sábado, fevereiro 13, 2016

Comentários Eleison: Hospedeiro e Parasita - II



Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDXLVII (447) - (06 de fevereiro de 2016):

HOSPEDEIRO E PARASITA – II


De uma mãe leprosa alguns filhos desertarão,
Outros que não forem alertados, demasiadamente se aproximarão.

Há duas semanas, estes “Comentários” voltaram a pisar em campo minado e defenderam a posição de que ainda existe algo de católico no que se tornou a Igreja Católica desde o Vaticano II. Esta posição é altamente disputada. Por exemplo, de um lado os atuais líderes da Fraternidade Sacerdotal São Pio X agem como se a Igreja oficial em Roma fosse ainda tão católica que a FSSPX não pudesse atuar sem seu reconhecimento oficial. Do outro lado, muitas almas que realmente possuem a fé católica repudiam absolutamente a ideia de que ainda resta algo de católico na “Igreja”, agora comandada pelo “Papa” Francisco. O que segue é somente uma tentativa de discernir que verdade pode estar em ambos os lados.

No coração do problema está o modernismo, que foi a doença essencial do Vaticano II. O modernismo é necessariamente, por sua natureza, um animal singularmente escorregadio. Isto porque seu princípio básico é adaptar o catolicismo ao mundo moderno intrinsecamente anticatólico. Assim, Papas conciliares como “Paulo VI” e “Bento XVI” queriam romper e não romper com a Tradição Católica. Para qualquer mente sã isto é impossível porque é contraditório. Mas, dado que estes papas foram eleitos para corresponder ao mundo moderno, eles já não têm mentes sãs. Ao contrário, possuem a contradição da realidade em sua corrente sanguínea. E dado que tiveram aproximadamente 50 anos para conformar a Igreja à sua insanidade, de cima para baixo, uma Igreja tão diferente emergiu a partir da Igreja pré-conciliar, que ela realmente merece o nome de Neoigreja.

Mais ainda, mesmo onde uma prática pré-conciliar é mantida na Neoigreja atual, por exemplo, a Benção do Santíssimo Sacramento, o fundamento mental que descansa nas cabeças daqueles que assistem é passível de ser qualquer coisa que não sólido, porque a doutrina da Real Presença é agora tanto tradicional como não tradicional, já que a consagração é realizada por sacerdotes atualizados, que são ambos, sacerdotes e não sacerdotes. São sacerdotes se você quiser, mas também, ao mesmo tempo, meros presidentes se você quiser. O que quer que você sinta como tal é o que se considera verdadeiro, porque a mente está desenganchada da realidade objetiva. Está nadando em sentimentos agradáveis e subjetivos, e está inconsciente do que está fazendo porque (quase) todos o fazem. Para qualquer um que tem a Fé real, tal carência de objetividade está longe de ser agradável: é nauseante. Não é de estranhar que tais almas possam repudiar a totalidade da Neoigreja.

Mas se alguém respeita a realidade, está obrigado a admitir que ainda há fé na Neoigreja. Um leigo disse-me que seu pai tem ido fielmente ao NOM pelos últimos 45 anos, e ele ainda mantém a fé. Um padre me contou que se lembrava de uma leiga apresentando ao próprio Arcebispo Lefebvre suas razões sobre a necessidade que tinha de assistir ao NOM, e ele só encolheu os ombros. E eu poderia multiplicar esses testemunhos que chegaram a mim sobre a fé católica sobrevivendo a ataques de tudo o que é errado no NOM. A razão para tais testemunhos serem reais deveria ser óbvia. 

Como uma parte essencial da religião subjetiva e ambígua, o NOM pode ser o que você faz dele. Um padre pode celebrá-lo “decentemente”, um católico pode assisti-lo “devotamente”. As aspas são para aplacar os linha-duras que insistirão que com o NOM não pode haver nem verdadeira decência nem verdadeira devoção. Mas quando eles dizem tais coisas, penso que estão indo contra a realidade. Graças a Deus, Deus é juiz! Não há dúvida que o NOM, como se apresenta, está constantemente minando e erodindo a decência e a devoção católicas, mas dizer que não restou absolutamente nada disso na “Neoigreja” parece-se ser um grave exagero.

Não é que os líderes da FSSPX estão certos em querer ser reincorporados à Neoigreja. Longe disso. Quaisquer ovelhas ali dentro que ainda não estejam infectadas pelo subjetivismo, estão abertas ao terrível perigo. Nem os pastores estão imunes. Ai dos bispos que falharam em manter o subjetivismo fora da Igreja católica! Estes carregam uma responsabilidade tremenda.

Kyrie eleison.