“Comentários Eleison”, por Mons.
Williamson –
Número CCLXXXVI (286) – 5
de janeiro de 2013
SINAL AMARELO
SINAL AMARELO
Nem
todos os leitores dos “Comentários Eleison” devem ter lido a admirável carta
escrita pelo Pe. Ronald Ringrose há dois meses e dirigida ao Superior do
Distrito dos EUA da Fraternidade São Pio X, Pe. Arnauld Rostand. O Pe. Ringrose
tem sido por mais de 30 anos o pastor independente da paróquia Tradicional de
Santo Atanásio localizada nos arredores de Washington - DC, e por todo esse
tempo tem sido um fiel amigo, sem ser um membro, da FSSPX. No entanto, em junho
do ano passado, ele recebeu em sua paróquia o primeiro encontro nos EUA do
núcleo de sacerdotes que agora formam uma Resistência a essa mudança de direção
da Fraternidade, latente há muito tempo, mas que se tornou clara para todos na
primavera do ano passado. Como fiel executivo de Dom Fellay, nos EUA, o Pe.
Rostand escreveu-lhe propondo uma reunião onde poderia persuadir o Pe. Ringrose
de que a mudança não era mudança. Aqui está a resposta do Pe. Ringrose:
“Obrigado
por sua carta de 12 de outubro, na qual o senhor propõe uma reunião para
discutir a situação dentro da Fraternidade São Pio X. Apesar de ser essa uma
oferta muito gentil de sua parte, o que aprecio muito, eu não acho que essa
reunião vá servir a qualquer propósito útil, uma vez que os problemas decorrem
do topo da liderança da Fraternidade, e o senhor não está em posição de mudar
isso.
É
verdade que eu tenho sido um forte apoiador da Fraternidade por muitos anos.
Este apoio foi baseado no fato de que a minha missão como padre e a missão da
Fraternidade eram uma e a mesma: ajudar as almas a se agarrar à fé católica
durante esse tempo em que parecem ter sido abandonadas pela Roma pós-Vaticano
II.
Agora
tenho de ser mais cauteloso e reservado nesse apoio. Fiquei alarmado com os
dizeres do Superior Geral de que 95% do Concílio Vaticano II seriam aceitáveis.
Deixa-me pasmo a liderança da Fraternidade responder a três bispos da
Fraternidade, sugerindo que eles estariam transformando os erros do Concílio
Vaticano II em uma “super-heresia”. Estou desapontado com o fato de a resposta
da Fraternidade ao Assis III ter sido tão fraca e anêmica. Estou triste pelo
castigo injusto aplicado aos sacerdotes da Fraternidade que estão seguindo o
exemplo do Arcebispo Lefebvre, e indignado com o tratamento dado ao Bispo
Williamson – e não se trata apenas da sua recente expulsão, mas do tratamento
injusto que ele tem recebido ao longo dos últimos anos.
Antes
deste ano, quando perguntado sobre a Fraternidade por algum paroquiano
inquiridor, eu sempre dava à Fraternidade um sinal verde. Dada as recentes
ações da Fraternidade, ainda não dei a ela um sinal vermelho, mas dei um sinal
amarelo de cautela. O sinal vermelho virá se e quando a Fraternidade se
permitir ser absorvida pela Igreja Conciliar, à qual o Arcebispo Lefebvre tão
vigorosamente resistiu.
É com
grande tristeza que escrevo estas palavras. Há muitos bons, zelosos e fiéis
sacerdotes dentro das fileiras da Fraternidade. Muitos deles eu conheço
pessoalmente e admiro. Muitas almas dependem deles. É por amor à Fraternidade
que temo pelo seu futuro. Tenho medo de que ela esteja em um caminho suicida. A
liderança pode pensar que um acordo está fora de questão, mas eu temo que esse
não seja o pensamento de Roma.
Rezo
para que a Fraternidade retorne à missão dada a ela pelo Arcebispo Lefebvre sem
se comprometer ou se restringir. Quando isso acontecer, ela vai ter o meu apoio
incondicional.”
E a
carta de Pe. Ringrose termina com saudações fraternas. É realmente um modelo de
lucidez e firmeza, cortesia e caridade. Vida longa ao Pe. Ringrose, para que
mantenha um incomparável bastião do catolicismo bem ao lado da capital dos
Estados Unidos!