moderna. Se há algo que faz um menino ou uma menina amadurecer para que se torne capaz de suportar a disciplina da vida religiosa ou as adversidades da vida matrimonial, é o sofrimento; mas não há uma ilusão por toda parte hoje de que o sofrimento surge por culpa de outra pessoa, pode ser evitado e não precisa ser suportado? Também não se forma o caráter dos filhos quando os pais sabem cada vez menos como educá-los, e eles não recebem muita responsabilidade para suportar, o que também poderia amadurecê-los. A vida na cidade e nos subúrbios dificilmente favorece as vocações.


Mas, em segundo lugar, a desordem na Igreja também desencoraja as vocações. Enquanto a Igreja foi, apesar de todas as falhas humanas, a rocha doutrinal e estrutural de sempre, eu poderia, como jovem, confiar minha vida a ela e ter a certeza de que várias camadas de Superiores acima de mim funcionariam sobre uma base de verdade objetiva e justiça em geral. Mas, desde que o Vaticano II mudou a doutrina da Igreja e a base sobre a qual ela opera, como posso ainda ter certeza de que há uma estrutura objetiva e estável dentro da qual posso levar o resto de minha vida? Uma grande lição desta crise da Igreja é que a Igreja Católica não pode prescindir do Papa mais do que uma marionete pode prescindir de seu titereiro – ela se torna um amontoado de cordas e pedaços de madeira colorida.


É claro que Deus pode prover, e o fará, para o bem de Sua Igreja, mas dificilmente podemos esperar que as vocações surjam amanhã, como fizeram anteontem.


Kyrie eleison.

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