Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXVII (627)- (20 de julho de 2019)
A Clareza de um Cardeal
A Europa respondeu
uma vez ao amor de Deus.
Pode-se notar
na leitura de um livro (ou uma entrevista), publicado recentemente por um
Cardeal romano, um bom senso incomum sobre as ondas de imigração que há décadas
têm ameaçado inundar as outrora grandes nações ocidentais. Mas o Cardeal Sarah
não é "racista" – ele vem da África negra. Oxalá os europeus
apreciassem os dons de Deus para a Europa como ele o faz! Mas quem na Europa
quer a Deus? "Aí está o obstáculo", como diz Hamlet.
Estou escandalizado por todos esses homens
que morrem no mar, pelo tráfico de seres humanos, pela rede de máfias, pela
escravidão organizada. Essas pessoas emigram sem documentos, sem perspectivas
para o futuro, sem família. Pensam que vão encontrar o paraíso aqui na terra?
Ele não está no Ocidente! Se se devem ajudar essas pessoas, é melhor fazê-lo
nos lugares de onde elas vêm, em seus próprios povoados, no meio de suas próprias
raças. Os desequilíbrios econômicos e os dramas humanos não podem ser
justificados. Vocês não podem acolher imigrantes do mundo inteiro. Acolher
significa não apenas deixar essas pessoas entrarem no próprio país, mas também dar-lhes
trabalho. Vocês podem fazer isso? Não. Significa dar-lhes algum lugar para
morar. Vocês podem fazer isso? Não. Estacioná-los em alojamentos inadequados,
sem dignidade, sem trabalho, não é isso que eu chamaria acolher pessoas. Parece-se
mais com algo organizado pela máfia! A Igreja não pode cooperar com o tráfico
de pessoas, o que é mais uma nova forma de escravidão.
O que eu acho igualmente escandaloso é usar
a Palavra de Deus para justificar tudo isso. Deus não quer que as pessoas emigrem.
O menino Jesus se refugiou no Egito, por causa de Herodes, mas depois voltou
para casa. Deus sempre trouxe seu povo de volta para Israel, fosse depois da fome
em casa ou do cativeiro no exterior. Um país é um grande tesouro, é onde
nascemos, onde estão enterrados nossos ancestrais. Quando se dá boas-vindas a
alguém, é para dar-lhe uma vida melhor, não para agrupá-lo em campos de
imigração. Quando se é alimentado sem fazer nenhum trabalho, não há dignidade
ali.
E que cultura vocês têm para oferecer-lhes? Vocês
são capazes de compartilhar sua cultura e suas raízes cristãs? Receio que o
desequilíbrio demográfico provocado por essas ondas de imigração fará com que vocês
percam sua identidade junto com o que faz de vocês serem quem vocês são. A
Europa tem uma missão especial que Deus lhe deu. Foram vocês, europeus, que nos
ensinaram o Evangelho e os valores da família, a dignidade pessoal e a liberdade.
Se renunciam à sua identidade, se se deixam inundar por povos que não
compartilham sua cultura, então seus valores cristãos e sua identidade correm o
risco de desaparecerem; tal como aconteceu quando a Roma antiga foi invadida
por bárbaros. Vocês precisam pensar: as imigrações de hoje não são uma nova
forma de escravidão, organizadas para obter mão de obra barata? Todas essas
pessoas vêm aqui em busca de um modo de vida dos sonhos. Que mentira! Que grande
cinismo! O Papa Bento XVI foi especialmente claro e profético em todas essas
questões. [...]
Vocês europeus foram moldados pelo
cristianismo, tudo na Europa é cristão. Por que negar isto? Nenhum muçulmano
nega sua identidade. Se não voltarem a ser quem são, vocês desaparecerão. E se
a Europa desaparecer, haverá uma terrível convulsão: o Cristianismo se
arriscaria a desaparecer da face da terra. Vejam como estão sendo invadidos
pelo Islã: os muçulmanos querem dominar o mundo e têm os meios financeiros para
fazê-lo. Eles não terão êxito, porque o Senhor está conosco até o fim do mundo.
Mas vocês não devem negar quem são: esses imigrantes que vocês permitem entrar
devem integrar-se à sua cultura, assumindo que vocês ainda têm uma cultura.
Vocês não os integrarão ao seu materialismo ateu. Eles não querem ter nada que
ver com ele.
Kyrie eleison.
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