sexta-feira, fevereiro 09, 2018

Comentários Eleison: "Igreja Oficial?"

Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DLI (551) (3 de fevereiro de 2018)


"IGREJA OFICIAL?"


Manobrar, esquivar, enganar, defraudar, Roma poderá,
Mas certo por linhas tortas Deus escreverá.

É preciso ter muito cuidado com as palavras, porque com as palavras nossa mente opera sobre as coisas, e as coisas constituem a vida cotidiana. Portanto, das palavras depende o modo como conduziremos nossas vidas. Na igreja paroquial emblemática da Fraternidade de São Pio X em Paris, França, existe um sacerdote da Fraternidade que tem o devido cuidado com as palavras. O Pe. Gabriel Billecocq escreveu na edição do mês passado (nº 333) da revista mensal da paróquia, Le Chardonnet, um artigo intitulado "Você disse 'Igreja oficial'?". No artigo ele nunca menciona a Sede da Fraternidade em Menzingen, na Suíça, mas reclama do "desejo" que vem de algum lugar, presumivelmente de cima, de que as palavras "Igreja conciliar" devem ser sempre substituídas pelas palavras "Igreja oficial". E ele está certo, porque as palavras "Igreja conciliar" são perfeitamente claras, enquanto as palavras "Igreja oficial" não são claras, mas ambíguas.

Pois, por um lado, "Igreja conciliar" significa claramente que grande parte da Igreja de hoje está mais ou menos envenenada com os erros do Concílio Vaticano II. Esses erros consistem essencialmente na centralização do homem no centro da Igreja, que deveria estar centrada em Deus. Por outro lado, "Igreja oficial" é uma expressão com dois significados possíveis. Pode antes significar que a Igreja foi oficialmente instituída por Cristo e trazida oficialmente para nós ao longo dos tempos pela sucessão de Papas, e a essa "Igreja oficial" nenhum católico pode opor-se, pelo contrário. Ou "Igreja oficial" pode significar a massa dos funcionários da Igreja dedicados ao Vaticano II que durante o último meio século tem usado seu poder oficial em Roma para infligir aos católicos os erros conciliares, e a esta "Igreja oficial" nenhum católico pode não opor-se. Portanto, "Igreja conciliar" expressa algo automaticamente mal, enquanto "Igreja oficial" expressa algo bom ou mal, dependendo de qual dos dois significados esteja sendo dado. Portanto, substituir "Igreja conciliar" por "Igreja oficial" é substituir a clareza pela confusão, e também impede que os católicos se refiram ao mal do Vaticano II.

O Pe. Billecocq nunca sugere que o Quartel-General da Fraternidade tenha "desejado" tal coisa, mas um fato e uma especulação o sugerem. Quanto ao fato, no início deste mês, o Superior do Distrito Francês da Fraternidade, o Pe. Christian Bouchacourt, entrevistado em público sobre as próximas eleições em julho, disse: "Assim que um Superior Geral for eleito, o Vaticano será imediatamente notificado da decisão". Essa notificação do Vaticano pela Fraternidade sobre as eleições desta nunca foi feita antes. E sugere fortemente que os atuais líderes da Fraternidade esperam que Roma não só seja informada, mas também que dê sua aprovação oficial à escolha de seus líderes – para que notificar, senão para conseguir aprovação? O que mais a Neofraternidade implorará da Neoigreja? O que não implorará? Como se afastou a Fraternidade dos tempos em que a fé do Arcebispo Lefebvre costumava fazer Roma implorar!

Quanto à especulação, se ouve que dois candidatos principais estão sendo preparados por Menzingen para que os eleitores escolham como Superior Geral nas eleições de julho da Fraternidade, pois o posto não será mais ocupado por um Bispo. Suponha-se que Roma já está no controle virtual dessas decisões importantes que estão sendo tomadas dentro da Sede da Fraternidade. Nesse caso, Roma não tem muito por que temer que algum desses dois candidatos mudem substancialmente as políticas pró-romanas do Bispo Fellay, enquanto possa ter muito que ganhar com a aparência de uma mudança no topo, e ela pode ser capaz de fazer uso do Bispo Fellay em Roma como  líder de uma Congregação Ecclesia Dei "renovada", que inclua todas as comunidades tradicionais, incluindo sua própria antiga Fraternidade.

Quem pode duvidar da habilidade dos romanos para tirar vantagem de todas as situações? A menos que... a menos que existissem novamente na Fraternidade a Fé e a Verdade que foram a força motriz do Arcebispo Lefebvre e de sua vitória sobre todos os liberais e modernistas em Roma. Esses demônios se esforçam para desfazer de uma vez por todas a Tradição Católica de Deus, que é o obstáculo potencial mais grave para sua nova Religião Mundial Única. E Deus pode exigir nada menos que o sangue dos mártires católicos para detê-los. Os mártires que vêm de entre os sacerdotes e os leigos da Fraternidade serão a sua glória.

Kyrie eleison.

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