Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXLV (64) - (23 de novembro de 2019)
O MUNDO DESLIZANDO
Todas as árvores da
Amazônia batendo palmas – seria possível isto concretizar-se?
Não é somente
a Fraternidade Sacerdotal São Pio X que está deslizando, é um mundo inteiro que
desliza, dentro das almas dos homens. E assim como “não se pode fazer bolsas de
seda com orelhas de porcos” e “não se pode fazer tijolos sem palha”, é
impossível esperar que as instituições de ontem não sejam esvaziadas pelos
seres humanos de hoje, como tantos balões colapsados dos quais o ar foi
expelido. Eis a interessante resposta de alguém que ainda pensa, quando lhe
perguntaram o que via, em relação ao futuro, para a "Resistência",
para a FSSPX, para a Igreja e para o mundo:
Quanto à “Resistência”, não haverá grande
aumento no número, nem uma grande colheita de almas, porque o material adequado
simplesmente não existe. Como é possível fazer algo católico em pessoas que têm
pouca ou nenhuma ideia do que é verdadeiro e do que é falso, do que é certo e
do que é errado, daquilo ao que realmente é necessário resistir? A verdade e o certo
foram minados, e mais e mais pessoas têm deixado de acreditar que são importantes,
tanto porque o homem é um animal social que toma seu colorido daqueles que o
rodeiam e que hoje desistiram massivamente da verdade e do certo, como porque a
vida é muito menos exigente se a verdade e o certo são insignificantes. Então
eu posso seguir o fluxo, e não há nada a que eu ainda precise resistir.
Quanto à FSSPX, se o Bispo Fellay é temeroso,
seu medo se estenderá para o resto da Fraternidade, e de lá para o resto da
Igreja, na medida em que a Fraternidade do Arcebispo foi em seu apogeu a
rigidez da espinha dorsal da Igreja. Sem essa rigidez prevalecerá um
conciliarismo suave, com um Missal híbrido que mistura a Missa Tridentina com a
Missa Nova, com uma “hermenêutica de continuidade” que mistura a doutrina
católica com o Vaticano II, com sacerdotes e ritos duvidosos, que possibilitam
uma retomada ilusória da década de 1950. E assim a Igreja terminará sem ninguém
que diga a Verdade, e a “luz do mundo” emitirá apenas um brilho tênue e
opcional, e o “sal da terra” será impotente para impedir a corrupção universal.
O mundo, consequentemente, estará cada vez
mais degenerado, tornar-se-á cada vez mais artificial, porque a Igreja era a
protetora sobrenatural, pela graça, nas almas dos homens, de tudo o que era
natural na criação de Deus. E, nesta Nova Ordem Mundial, até mesmo os restos da
verdadeira Igreja continuarão sendo perseguidos pela intimidação
passivo-agressiva de hoje. Sob uma aparência de tolerância passiva, a realidade
é a de uma pressão implacável para conformar-se: "É melhor você ser
'politicamente correto', como todo mundo, ou faremos de você um pária". A
essa pressão externa corresponde uma misteriosa fraqueza da mente moderna que
não pode apegar-se a nenhuma verdade. O diabo, então, entra no nível natural e
desvia a mente para a esquerda, para longe de Deus, fazendo com que os
católicos duvidem de si mesmos: “Quem sou eu para dizer que o Arcebispo
Lefebvre estava certo? Seus inimigos eram realmente maus? Quem sou eu para
julgar?”. E nesse estado de espírito, é fácil trair...
Foi o Concílio dos anos 60 que desatou a
confusão nos anos 70, e teve mais meio século para espalhar-se desde então, com
a FSSPX trabalhando secretamente para o inimigo nos últimos 20 anos...”.
Essa visão do
futuro é sombria, mas é uma previsão realista no nível meramente humano.
Felizmente, Deus é Deus, Ele realmente existe, e Seus pensamentos não são os
nossos pensamentos, nem os nossos caminhos são os Seus caminhos, “Porque,
quanto os céus estão elevados acima da terra, assim se acham elevados os meus
caminhos acima dos vossos caminhos, e os meus pensamentos acima dos vossos
pensamentos” (Isaías LV, 8-9 [tradução da Vulgata pelo Pe. Matos Soares]).
Tampouco este Deus se frustrará com as maquinações dos homens: “assim será a
minha palavra, que sair da minha boca; não tornará para mim vazia, mas fará
tudo o que eu quero, e produzirá os efeitos para os quais a enviei. Portanto,
vós saireis com alegria, e sereis conduzidos em paz; os montes e os outeiros
cantarão diante de vós cânticos de louvor, e todas as árvores do país baterão
palmas. Em lugar do espigue subirá a faia, e em vez da urtiga crescerá a murta;
e o Senhor será nomeado como um sinal eterno, que não será tirado” (Is. LV,
11–13 [tradução da Vulgata pelo Pe. Matos Soares]).
Kyrie eleison.
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