sábado, junho 21, 2014

Comentários Eleison: A Broadstairs de Dickens

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCLXII (362) (21 de junho de 2014):

A BROADSTAIRS DE DICKENS


            Muitos amigos têm me perguntado se estou gostando da casa comprada recentemente para a “Resistência” em Kent, Inglaterra. Estou. É espaçosa e está sendo belamente decorada por um companheiro de exílio da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, o Pe. Stephen Abraham. Só Deus sabe como a casa virá a ser usada no futuro próximo e distante; mas ela é, no momento, um agradável refúgio, que fica a cinco minutos a pé do mar criado por Deus, e no qual os liberais não podem tocar.

            Vários artistas famosos e escritores ingleses do passado também encontraram refúgio nessa agradável região do Nordeste de Kent. O mais famoso dos artistas é J.M.W. TURNER (1775-1851), que nasceu em Londres, onde passou a maior parte da vida trabalhando. A partir dos onze anos de idade, ele passou muitos anos de seu período formativo em Margate, que fica a quase seis quilômetros e meio ao norte da costa de Broadstairs. Nesta ele descobriu o mar, cujos efeitos luminosos inspiraram suas pinturas por toda a vida. Mais tarde em sua vida, ele retornaria frequentemente a Margate. 
           
            Também em Margate, o mais famoso poeta inglês do século XX, T. S. ELIOT (1888-1965), compôs em um pavilhão ao ar livre que continua de pé na praia da cidade, uma seção substancial da terceira parte de seu mais famoso poema: A Terra Desolada (1922). Chegou ao litoral da cidade para refugiar-se, pois em Londres sua saúde havia sido seriamente afetada por um casamento infeliz. Ele não ficou por muito tempo, e foi para Lausana, na Suíça, onde, graças aos cuidados de um bom médico, ele completou sua recuperação e sua obra A Terra Desolada. Mas a vista do mar em Margate sem dúvida ajudou.
           
            Outro poeta famoso, ao menos na Inglaterra, foi um visitante frequente de Ramsgate, a pouco mais de três quilômetros ao sul da costa de Broadstairs. Samuel Taylor COLERIDGE, um dos cinco mais notáveis poetas românticos do país, é mais conhecido por seu longo poema: A Balada do Velho Marinheiro. Ele adorava tomar banho de mar em Ramsgate, talvez também por motivos de saúde. Em todo caso, quanto mais frio o mar, mais ele gostava.

            O mais famoso de todos, no entanto, foi um visitante frequente de Broadstairs: o novelista Charles Dickens (1812-1870). Ele recorreu pela primeira vez a Broadstairs em 1837, por ser um lugar tranquilo, a fim de completar seu primeiro romance: Os Cadernos de Pickwick; mas ele se apaixonou tanto pela pequena e antiquada cidade litorânea que passou a retornar frequentemente a ela com sua família para escrever, ou para descansar de seu ofício de escritor, durante os anos de 1840 e de 1850. Seu nome e os nomes de seus romances, ou dos personagens de seus romances, podem ser encontrados por toda a velha cidade que ele conheceu, e que agora é cercada, para não dizer estrangulada, pelos subúrbios vitorianos e modernos. Mas Broadstairs ainda celebra todos os anos o seu mais famoso visitante com o Festival Dickens, que acontece em junho.          

            O Dr. David Allen White, um professor católico de literatura e de música que é bem conhecido por muitos católicos que se esforçam para manter a Fé em todo o mundo que fala a língua inglesa, é um grande fã de Dickens. Como estará passando por Londres neste verão, ele aceitou fazer uma visita a Broadstairs para garantir nos dias 2 e 3 de agosto a realização de um seminário de 24 horas sobre Dickens, que será aberto ao público e incluirá três conferências, além da Missa de domingo e de uma visita, em que ele mesmo servirá de guia, ao Museu Dickens na cidade, criado em uma antiga e pequena casa conhecida e visitada pelo próprio Dickens. Se você estiver interessado em participar, nos avise o quanto antes (por meio do endereço de e-mail: info@dinoscopus.org), pois as vagas são limitadas, e o primeiro a chegar será o primeiro a ser servido. As refeições serão oferecidas em casa, mas os visitantes terão de encontrar um alojamento em outro lugar. Atenção, pois este será o auge desta temporada de férias!
                   
            Dickens não era católico, mas Dostoievsky o chamou de “um grande cristão”. Ele tinha sem dúvida um coração aberto e caloroso, e uma caneta de pena brilhante.

Kyrie eleison.

Para Dickens, Broadstairs foi um grande deleite.
Se quer saber por que, eis o convite para ouvir o Dr. White. Aceite.