Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXLIII (643) - (9 de novembro de 2019)
AINDA DESLIZANDO – II
Quem deu a vara para
Roma golpear-nos?
Como devem rir do
modo como podem tratar-nos!
Caso os
leitores pensem que a conversa relatada aqui na semana passada, que ocorreu em setembro
entre Dom Placide de Bellaigue, na França, e as autoridades da Fraternidade
Sacerdotal São Pio X, na Suíça, é insuficiente para provar que a Fraternidade continua
afastando-se da defesa da verdadeira Fé, eis outra informação que nos leva à
mesma conclusão: mais ou menos na mesma época em que o Superior Geral da Fraternidade
(SG) deu sua entrevista reconfortante de 12 de setembro, ele presidiu a
nomeação de uma Comissão de três pessoas para irem a Roma retomar aquelas
discussões teológicas com os romanos conciliares que ocorreram de 2009 a 2011
sem resultado. E quais foram os três representantes da Fraternidade escolhidos
para as discussões? Ninguém menos que o Bispo Fellay e os padres Pfluger e
Nély, o triunvirato da Fraternidade que governou entre 2006 e 2018, quando
então todos os três foram destituídos do cargo no Capítulo Geral eletivo de
julho! E novamente se faz necessário um pouco de contexto.
No Capítulo Geral
eletivo anterior de 2006, os 40 principais sacerdotes da Fraternidade se mantiveram
fiéis, menos fiéis do que em 1994 (como admitiu uma vez o Bispo Fellay), mas
ainda assim fiéis ao princípio de bom senso católico do Arcebispo Lefebvre, segundo
o qual, no choque entre a Fraternidade e Roma, estavam em jogo questões tão
importantes de Fé que nenhum acordo meramente prático, sem um acordo
doutrinário, poderia resolver. Ora, em 2006, o Bispo Fellay já havia deixado de
levar a doutrina a sério havia algum tempo. Para ele, como para o Papa Bento
XVI, para todos os modernistas e para a massa dos habitantes do mundo de hoje, a
verdade de Deus é menos importante do que a unidade dos homens; mas ele sabia
que dentro da Fraternidade muitos membros ainda continuavam seguindo o Arcebispo
em seu respeito pela verdade de Deus, e, por isso, o SG continuou a pedir ao Papa
Bento XVI que mantivesse as discussões doutrinárias a fim de que a Fraternidade
e Roma pudessem unir-se.
O pedido era
intrinsecamente insensato desde o início, porque as doutrinas da Tradição
Católica e do Vaticano II não podem mais ser unidas do que o são as doutrinas
de 2 + 2 = 4 e 2 + 2 = 5. Mas tanto o Papa como o SG aparentemente esperavam
que os dois lados pudessem contentar-se com 2 + 2 = quatro e meio, porque, para
os dois, a união era mais valiosa do que a verdade. E assim, ocorreram
“discussões doutrinárias” entre quatro representantes de cada lado, de 2009 a
2011. No entanto, em 2009 o Bispo Fellay ainda teve de nomear quatro
representantes da Fraternidade que levavam a sério a verdade católica, enquanto
os romanos se mantiveram inflexíveis em seu apego às antiverdades do Vaticano
II, de modo que as discussões não chegaram a lugar nenhum. A unidade não pôde,
então, prevalecer sobre a Verdade.
Mas no
Capítulo Geral interino (não eletivo) de 2012 da Fraternidade, a opinião havia
mudado entre os 40 principais sacerdotes da Fraternidade, de modo que o
princípio de doutrina do Arcebispo foi abandonado primeiramente, e a Fraternidade
aceitou oficialmente que a unidade deveria vir em primeiro lugar. No entanto, surgiu
imediatamente um forte movimento de resistência de sacerdotes da Fraternidade,
ameaçando a unidade desta. E assim, quando no Capítulo eletivo de 2018 os 40 sacerdotes
ainda amavam a Verdade o suficiente para votarem para que o Bispo Fellay e seus
dois assistentes saíssem do cargo, o novo SG adotou posteriormente a ideia das discussões
doutrinárias com os romanos conciliares, uma ideia intrinsecamente insensata,
mas sempre tão atraente quanto ter um bolo e poder deliciar-se com ele. Ele desceu
para Roma, e tanto os romanos como o SG ainda deviam estar sonhando com quatro
e meio, de modo que parece que as "discussões doutrinárias" estão de
volta à mesa.
Mas enquanto
em 2009 o Bispo Fellay teve de escolher os defensores da Verdade para
representarem a Fraternidade, agora o novo SG parece ter escolhido os três
oficiais da Fraternidade que presidiram o Capítulo de 2012 que colocou a
unidade antes da Verdade! Então, quem está enganando quem? Se o novo SG está enganando-se
a si mesmo em relação a achar que uma unidade não doutrinária é possível, ai da
Fraternidade, agora e no futuro próximo! Se ele não está enganando-se a si
mesmo, ele está agindo sob pressão de Roma, de Menzingen fellayzado ou de ambos?
Dá no mesmo, porque o Bispo Fellay fez tudo o que pôde para colocar Menzingen e
a Fraternidade sob o poder de Roma. É Roma, portanto, quem está tomando as
decisões e esfregando o nariz da Fraternidade em sua própria sujeira. Honorável
Pe. Pagliarani, se o senhor não gosta da ideia de ser responsável por essa
sujeira, a coisa honrosa que pode fazer é renunciar!
Kyrie eleison.
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