terça-feira, outubro 08, 2019

Comentários Eleison: Carta dos Bispos

 Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCXXXVIII (638) - (05 de outubro de 2019)




CARTA DOS BISPOS

Com o Vaticano II, o diabo dominou Roma.
Os católicos ainda podem pensar que estão em casa?

Um leitor pergunta quais foram as circunstâncias por trás da carta de 7 de abril de 2012 dirigida a D. Fellay e a seus dois assistentes pelos outros então três Bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. A carta está rapidamente se tornando história antiga, mas os leitores recordarão que ela teve um papel importante na conscientização dos católicos tradicionais sobre as mudanças significativas de direção da Fraternidade que vinham ocorrendo sub-repticiamente nos últimos 15 anos, e que muitos deles não haviam notado. Mas em março de 2012, o animal acabava de quebrar a casca, ou de vir à luz.

Naquele mês, em “Cor Unum”, a revista da Fraternidade que é publicada três vezes por ano para sacerdotes, o Superior Geral (SG) escreveu que estava na hora de a Fraternidade mudar a política de Dom Lefebvre de não chegar a um acordo prático sem um acordo doutrinário, já que a hostilidade dos clérigos romanos em relação à tradição católica estava diminuindo, e, portanto, a confiança da Fraternidade nos romanos conciliares deveria crescer mais. Na verdade, desde o início dos anos 2000, mais e mais sacerdotes e leigos da Fraternidade suspeitavam que ela estava sendo conduzida para uma direção diferente. Agora o próprio SG estava confirmando essas suspeitas. Aquele "Cor Unum" causou um grande rebuliço dentro da Fraternidade.

Na mesa de jantar no Priorado da Fraternidade em Londres, Inglaterra, o editor destes “Comentários” se perguntou em voz alta se deveria escrever ao SG uma carta de protesto contra a mudança de direção, e enviá-la a D. Tissier para que este revisasse o conteúdo. Um companheiro de mesa perguntou se não conviria entregar a carta também a D. de Galarreta, caso ela pudesse ir à sede da Fraternidade, como um protesto conjunto dos três Bispos contra um desvio tão grave da constante pregação e prática do Arcebispo de “primeiro a Doutrina”. O confrade estava certo, e assim nasceu a ideia de uma carta dos três Bispos. Ao ser consultado sobre o projeto, D. Tissier recomendou que se redigisse um rascunho da carta, e quando lhe foi entregue, ele aprovou com entusiasmo. O rascunho foi então entregue a D. de Galarreta, que também o aprovou, mas o reforçou consideravelmente, reescrevendo a última parte dele. Um texto final foi assinado pelos três Bispos e enviado à sede em Menzingen com cópias para o SG e seus dois assistentes.

A resposta deles chegou apenas uma semana depois. Não foi em vão que a Casa Geral tinha estado mudando a direção da Fraternidade enquanto disfarçava a mudança. Os líderes realmente pensavam que a Roma conciliar estava tornando-se mais católica a ponto de as graves reservas do Arcebispo quanto à cooperação com os neomodernistas de Roma terem-se tornado obsoletas. Para o Cardeal Ratzinger em 1988, o Arcebispo havia dito que a cooperação era impossível, porque a FSSPX e Roma estavam trabalhando em direções diametralmente opostas – Roma queria descristianizar a sociedade, enquanto a FSSPX estava se esforçando para recristianizá-la. Mas em 2012, a sede da FSSPX manteve-se firme quanto à situação ter mudado, e, portanto, ao se oporem aos três Bispos, eles não se opunham ao Arcebispo. Mas o que este último teria dito sobre as trapaças do Papa Francisco? O que ele não teria dito? No entanto, em uma recém-publicada entrevista-livro do ex-SG, D. Fellay repudia vigorosamente até a menor crítica ao Papa Francisco.

E assim, em uma data pré-estabelecida em junho de 2012, D. Fellay se apresentou em Roma com um assistente de confiança para selar um acordo com Roma que finalmente poria fim ao que a sede da Fraternidade teria considerado como uma “disputa desnecessária” de 37 anos entre a FSSPX e Roma. Desnecessária? Disputa? A Roma conciliar está em guerra com a Tradição Católica! E os romanos obviamente tomaram conhecimento da carta dos três Bispos. Nesse caso, de que serviria capturar a liderança oficial da Fraternidade se os outros três de seus quatro Bispos tivessem evitado a armadilha? A tradição corria o risco de começar tudo de novo. E assim o SG, em 2012, foi enviado para longe de Roma de mãos vazias. Ele teria de trabalhar nesses Bispos para trazê-los de volta. Não perdeu tempo...

Kyrie Eleison

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