sábado, fevereiro 08, 2020

Comentários Eleison: Papa Indispensável - II

Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCLVI (656) – (8 de fevereiro de 2020):


PAPA INDISPENSÁVEL - II


Tradicionalistas, a Tradição não dá esperanças,
De sua união sob um Papa sem verdade.

Foi à infidelidade da Autoridade Católica à Verdade Católica no Concílio Vaticano Segundo que estes “Comentários” na semana passada (DCLV, 1º de fevereiro) atribuíram a crise sem precedentes da Igreja Católica, que já dura mais de 50 anos. A conclusão lógica foi que a crise só chegará ao fim quando a Autoridade Católica retornar à Verdade, porque esta não muda, e, portanto, não pode mover-se para voltar a unir-se ao Papa e aos Bispos que se supõe que a defendam. Além disso, declarou-se que o Papa deve restaurar os Bispos, e que somente Deus Todo-Poderoso pode restaurar o Papa, e que Deus porá este novamente de pé somente "quando tivermos aprendido a lição". Porque se Deus nos tirasse muito cedo da lama, nós, seres humanos maus, nos beneficiaríamos somente para voltarmos a cair. Deus não pode permitir-se ser muito generoso com nossa perversa geração. Então, que lição, ou lições, precisamos que nos ensinem?

Entre outras, que o mundo não pode prescindir de uma Igreja sã, e a Igreja, para ser sã, deve ter um Papa são, e o Papa são deve ser obedecido. Por exemplo, quando o Vaticano II chegou ao fim, no final de 1965, os clérigos estavam em plena apostasia. Ainda assim, Deus deu à humanidade outra chance. Diante de Paulo VI, havia a questão premente de meios artificiais de controle de natalidade, ou seja, de contracepção. As condições nas cidades modernas estavam convencendo uma multidão de Bispos, sacerdotes e leigos católicos de que se tinha de relaxar a estrita e antiga condenação da Igreja, de que a cidade moderna estava certa, e que o governo imutável da Igreja, ou seja, Deus, estava equivocado. Paulo VI também queria tornar a regra mais fácil.

No entanto, quando a comissão de especialistas que ele havia designado para estudar a questão apresentou seu relatório, ele mesmo viu que a regra não podia ser relaxada. Seus últimos argumentos para manter a regra não têm a força dos antigos argumentos baseados na lei natural imutável, mas, ainda assim, Paulo VI defendeu a lei essencial em sua Encíclica “Humanae Vitae” de 1968. Mas quando ele a publicou, todo o inferno prontamente foi solto na Igreja. E, em 1969, ele impôs a toda a Igreja a missa do Novus Ordo. Seria vã a especulação de que se os Bispos e sacerdotes tivessem obedecido ao Papa, em vez de rejeitar a lei imutável de Deus, Deus poderia tê-los poupado da missa nova? Ao desobedecerem o Papa quando ele estava sendo fiel à lei de Deus, todos eles contribuíram para a ruptura da Autoridade na Igreja. Todas as apostas foram canceladas, e o caos tomou conta da Igreja.

Eis aqui um exemplo clássico de que a Verdade precisa da Autoridade, de que o mundo precisa da Igreja e de que a Igreja precisa do Papa. Especialmente nas cidades grandes de hoje, os homens não conseguem ver o que há de errado com a contracepção; pelo contrário, parece ser mero senso comum. Assim, se não há uma autoridade divina que proíba a contracepção, nada nem ninguém mais poderá resistir às paixões humanas que a impulsionam. Dessa maneira, o Vaticano II (Gaudium et Spes n. 48) sugeriu que, no ato do matrimônio, a recreação vem antes da procriação, e abriu as comportas para o divórcio, o adultério, o aborto antes do nascimento, e então o chamado aborto pós-parto, a eutanásia, a homossexualismo, a mudança de gênero e para horrores ainda desconhecidos, mas todos implícitos na ruptura da subordinação da recreação à procriação. A Santa Madre Igreja sempre soube que destroçar o ato do matrimônio é destroçar sucessivamente o próprio matrimônio, a pessoa individual, a família, a sociedade, a nação e o mundo. Esse é o caos onde estamos hoje. Essa é a necessidade da autoridade.

E a Autoridade mais importante é a da Igreja, para impor às mentes errôneas dos homens a Verdade infalível de Deus, e sobre suas vontades rebeldes a Lei eterna de Deus, para que possam chegar ao Seu Céu e evitar o seu Inferno. E para incorporar essa Autoridade e projetá-la diante dos homens, o Deus Encarnado instituiu Sua Igreja Católica Única como uma monarquia cujo único governante é o Papa Romano, que é o único que tem a missão e a graça de governar e manter unidos, na Verdade Católica, todos os membros da Igreja. Segue-se disto que, quando ele abandona a Verdade – como no Vaticano II –, as ovelhas são necessariamente dispersas, porque ninguém mais do que o Papa tem de Deus a missão ou a graça de uni-las (cf. Lc. XXII, 32).


Kyrie eleison.



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