Comentários Eleison CDLXX (470), 16
de julho de 2016
BREXIT – SPEXIT?
Por Dom Richard Williamson
Tradução: Cristoph Klug
Enquanto Menzingen pelas sirenes de Roma é encantado,
Para manter a Fé, guerra avisada não mata soldado.
Existe algo
chamado “Zeitgeist”, ou espírito da época. Uma prova seria o paralelo que pode
ser estabelecido entre o plebiscito da Grã-Bretanha de 23 de junho para
renunciar ao abraço da quase comunista União Europeia, e a reunião de
Superiores da FSSPX em 28 de junho com o Comunicado de Dom Fellay de 29 de
junho declarando que a Fraternidade agora renuncia ao abraço da Roma
neo-modernista – “Spexit”, para abreviar. Mas assim como o “Comentário” da
semana passada sugeriu que o Brexit seria admirável, mas duvidosamente eficaz,
poder-se-ia temer que o São-Pio-Exit poderia ter tranquilizado muitos bons
católicos por pensar que a Fraternidade recuperou o rumo, mesmo que em poucos
dias a Roma oficial e Mons. Fellay tenham voltado a dizer que os contatos
continuam...
A base do
paralelo é a apostasia que caracteriza a Quinta Época da Igreja, desde 1517 até
2017 (ou mais além), pela qual os povos do mundo, lenta porém progressivamente
têm dado suas costas a Deus para substituí-lo pelo Homem. Mas sua consciência
não está tranquila no processo. Consequentemente, exteriormente eles anelam a
liberação de Deus e os benefícios materiais da Nova Ordem Mundial. Assim, um
bom instinto antigo levou os britânicos a votar para tornarem-se independentes
do Comunismo, mas sendo quase todos materialistas ateus, eles são comunistas
sem o nome, e então agora dificilmente sabem o que fazer com o seu Brexit. Assim,
pode-se temer que haja mais no “Spexit” do que parece.
Por exemplo, o
excelente site hispânico “Non Possumus” assinalou que quando o Comunicado de 29
de junho diz que se espera um Papa “que favoreça concretamente o retorno à
Santa Tradição” (2+2=4 ou 5), isto não é a mesma coisa que um Papa “que tenha
voltado à Tradição” (2+2=4, e exclusivamente 4). Muito menos é tranquilizador
que em 2 de julho Dom Fellay tenha convocado para uma quinta Cruzada de
Rosários, já prevista em 24 de junho como uma possibilidade pelo padre
Girouard, no oeste do Canadá. Recordando como Dom Fellay mostrou como presentes
da Mãe de Deus, tanto a duvidosa liberação do verdadeiro rito da Missa no
Summorum Pontificum em 2007, como o “levantamento” das “excomunhões”
inexistentes em 2009, o padre Girouard teme que um reconhecimento unilateral da
Fraternidade por parte da Roma oficial possa ser mesmo assim apresentado como
uma resposta d’Ela a essa nova Cruzada de Rosários. Eis aqui como o padre
Girouard imagina o reconhecimento sendo apresentado por Dom Fellay:
“Na Cruzada
pedimos pela proteção da Fraternidade. Graças aos 12 milhões de Rosários, a BVN
obteve para nós, do Coração de Seu Filho, essa especial proteção! Sim, o Santo
Padre firmou esse documento onde ele nos reconhece a nós e nos promete dar sua
proteção pessoal para que possamos continuar “como somos”. Esse novo presente
de Deus e da BVM é verdadeiramente um novo meio dado a nós pela Divina
Providência para continuar melhor nosso trabalho para a extensão do Reinado
Social de Cristo! Isso é também a reparação de uma grave injustiça! É
verdadeiramente um sinal de que Roma mudou para melhor! Nosso venerável fundador,
Dom Lefebvre, teria aceitado esse presente providencial. Certamente, podemos
estar seguros de que ele uniu suas orações às da BVM para obtê-lo de Nosso
Senhor, e que ele está agora regozijando-se com Ela no Céu! Em ação de graças
por esse maravilhoso presente da Providência, renovemos oficialmente a
consagração da Fraternidade aos Corações de Jesus e Maria, e tenhamos um Te
Deum cantado em todas as nossas capelas!”
Neste
panorama, acrescenta o padre Girouard, a qualquer pessoa que rejeite a reunião
da Fraternidade com Roma se fará parecer como se estivesse resistindo a Deus e
desprezando a Sua Mãe.
Esses temores
são no momento apenas imaginários. O que é certo é que o “Spexit” de 25 a 28 de
junho não terá de forma alguma retirado a resolução de Dom Fellay de conduzir a
Fraternidade de Dom Lefebvre aos braços de Roma neomodernista. Para ele, esse é
o único caminho a seguir, em contraposição a “desprezar aos bons Romanos” e
“estancar-se” em uma resistência que está fora de moda e já não é relevante
para a evolução da situação.
Kyrie eleison.