“Comentários Eleison”, por Mons.
Williamson –
Número CCLXCIX (289) - 27 de janeiro de 2013
O LIBERALISMO - BLASFÊMIA
O
liberalismo é realmente tão horrível como parece ser? Essa ou aquela pessoa é
acusada de ser “liberal”, mas uma grande quantidade de acusados nega
vigorosamente que o rótulo se atribua a ela. Quem está certo? Acusadores ou
acusados? Como “liberalismo” é um nome para o erro abrangente dos tempos
modernos, responsável por lançar um sem-número de almas no fogo do Inferno, ele
certamente merece mais uma abordagem.
A
liberdade tanto se relaciona com aquilo de que estou livre, ou seja, de uma ou
outra restrição, como se relaciona com aquilo para o que estou livre, ou seja,
para um ou outro propósito. Destes dois tipos de liberdade, a liberdade
negativa da restrição vem antes do propósito positivo no tempo, mas depois dele
em importância. Vem antes no tempo porque, se estou impedido de alcançar um
objetivo, o alcançar o meu objetivo está fora de questão. Por outro lado, vem
depois em importância porque o valor da não restrição dependerá do valor do
objetivo para o qual ela é utilizada. Assim, segurar uma faca liberta-me de
estar desarmado, mas, se eu usar essa “liberdade de” para cortar o pão para
comer, a “liberdade de” é boa, enquanto, se eu usá-la para esculpir minha avó,
a “liberdade de” se torna assassina.
Agora,
o que o liberalismo faz é tornar a “liberdade de” um – ou o – valor supremo em
si mesmo, independentemente da “liberdade de”, ou o propósito bom ou mau para o
qual ela vai ser usada. Assim, a liberdade ou a “liberdade de” se torna
independente de um propósito bom ou ruim, independente do certo e do errado.
Mas a diferença entre o certo e o errado é parte essencial da criação de Deus,
concebida do fruto proibido no Jardim do Éden em diante para o homem fazer a
sua escolha entre o Céu e o Inferno. Portanto, colocar a falta de
constrangimento do homem adiante da lei de Deus é colocar o homem antes de
Deus.
Sendo,
então, a negação implícita da lei moral de Deus, do certo e do errado, o
liberalismo implicitamente faz guerra a Deus, colocando o “direito” humano do
homem de escolher acima do direito divino de Deus para comandar. Agora, como o
Arcebispo Lefebvre costumava dizer, os liberais vêm em 36 variedades
diferentes, nem todas com a intenção de fazer guerra a Deus. Mas a guerra a
Deus continua a ser a conclusão lógica dos liberais, que dão valor supremo à
liberdade, que é a razão pela qual para muitos deles vale tudo. Deus e suas
regras foram postos de lado, e então a adoração da liberdade se torna para os
liberais a sua religião substituta, uma religião sem regras, exceto a sua
própria vontade. Sendo, além disso, uma substituta da religião, ela deve livrar-se
da verdadeira religião, que bloqueia seu caminho, e assim os liberais se tornam
naturalmente cruzados contra a ordem de Deus em todos os cantos de sua criação:
casamentos livres de gênero, famílias livres das crianças, Estados livres de um
líder, a vida livre da moral, e assim por diante. Tal guerra contra a realidade
de Deus é algo completamente insano, mas os liberais, aparentemente tão doces
para com os seus companheiros a quem eles estão “libertando”, podem de fato ser
totalmente cruéis para quem fica no caminho da sua cruzada. É na lógica do
substituto da religião que eles não precisam ter nenhuma decência normal em
tripudiar sobre os antiliberais, que não merecem compaixão.
Há 20
séculos a Igreja Católica condenou tal insanidade. No entanto, no Concílio
Vaticano II a Igreja oficial deu lugar a ela, por exemplo, ao declarar (Dignitatis Humanae) que cada Estado deve
proteger mais a liberdade das restrições civis na prática de sua religião que
suas “liberdades-para” a prática da verdadeira religião. E agora os líderes de
determinada sociedade religiosa querem colocá-la sob a autoridade dos romanos
do Vaticano II. Para a religião verdadeira, tal ação é, como a chamou o Arcebispo
Lefebvre, uma “Operação Suicida”. Sendo assim, o liberalismo é intrinsecamente
suicida.