segunda-feira, maio 18, 2015

Comentários Eleison: Pecado Vingado

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDIX (409) - (16 de maio de 2015): 

PECADO VINGADO


Quem quer que Deus seja, hoje a Ele culpam.
No entanto, quem, senão os homens, a Ira Divina inflamam?

Imersos que estamos no mundo que nos rodeia, é difícil, especialmente para os jovens, perceber a situação tão anormal na qual ele mergulhou. Nunca, em toda a história humana, Deus foi tão desacreditado, descrido, e, com efeito, descartado da vida dos homens. E ao perderem estes todo o sentido de Deus, perdem também todo o sentido do pecado, uma vez que todo pecado é primeiramente uma ofensa contra Deus. Portanto, eles estão sempre certos, e “Deus”, quem quer que Ele seja, está sempre errado, e por isso, quando as coisas dão errado,“Ele” pode vir a ser sempre ser lembrado, mas apenas por tempo suficiente para que leve a culpa.

Essa atitude tão amplamente difundida torna praticamente impossível a compreensão da aparente severidade de Deus no Antigo Testamento, onde, por exemplo, Ele manda os israelitas exterminar povos inteiros, tal como no livro de Josué. Mas os estudiosos católicos das Escrituras que não se perderam do sentido de Deus imutável e verdadeiro põem as coisas novamente em perspectiva. Aqui, por exemplo, está um resumo do comentário de um beneditino moderno, Dom Jean de Monléon (1890-1981), sobre a matança dos cananeus pelos israelitas sob o comando de Josué:

No que se refere ao próprio Josué, ele agiu não por ódio, racismo, ganância, ambição ou o que fosse, mas sob ordens estritas, precisas e reiteradas do próprio Deus. São João Crisóstomo disse que Josué poderia ter pessoalmente preferido alguma solução menos assassina, mas que Deus certamente tinha Suas próprias razões. Estas nós não podemos saber com segurança, mas podemos fazer suposições razoáveis. Para começar, todos nós seres humanos, por nosso pecado original (“O que é isso?” Grita o homem moderno), temos de pagar a dívida de morte, cujo momento, maneira e lugar são decididos pelo Mestre da Vida e da Morte, que é Deus. Para pecadores como os cananeus, morrer mais cedo pode ter sido um ato misericordioso, especialmente se a maneira de morrer lhes deu tempo para se arrepender e salvar suas almas para a eternidade.

Demais disso, os cananeus eram de fato pecadores imersos na prática de crimes terríveis, e tal como a humanidade antes do Dilúvio, ou como os sodomitas e os gomorreanos, eles fizeram a taça da ira de Deus transbordar: prostituição de todos os tipos, bestialidade, incesto, feitiçaria e, em particular, assassinato ritual de crianças – o que foi comprovado por múltiplas escavações arqueológicas na Palestina, nas quais pequenos esqueletos foram descobertos em circunstâncias que claramente as identifica como vítimas sacrificiais – etc. Além disso, se aos cananeus fosse permitido continuar a viver, eles apresentariam o sério perigo de corromper os israelitas, como a história subsequente mostrou muito claramente.

Em tempos mais recentes, há uns 400 anos (mas ainda antes do advento do liberalismo!), os primeiros missionários no Canadá viram-se obrigados a concluir que a única maneira de lidar com certa tribo era exterminando-a. Uma Santa canonizada disse: “Depois da experiência repetida de sua traição, seja pela paz ou pela Fé, nada mais há que se possa esperar deles”. (Fim do resumo de Dom Monléon.)

Isso, todavia, choca as susceptibilidades modernas; mas não é simplesmente pena capital tribal em oposição à individual? O princípio da pena capital é que por tais crimes antissociais tais como assassinato, traição, falsificação, homossexualismo, etc., os homens são capazes de se comportar de tal modo que os deixa inaptos a continuar vivendo sociedade, e então a autoridade legítima desta tem o direito de tirar suas vidas (alguém pode objetar que nem todos os indivíduos em uma tribo serão igualmente culpados, mas não há dúvida de que Deus Todo-Poderoso pode e fará todas as distinções necessárias).

O problema todo se resume à descrença na grandeza e na bondade de Deus, mas vamos apenas dizer que o Antigo Testamento não é nem cruel nem desatualizado como se faz frequentemente parecer.


Kyrie eleison.