Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXII (622)- (15 de junho de 2019)
Número DCXXII (622)- (15 de junho de 2019)
"PROMETEO" - I
Novo Humanismo? Erros
tão antigos como as montanhas,
Mas, na Igreja,
causando males jamais vistos.
O Vaticano II
foi um desastre para a Igreja Católica. Para o futuro da mesma Igreja, é
essencial que os católicos que desejam salvar suas almas vejam por que ele foi
um desastre. O Pe. Álvaro Calderón, professor de Filosofia e Teologia tomistas
no Seminário da Fraternidade Sacerdotal São Pio X em La Reja, na Argentina,
escreveu há dez anos um livro que prova que o Vaticano II, desde dentro da
Igreja, substituiu a religião de Deus pela religião do homem. A primeira das
quatro partes do livro, para explicar o que foi o Vaticano II, começa com uma
definição de três partes: foi a oficialização
de um humanismo disfarçado de catolicismo.
Primeiramente,
foi um humanismo, isto é, uma
glorificação do homem em detrimento de Deus. A Idade Média foi seguida por uma
série de humanismos, como o Renascimento, a Reforma e a Revolução Francesa, mas
todas as vezes o humanismo pereceu, diz Calderón, porque rompeu com a Igreja
Católica. Qual o resultado final? Duas guerras mundiais. Mas desta vez seriam
os próprios clérigos que criariam o novo humanismo para encaixar-se com
a Igreja Católica. Daí a oficialização
sem precedentes do Vaticano II do que sempre foi um grave erro denunciado pela
Igreja, mas desta vez os clérigos souberam como fazê-lo parecer católico. Assim, eles alcançariam o mundo moderno
centrado no homem com seu novo humanismo, mas ao mesmo tempo estavam decididos
a permanecer dentro da Igreja, supostamente para salvar tanto o homem moderno
de seu ateísmo como a Igreja moderna de seu isolamento estéril. Na melhor das
hipóteses, os clérigos do Vaticano II tinham boas intenções; e na pior das
hipóteses sabiam que sua nova reconciliação de forças opostas não funcionaria,
exceto para destruir a Igreja; mas isso é o que os piores dentre eles queriam.
Então, por que
a nova reconciliação não funcionaria? Porque Paulo VI queria um novo
humanismo: nem não humanamente orientado para Deus, como na Idade Média, nem
reagindo excessivamente contra Ele como nos tempos modernos, mas um novo
equilíbrio entre os dois excessos que mostraria que a maior glória de Deus coincide
com a glória do homem. Por exemplo, o homem é a maior criação do seu
Criador, e, portanto, glorificar o homem é também glorificar a Deus. E o homem
é à imagem de Deus sendo livre, de modo que quanto mais livre ele é, mais ele
glorifica a Deus. Portanto, promover a dignidade humana e a liberdade é glorificar
não só o homem, mas também a Deus. No entanto, se alguém começa com a glória do
homem, quem não pode ver o risco de deslizar de volta para a glória do homem? Ademais,
Deus é o único e exclusivo Ser Perfeito, que não pode, portanto, precisar ou desejar
algo fora de Sua própria glória intrínseca. Apenas secundariamente, para sua
glória extrínseca, Ele pode querer ou desejar a bondade de qualquer criatura
fora da Sua própria. Portanto, a verdade é que tanto Deus como o homem estão
principalmente orientados para Deus, e Deus só pode ser secundariamente
orientado para o homem.
Mas aqui estão
algumas citações do documento do Vaticano II, Gaudium et Spes: “O homem é o
centro e o cume de todas as coisas na terra... senhor e governador de toda a
criação” (nº 12) – não é antes Deus? “O amor a Deus e ao próximo é o primeiro
mandamento” (nº 24) – o próximo realmente aparece no primeiro mandamento? “O
homem é a única criatura amada por Deus por si mesmo” (nº 24) – pelo homem em
si mesmo? O desvio é grave, mas sutil, e nos próprios textos do Concílio é mais
implícito do que explícito, mas aparece mais claramente no ensinamento da
Igreja depois do Concílio, como, por exemplo, no Novo Catecismo (por exemplo,
293, 294, 299). De fato, diz o padre Calderón, o Concílio coloca o homem no
trono da Criação, e Deus a seu serviço.
Da mesma
forma, o Vaticano II vira a autoridade de ponta-cabeça. O humanismo está sempre
contra a autoridade, mas o Novo Humanismo deve parecer católico, e por isso
deve procurar um modo diferente para a autoridade de Cristo reinar na Igreja e
no mundo modernos. Mas Cristo disse que veio para servir (Mt. XXV,
25-28). Assim, a neo-hierarquia se faria democrática de cima a baixo para
servir ao homem moderno de uma maneira que ele entenda. Mas em que parte da
neo-hierarquia estará a autoridade de Deus para elevar os homens ao Céu? Ela se
dissolverá, e com a autoridade dissolvida na Igreja, a autoridade se dissolverá
em toda parte, como vemos à nossa volta neste ano de 2019.
A Parte II do
P. Calderón será o Novo Homem do Vaticano II; a Parte III, a Nova Igreja; e a
Parte IV, a Nova Religião.
Kyrie eleison.
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