quarta-feira, março 02, 2016

Comentários Eleison: Bispos Válidos? – II



Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDL (450) - (27 de fevereiro de 2016)

Bispos Válidos? – II

A Neoigreja é ambígua, completamente.
Mas em seu interior ainda se vê alma inocente. 

Um recente estudo feito por um competente teólogo da Fraternidade Sacerdotal São Pio X sobre a validade do novo rito de consagração de neobispos introduzido em 1969 confirma notavelmente o segundo ponto do plano de três pontos da Maçonaria para destruir a Igreja Católica, plano que o moribundo Cardeal Liénart (1884-1973) supostamente revelou em seu leito de morte. O cardeal foi um líder neomodernista no Vaticano II e certamente um maçon. Antes de fazer citações a partir do resumo do testemunho do cardeal que apareceu no “Comentário” 121 (de 31 de outubro de 2009), relembremos aos leitores que a validade do sacramento católico requer, além de um ministro válido, válidas forma e matéria (palavras e ações no coração da cerimônia) e a intenção sacramental de fazer o que a Igreja faz. Todas as palavras a serem ditas na cerimônia constituem o rito, que circunda e estrutura a forma. Agora, do CE 121: 

De acordo com o cardeal, o primeiro objetivo da Maçonaria no Concílio era minar a missa alterando o rito católico, de modo que em longo prazo se enfraquecesse a intenção do celebrante católico: de “fazer o que a Igreja faz”. Gradualmente, o neorrito iria induzir padres e leigos, igualmente, a tomar a missa antes como um “memorial” ou uma “ceia sagrada” do que como um sacrifício propiciatório. O segundo objetivo da Maçonaria era quebrar a sucessão apostólica por meio de um neorrito de consagração que, eventualmente, enfraqueceria o poder de ordenação dos bispos, mediante uma neoforma não automaticamente inválida, mas ambígua o suficiente para semear a dúvida e, sobretudo, por meio de um neorrito que, como um todo, eventualmente dissolveria a intenção sacramental do bispo consagrante. Isto teria a vantagem de quebrar a sucessão apostólica tão suavemente que ninguém nem mesmo notaria (...)

Não é que os neorritos da missa e da consagração episcopal de hoje correspondem exatamente ao plano maçônico tal como desvelado pelo cardeal? Desde que estes neorritos foram introduzidos no final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970, muitos católicos sérios recusaram-se a crer que eles pudessem ser usados validamente. Infelizmente, eles não são automaticamente inválidos. Quão mais simples não seria se eles fossem assim! São piores. A neoforma sacramental deles é católica o suficiente para persuadir muitos celebrantes de que pode ser validamente usada, mas o neorrito e a neoforma são projetados como um todo para serem ambíguos e sugestivos de uma interpretação não católica, como que para invalidar o sacramento com o passar do tempo, por meio da corrupção da intenção católica de qualquer celebrante que seja muito “obediente” ou não esteja orando e vigiando o suficiente. Assim, neorritos suficientemente válidos para serem aceitos por quase todos os católicos em curto prazo, mas suficientemente ambíguos para invalidar os sacramentos em longo prazo são uma armadilha satanicamente sutil. 
 
Não há lugar no “Comentário” desta semana para fazer justiça ao recente artigo do Padre Álvaro Calderón, mas apresentemos suas linhas gerais (cuja justificativa terá de esperar outra edição destes “Comentários”): o neorrito de consagração episcopal é totalmente um novo rito. Como tal, é válido? É certamente ilegítimo, porque nenhum papa tem o direito de romper de tal forma com a Tradição Católica. Por outro lado, no contexto do neorrito e de sua instituição, a neomatéria, a neoforma e a neointenção são muito provavelmente válidas, porque elas significam o que precisa ser significado, e a maioria de seus elementos vem de ritos aceitos pela Igreja. Mas a validade não é precisa porque a ruptura com a Tradição não é legítima, e porque o neorrito é somente similar aos ritos aprovados pela Igreja, e todas as mudanças seguem uma direção modernista. Assim, entra em jogo a absoluta necessidade da validade indubitável dos ritos sacramentais: até que o Magistério da Igreja restaurado pronuncie que o neorrito da consagração seja válido, então, para garantir a validez, que os neobispos devam ser reconsagrados sob condição e que os neopadres que foram ordenados somente por neobispos devam ser reordenados sob condição. 

O neomodernismo é “singularmente escorregadio”. Foi desenhado para ser assim.

Kyrie eleison.