Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCLIII (353) - (19 de abril de 2014):
EQUILÍBRIO PROPOSTO
“Guardai,
pois, e fazei o que o Senhor Deus vos mandou; não declinareis nem para a
direita, nem para a esquerda”. Esta instrução do Senhor Deus transmitida por
Moisés aos Israelitas (Dt 5, 32) vale certamente para o Povo Escolhido de Deus
do Novo Testamento (Rm 9, 25-26), mas não é tão fácil de ser aplicada em nosso
próprio tempo, quando o pastor do Novo Testamento está ferido e suas ovelhas
estão dispersas (Zc 13, 7). Está o Papa tão levemente ferido que os católicos
não precisam ter cuidado em como devem obedecê-lo? Ou está ele tão seriamente ferido
de tal modo que não pode ser Papa? Em qualquer dos casos, as ovelhas estão
dispersas, e assim permanecerão até que a Rússia seja consagrada ao Imaculado
Coração de Maria.
Enquanto
isso, assim me parece, uma carta publicada na última edição da Angelus, a revista oficial da
Fraternidade Sacerdotal São Pio X nos EUA, faz um desvio para a esquerda. O
padre S. tem muitas razões para incitar a FSSPX a colocar-se “nas mãos... do
Papa assim que possível”. Em primeiro
lugar, pensar que os homens da Igreja romanos são destruidores intencionais
da Igreja é sedevacantismo implícito. Mas eu não preciso ser sedevacantista,
implícito ou explícito, para recordar que suas intenções subjetivas não diminuem
de modo algum o dano objetivo que eles têm feito à Igreja, e farão à FSSPX se
ela vier a estar sob seu controle. Em
segundo lugar, para a FSSPX é irreal esperar até a completa conversão
doutrinal dos romanos para se entregar em suas mãos. Mas uma heresia é
suficiente para fazer um inimigo da Fé, e o modernismo é uma heresia que
abrange todas (Pascendi, S. Pio X).
Muito contato com os romanos já foi suficiente para seduzir os líderes da
FSSPX.
Em terceiro lugar, a FSSPX deve voltar a
Roma assim que isto se dê com a doutrina e a prática da verdadeira Fé. Mas se
Roma fosse apenas meio modernista, tal retorno seria como jogar pérolas aos
porcos (Mt 7,6). Em quarto lugar, a
FSSPX vem mantendo distância de Roma por tanto tempo que corre o risco de
perder todo o sentido católico de hierarquia, obediência e autoridade. Mas a
verdadeira Fé deve ser mantida em distância segura da heresia generalizada. Se
a heresia não é culpa minha, Deus pode cuidar de meus sentidos católicos, desde
que eu seja fiel a Ele, por 40 anos ou mais no deserto, assim como ele cuidou
dos fieis israelitas (Ex–Dt). E em
quinto lugar, a assim chamada “Resistência” está dividindo e enfraquecendo
a verdadeira resistência da FSSPX a Roma Conciliar. Mas a unidade em torno de
algum entendimento não doutrinal com os modernistas será uma unidade em torno
do erro, fatal para a FSSPX de Monsenhor Lefebvre. Resumindo, o Padre S. se
esquece do quão sedutor e mortal para a fé é o erro do modernismo.
Por
outro lado, assim também me parece, um sacerdote que agora se recuse a
continuar mencionando o nome do Papa no Cânon da Missa está em perigo de se
desviar para a direita. Se eu vejo que o modernismo é um perigo mortal para a
Fé, certamente vejo o enorme dano objetivo feito à Igreja pelos Papas
conciliares. Mas posso eu dizer sinceramente que não há absolutamente nada
ainda de católico neles? Por exemplo, como diria o padre S., será que eles
ainda não têm ao menos boas intenções subjetivas? Será que eles não têm ao
menos a intenção de servir à Igreja? Em que caso eu não posso celebrar a Missa
em união com o que quer que ainda permaneça católico neles? A Igreja mainstream pode estar mortalmente
doente, mas eu não poderia sustentar para ninguém que não há absolutamente nada
de católico que ocorra nela. É algo que ainda não está completamente morto.
“Nas coisas certas, a unidade.
Nas coisas duvidosas, a liberdade. Em todas as coisas, caridade”.
Kyrie eleison.
Com Roma, hoje, os verdadeiros
sacerdotes não deveriam nem flertar,
Nem de suas Missas o Papa retirar.