Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXXV – (335) – (14 de dezembro de 2013):
PADRE RIOULT II
Permitam-me
citar o Padre Rioult, de sua entrevista de 6 de outubro em Paris (cf. EC 333), uma
outra questão muito discutida dentro da Resistência católica atual – a da
organização. Perguntaram ao Pe. Rioult se ele achava que seria possível criar
uma organização de alcance mundial, ou se a opção seria por algum tipo de
associação livre, do modo como se agrupam os sedevacantistas há alguns anos. Aqui
está sua resposta, desta vez em suas próprias palavras:
“Nos próximos meses eu posso
estar criando um tipo amplo de associação baseada na amizade com outros
católicos da Resistência, sejam eles sedevacantistas ou não, já que o
sedevacantismo é, para mim, uma opinião. Mas a situação aqui e agora não é ainda
propícia para uma tal situação. Em todo caso, tudo o que é católico é nosso.
Assim nós trabalharemos com quaisquer católicos que estejam prontos para agir
como católicos e resistir ao reino supremo do modernismo dentro da Igreja.
Então, sim para um amplo tipo de associação que compartilhe o mesmo bem comum;
a fé e devoção da Igreja Católica, a defesa da Fé. Ter-se isso como bem comum viabiliza
criar amizade entre todos os nossos grupos.
Eu
acho que quanto mais nos aproximamos do fim dos tempos, mais os católicos terão
que ser anarquistas – não no princípio, mas na prática. Quero dizer com isso
que eles terão que enfrentar todos os poderes constituídos, pois estes terão
sido neutralizados, indeterminados ou subvertidos, operando de modo contrário à
ordem natural. Assim, na prática os católicos terão que se levantar contra
todos eles, na Igreja ou no Estado... porque eles todos serão deformados sob a
influência maçônica... servindo de modo ou de outro ao príncipe deste mundo.
Então eu acho que será muito difícil criar alguma estrutura de nível mundial. O
padre dominicano francês Pe. Roger Calmel tinha uma visão muito clara das
coisas. Já nos anos de 1970 ele dizia que os líderes naturais de um dado lugar terão
que fazer brilhar o seu ministério naquele lugar, unidos por laços de amizade
aos líderes de outros lugares.
Nos
anos de 1970, no periódico francês “Itineraires” (nº 149), ele escreveu: ‘O
combate pela Fé terá que ser travado por pequenos grupos que se recusam a
entrar em quaisquer organizações estruturadas ou universais. Dentro desses
vários grupos, sejam eles uma pequena escola, um humilde convento, um grupo de
oração, uma reunião de famílias cristãs ou uma organização de peregrinação, a
autoridade é real e aceita por todos. Tudo o que é necessário é que cada
católico vá tão longe quanto a sua graça e a sua autoridade o levem na pequena
esfera que certamente lhe compete liderar, e na qual se encarregará de fazê-lo
sem que sobre si haja qualquer grande estrutura administrativa’.”
Se
o Pe. Calmel tivesse escrito nos anos de 1970 para as circunstâncias da década
de 70, se poderia dizer que ele estava olhando muito à frente, ou que Monsenhor
Lefebvre, ao organizar a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, mostrou ser
possível que isso se desse ainda naquela década. Mas eu acho que o Pe. Calmel
estava certo em relação ao tempo. Alguém poderia ainda dizer, observando o que
aconteceu com a Fraternidade no ano passado, que ela não estaria destinada a
durar muito. Monsenhor Lefebvre, como o Papa São Pio X, conduziu uma
maravilhosa ação de retaguarda, mas deve ser levado em conta o tanto menos que
Monsenhor pôde realizar agindo setenta anos depois do Papa, e agora já se
passaram quarenta anos desde a ação do Monsenhor. Em um mundo marchando em
direção à sua ruína, a realização da profecia do Pe. Calmel não poderia ser
indefinidamente retardada.
Caros
leitores, se nós desejamos ficar com Nosso Senhor, nós não temos outra escolha
que não nos prepararmos para a luta. Em minha opinião, o Pe. Calmel e o Pe.
Rioult estão certos. Mãe de Deus, Auxiliadora dos Cristãos, ajude-nos!
Kyrie eleison.