segunda-feira, janeiro 04, 2016

Comentários Eleison: Comparação familiar

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDXLI (441) - (26 de dezembro de 2015):

COMPARAÇÃO FAMILIAR

Se duas famílias podem ser por um só homem chefiadas,
Duas Igrejas podem ser por um único Papa guiadas.
Enquanto os argumentos, na melhor das hipóteses, provam; as comparações, na melhor das hipóteses, ilustram. As comparações não provam, mas podem lançar luzes desde o conhecido ao desconhecido. Agora, em relação à presente crise na Igreja, de meio século de idade, precisamos de todas as luz possíveis, porque a cada dia que passa ela se torna menos, e não mais, compreensível. Eis aqui, então, uma profícua comparação a mim enviada recentemente por um recém-convertido à Tradição. Ele compara a Igreja Católica e a Igreja conciliar, ou Neoigreja, às famílias legítimas e ilegítimas de um mesmo homem. Apliquemos a comparação a seu casamento, sua autoridade e seus filhos.
Por meio de um casamento legal com sua verdadeira esposa, um homem inicia uma família e tem filhos legítimos. Depois de certo tempo, ele lhe é infiel e se divorcia dela para viver com sua amante, por um adultério no qual tem outros filhos, que são bastardos. Semelhantemente, por uma eleição canônica legal de um Cardeal a Papa, o Cardeal se torna o legítimo pai da Igreja Católica e o pai espiritual pela fé verdadeira de uma multidão de verdadeiros católicos. Mas, depois de um tempo como Papa conciliar, ele continua a se prostituir ao mundo moderno, e num adultério com ele engendra uma nova família de bastardos conciliares. Assim, do mesmo modo que um homem pode ser pai de ambas as famílias, a legal e a ilegal, também um Papa pode, ao mesmo tempo, ser a cabeça da Igreja Católica e da Neoigreja.
Em segundo lugar, assim como o pai de família tem verdadeira autoridade sobre sua verdadeira família, mas não uma verdadeira autoridade sobre sua segunda família porque esta não é a verdadeira, também o Papa conciliar tem verdadeira autoridade sobre todos os verdadeiros católicos, mas não sobre a Neoigreja com seus católicos conciliares. E, como a primeira família necessita de um verdadeiro pai, e tanto a esposa quanto os filhos fazem todo o possível para tê-lo em casa – mas ele se agarra à sua companheira adúltera e aos seus filhos ilegítimos, que também fazem tudo o que podem para segurá-lo – do mesmo modo cada Papa conciliar ainda é respeitado pelos católicos tradicionais que o chamam a cumprir com seus deveres para com eles, mas ele prefere os católicos conciliares que lhe têm pouco respeito real e usam-no para dar cobertura à posição ilícita deles.
Em terceiro lugar, como nenhuma verdadeira esposa aceitará ser colocada em pé de igualdade com a companheira adúltera que a suplantou, os verdadeiros filhos (se são maduros o suficiente) também não aceitarão ser adotados pela falsa família e, consequentemente, comparados aos bastardos. Assim, a Tradição é absolutamente incompatível com a Neoigreja, e os verdadeiros católicos não podem aceitar ser incorporados a ela por nenhum tipo de negociata ou traição à Tradição. Eles não têm de se prostituir com seu verdadeiro pai no ambiente adúltero deste, mesmo sendo ele o pai verdadeiro e aquele de quem eles verdadeiramente necessitam. O pai é que tem de voltar à sua verdadeira família. Também os filhos legítimos não podem razoavelmente esperar trazer seu pai de volta a casa unindo-se a ele em seu ambiente sedutor. O mais provável é que eles sejam seduzidos também.
Essa comparação entre qualquer Neopapa e um pai de duas famílias é frutuosa em muitos aspectos, porque está na natureza de um Papa ser um pai. Mas “toda comparação claudica” (outra brilhante comparação), e a perna ruim desta comparação consiste primariamente no fato de a distinção entre as duas famílias de um pai ser perfeitamente clara na vida real, mas a distinção entre a Igreja Católica e a Neoigreja, ao contrário, embora perfeitamente clara na teoria, ser muito difícil de desembaraçar na prática, porque elas estão irremediavelmente entrelaçadas na vida real.
Para manter uma cabeça católica sobre os ombros, é tão necessário conhecer a clara distinção na teoria, como reconhecer a desesperada confusão na prática.

Kyrie eleison.