domingo, março 31, 2019

Comentários Eleison: Bispo Huonder

Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXI (611) (30 de março de 2019):



BISPO HUONDER

Caro Bispo H., não se pode servir a dois senhores –
Os compromissos na Igreja geram desastres.


Já se sabia bem que o Bispo Huonder (BpH) da diocese oficial de Chur, na Suíça, quando se aposentasse em abril, aos 77 anos, passaria a residir oficialmente em uma escola de meninos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X em Wangs, também na Suíça, onde passaria os últimos anos de sua vida. Circulava, inclusive, um rumor, por parte de um colaborador próximo dois Superiores Gerais anteriores da FSSPX, de que esse mesmo Bispo conciliar estava para ser o principal consagrador de dois sacerdotes da Fraternidade para dar, com a plena aprovação do Papa Francisco, dois novos Bispos a ela, talvez depois da Páscoa. Uma data tão próxima para um evento tão significativo pode parecer impossível agora, mas sua lógica era inexorável, dada a política de vinte anos da Neofraternidade de misturar-se com a Neoigreja.

A mesma lógica estava por trás da decisão do BpH de retirar-se para a escola para meninos da Fraternidade em Wangs. Mesmo como Bispo oficial de uma das maiores dioceses da Neoigreja na Suíça, diz-se que ele já teria feito várias visitas à escola, e que havia-se tornado popular entre os sacerdotes da Neofraternidade e os meninos que vivem ali. Mas estaria para cortar todo o contato com a Neoigreja em Roma? Pelo contrário, seu atual porta-voz diocesano anunciou em janeiro que a mudança do Bispo para Wangs em abril “está ligada a uma missão que lhe foi confiada pela Congregação para a Doutrina da Fé, para manter o contato com a FSSPX”. Claramente, o BpH, reputado como amigo pessoal do Papa Francisco, estava planejando atuar como um elo entre a Neoigreja e a Neofraternidade, na esperança de aproximá-las.

A esperança não era necessariamente desonesta. Muitos neoclérigos não veem (ou não verão) o abismo que separa a religião católica de Deus da religião conciliar do homem. Em ambos os lados existe o desejo de fingir que não existe tal abismo. Por um lado, os católicos acham difícil suportar estar fora da estrutura da Autoridade visível da Igreja, enquanto que, por outro lado, os seguidores do Vaticano II precisam ter a segurança de que não romperam com a Tradição imutável da verdadeira Igreja. Podia ser mérito de BpH se ele quisesse-se estabelecer em um ambiente mais católico do que o da diocese oficial, onde ele provavelmente não tem outra alternativa que dar a Comunhão a mulheres jovens mal vestidas, e nenhuma alternativa que a de retirar comentários inteiramente justificados contra a homossexualidade. Mas “um fato é mais forte do que o Lord Mayor”, diz o provérbio inglês.

O fato é que o Vaticano II foi a maior ruptura com a Tradição Católica em toda a história da Igreja. Tomemos, por exemplo, a Neomissa, que está para o Concílio como a prática está para a teoria. Ter-se-ia pedido ao BpH para nunca celebrá-la na escola? Ele aceitaria nunca celebrá-la? E mesmo assim, ele poderia admitir que a teoria e a prática de seu sacerdócio e episcopado têm estado imersas na entrega conciliar da verdadeira Igreja de Deus para o mundo moderno sem Deus? Poderia despojar-se das convicções de todas as suas décadas de imersão na Igreja conciliar? Ordenado sacerdote em 1971 e consagrado Bispo em 2007 com os ritos do revolucionário Paulo VI, ele poderia admitir que para eliminar qualquer dúvida quanto à validade dos Neorritos, ele precisa ser reordenado e reconsagrado sob condição? Ou a Neofraternidade não teria exigido nem uma coisa nem outra? Isso parece mais provável, dada a sua prática recente; mas como os tradicionalistas suíços teriam regido a isso? Ao que tudo indica, o Bispo Vitus Huonder pode ser um homem honesto e bem-intencionado, mas a sua honestidade é conciliar, o que significa que ele é leal a uma corrupção completamente desonesta da Fé e da Igreja Católica.

Infelizmente, em todo o mundo os tradicionalistas da Fraternidade parecem ter-se acostumado à substituição da Fraternidade do Arcebispo Lefebvre pela Neofraternidade. Dom Fellay queria estabelecer a FSSPX dentro dos muros da Roma oficial para que ela agisse como um cavalo de Troia para converter a Roma conciliar. Mas não foi o BpH, mesmo concedendo-lhe toda a boa vontade do mundo, que foi colocado para agir como um cavalo de Troia dentro dos muros da Fraternidade? Poderia-se esperar que a escola em Wangs teria permitido que ele visse o abismo entre a Tradição e o Concílio, mas isso é pedir muito. Alice estava no País das Maravilhas. A Neofraternidade quer estar em Huonderland.

Kyrie eleison.

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