sábado, janeiro 05, 2013

Comentários Eleison: Sinal Amarelo

“Comentários Eleison”, por Mons. Williamson –

Número CCLXXXVI (286) – 5 de janeiro de 2013

SINAL AMARELO


Nem todos os leitores dos “Comentários Eleison” devem ter lido a admirável carta escrita pelo Pe. Ronald Ringrose há dois meses e dirigida ao Superior do Distrito dos EUA da Fraternidade São Pio X, Pe. Arnauld Rostand. O Pe. Ringrose tem sido por mais de 30 anos o pastor independente da paróquia Tradicional de Santo Atanásio localizada nos arredores de Washington - DC, e por todo esse tempo tem sido um fiel amigo, sem ser um membro, da FSSPX. No entanto, em junho do ano passado, ele recebeu em sua paróquia o primeiro encontro nos EUA do núcleo de sacerdotes que agora formam uma Resistência a essa mudança de direção da Fraternidade, latente há muito tempo, mas que se tornou clara para todos na primavera do ano passado. Como fiel executivo de Dom Fellay, nos EUA, o Pe. Rostand escreveu-lhe propondo uma reunião onde poderia persuadir o Pe. Ringrose de que a mudança não era mudança. Aqui está a resposta do Pe. Ringrose:
“Obrigado por sua carta de 12 de outubro, na qual o senhor propõe uma reunião para discutir a situação dentro da Fraternidade São Pio X. Apesar de ser essa uma oferta muito gentil de sua parte, o que aprecio muito, eu não acho que essa reunião vá servir a qualquer propósito útil, uma vez que os problemas decorrem do topo da liderança da Fraternidade, e o senhor não está em posição de mudar isso.
É verdade que eu tenho sido um forte apoiador da Fraternidade por muitos anos. Este apoio foi baseado no fato de que a minha missão como padre e a missão da Fraternidade eram uma e a mesma: ajudar as almas a se agarrar à fé católica durante esse tempo em que parecem ter sido abandonadas pela Roma pós-Vaticano II.
Agora tenho de ser mais cauteloso e reservado nesse apoio. Fiquei alarmado com os dizeres do Superior Geral de que 95% do Concílio Vaticano II seriam aceitáveis. Deixa-me pasmo a liderança da Fraternidade responder a três bispos da Fraternidade, sugerindo que eles estariam transformando os erros do Concílio Vaticano II em uma “super-heresia”. Estou desapontado com o fato de a resposta da Fraternidade ao Assis III ter sido tão fraca e anêmica. Estou triste pelo castigo injusto aplicado aos sacerdotes da Fraternidade que estão seguindo o exemplo do Arcebispo Lefebvre, e indignado com o tratamento dado ao Bispo Williamson – e não se trata apenas da sua recente expulsão, mas do tratamento injusto que ele tem recebido ao longo dos últimos anos.
Antes deste ano, quando perguntado sobre a Fraternidade por algum paroquiano inquiridor, eu sempre dava à Fraternidade um sinal verde. Dada as recentes ações da Fraternidade, ainda não dei a ela um sinal vermelho, mas dei um sinal amarelo de cautela. O sinal vermelho virá se e quando a Fraternidade se permitir ser absorvida pela Igreja Conciliar, à qual o Arcebispo Lefebvre tão vigorosamente resistiu.
É com grande tristeza que escrevo estas palavras. Há muitos bons, zelosos e fiéis sacerdotes dentro das fileiras da Fraternidade. Muitos deles eu conheço pessoalmente e admiro. Muitas almas dependem deles. É por amor à Fraternidade que temo pelo seu futuro. Tenho medo de que ela esteja em um caminho suicida. A liderança pode pensar que um acordo está fora de questão, mas eu temo que esse não seja o pensamento de Roma.
Rezo para que a Fraternidade retorne à missão dada a ela pelo Arcebispo Lefebvre sem se comprometer ou se restringir. Quando isso acontecer, ela vai ter o meu apoio incondicional.”
E a carta de Pe. Ringrose termina com saudações fraternas. É realmente um modelo de lucidez e firmeza, cortesia e caridade. Vida longa ao Pe. Ringrose, para que mantenha um incomparável bastião do catolicismo bem ao lado da capital dos Estados Unidos!

Kyrie eleison.