“Comentários
Eleison”, por Mons. Williamson –
Número CCXCIV (294) - 02 de março de 2013
GREC I
Há pouco mais de um ano foi publicado na França um pequeno livro de cerca de 150 páginas
que tem sido um grande embaraço para os líderes de certa sociedade
religiosa porque mostra como a promoção da sua união com a Neo-Igreja
remonta há muitos anos, pelo menos à década de 1990. É claro que se eles
estão orgulhosos dessa promoção, não irão sentir nenhum
constrangimento, mas, se eles vêm há muitos anos disfarçando essa
promoção, então que pelo menos os leitores do pequeno livro abram os
olhos.
For
the Necessary Reconciliation [“Para a necessária reconciliação”] foi
escrito por um padre da Neo-Igreja, Pe. Michel Lelong, sem dúvida porque
ele, mais que ninguém, se orgulha do papel de liderança que desempenhou
na tentativa do GREC de fazer a “necessária reconciliação” do Concílio
Vaticano II com a Tradição, ou das autoridades romanas com a
Fraternidade São Pio X. Ordenado em 1948 e fortemente envolvido em
relações inter-religiosas, mesmo antes do Concílio Vaticano II, ele
saudou “com alegria e esperança” (isso faz soar um alarme? - Gaudium et
Spes?) o Concílio que iria se esforçar para relacionar a Igreja aos
tempos modernos. Um dos colaboradores leigos em seu trabalho foi um
distinto diplomata francês e alto funcionário do governo, Gilbert Pérol,
Embaixador da França no Vaticano de 1988 a 1992.
Como
diplomata profissional e católico praticante, Pérol acreditava
profundamente na conciliação entre a FSSPX verdadeiramente católica com o
Vaticano seguramente católico. Como poderia haver tal conflito entre os
dois? Ambos eram católicos! O confronto não era razoável. Assim, em
1995 ele esboçou uma solução em um breve texto que serviria como uma
carta para o que se tornou o GREC, um think-tank parisiense para os
católicos, cuja sigla significa Groupe de Réflexion Entre Catholiques.
Expressando a preocupação de milhões de católicos dos anos de 1960
divididos entre o Concílio e a Tradição, o texto de Pérol merece um momento de atenção.
Não
sendo um teólogo, como diz, ele acha que a situação atual da Igreja e
do mundo exige que o problema das divisões entre católicos após o
Concílio “deve ser expresso em termos totalmente novos”. É mais como um
diplomata que ele propõe que, por um lado, Roma deve admitir que tem
maltratado gravemente o rito Tridentino da Missa, além de suspender as
excomunhões de 1988; enquanto que, por outro lado, a FSSPX não deve
rejeitar totalmente o Concílio, e deve reconhecer que Roma ainda é a
mais alta autoridade na Igreja.
Em
outras palavras, Pérol propôs, como diplomata, que, se houvesse um
pouco de dar e receber de cada lado, então a agonia do confronto entre o
Concílio e a Tradição poderia ser esvaziada e todos os católicos
poderiam mais uma vez viver felizes para sempre. Assim, ele e milhões de
outros católicos deixariam de ser confrontados com a necessidade de
renunciar a Roma pelo bem da Tradição ou abandonar a Tradição por causa
de Roma. Encantador! Devolta para a zona de conforto da década de 1950!
Mas a década de 1950 já se foi, e se foi para sempre. Então, onde está a
falha em seu pensamento?
É
logo no início, quando ele diz que não é teólogo. Na verdade, ele pode
não ter sido teólogo profissional, mas todo católico deve ser um teólogo
amador, ou, melhor dito, deve saber seu catecismo, porque só à luz da
sua doutrina ele pode julgar questões de Fé. A madvertência de Nosso
Senhor para discernir entre ovelhas e lobos (Mt.VII, 15,20) não foi
dirigida apenas aos teólogos profissionais! Então, Pérol, renunciando à
“teologia” em favor da diplomacia, é mais um exemplo de fracasso do
homem moderno em compreender a importância da doutrina. Esse fracasso é a
lição mais importante por retirar deste livro sobre o GREC.
Kyrie eleison.