“Comentários Eleison”, por Mons. Williamson –
Número CCLXXX (280) - 24 de novembro de 2012
DITADURA IMINENTE
Um maravilhoso retrato do nosso
mundo contemporâneo apareceu há algumas semanas no site da Internet, 321gold. O
título é atemorizante: "Declínio, Decadência, Negação, Ilusão e Desespero",
mas o conteúdo certamente reflete a realidade. A partir de uma cena de rua que
pode ser encontrada sem dúvida por todo o leste dos Estados Unidos, ele conclui
que dentro de 15 anos uma ditadura orwelliana descerá sobre seu país como um
efeito indesejado de causas desejadas. Mas o que acontece nos EUA não é típico
do que acontece no mundo inteiro? O mundo inteiro está comprando o modo de vida
americano. "A responsabilidade é do comprador"[1]!
Este Outono, nas ruas de
Wildwood, New Jersey, o autor observou calçamentos sobrecarregados de homens tremendamente
obesos e mulheres com menos de 50 anos de idade circulando pela cidade com
lambretas subsidiadas pelo governo a visitar um fast-food atrás do outro, a fim
de se empanturrarem com guloseimas repletas de açúcar que deveriam dar aos seus
mais novos modelos de lambretas mais trabalho do que nunca. Um nome divertido
para eles? – "Os deficientes desafiados pelo peso[2] em seus poderosos
veículos de mobilidade aprimorada". Assim é a fuga da realidade do
"politicamente correto" e sua linguagem.
O autor procura causas para esse
efeito tragicômico: como pode o povo americano, que antes poupava 12% de sua
renda, ter sido persuadido a assombrar as estatísticas de obesidade para além
dos limites dos gráficos, com um endividamento, e com um estilo de vida
saturado de açúcar, sem fazer mais economias e com uma carga insuportável de
dívida sendo legada aos seus filhos e netos? É claro que há uma falta de
autocontrole de suas partes, ele diz, mas deve haver algo mais sinistro, alguma
mente por trás de uma cena tão estúpida. Ele diz que a massa de cidadãos está
sendo manipulada por um governo invisível que tem dominado as modernas técnicas
de manipulação de massas.
Ele cita um pioneiro dentre os especialistas
nessas técnicas da década de 1920, Edward Bernays: "A manipulação
consciente e inteligente das massas é um elemento importante na sociedade
democrática... Um vasto número de seres humanos deve cooperar desta forma se
eles têm de viver juntos como uma sociedade em bom funcionamento... Se na
política, conduta empresarial, social ou pensamento ético, somos dominados por
um número relativamente pequeno de pessoas... que entendem os processos mentais
e os padrões sociais das massas." Eles são "o verdadeiro poder instituído
do país" e eles "puxam os fios que controlam a mente do
público." Por qual propósito? Para sua própria riqueza e poder.
São eles que têm organizado a crise
financeira e econômica de hoje para seu próprio benefício. Eles têm
"destruído a economia mundial... jogado a sua dívida inútil nas costas dos
contribuintes e das gerações ainda por nascer, empurrado cidadãos idosos e
poupadores na frente do ônibus ao roubar US$ 400 bilhões por ano de juros do interesse deles, e enriquecido a si mesmos
com lucros obtidos com a bolha financeira, e pagamentos de bônus." E
quando a tomada tiver de ser puxada deste modo de vida insustentável, então
nossos mestres invisíveis tem preparado para nós uma "ditadura de
lágrimas" ao modo 1984, com a polícia militarizada com milhões de balas,
câmeras de vigilância e drones em toda parte, prisões sem acusações, e assim
por diante. No entanto, diz o autor, a culpa é dos próprios cidadãos que têm
preferido a ignorância à verdade, a doença à saúde, as mentiras da mídia ao
pensamento crítico, a segurança à liberdade.
Há apenas uma coisa que falta a
essa análise admirável: poderia a nossa elite ter corrido de modo tão desenfreado,
ou nossas massas terem se tornado tão burras, se tanto uma quanto a outra
tivesse guardado o menor sentido de um Deus que nos julga a todos ao morrermos,
de acordo com os Dez Mandamentos? Claro que não. Católicos, acordem!
Kyrie
eleison.
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Notas
da tradução:
[1]
Original em inglês: “Let the buyer beware” – tradução da expressão latina: “caveat
emptor”, utilizada quando um vendedor não assume responsabilidade pela
qualidade de determinado produto que pôs à venda.
[2]
Original em inglês: “weight-challenged” (termo politicamente correto para
“obeso”) disabled (em possível menção à obesidade mórbida, em inglês, “fat
disabled”).