Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCLXXXII (682) – (8 de agosto de 2020)
O PAPA DE DREXEL
O Papa liberal tinha garras de falcão –
Ele queria que Lefebvre grasnasse.
Originalmente, este último dos quatro números dos “Comentários Eleison” que foram extraídos do livreto do Pe Drexel: A fé é maior do que a obediência, argumentaria em favor da posição do livreto, segundo a qual o Papa Paulo VI teria tido boas intenções quando, estando à frente da Igreja Católica entre 1963 e 1965, presidiu o Concílio Vaticano II, e promoveu sua mudança revolucionária da Igreja. É claro que as intenções humanas são segredo de Deus, o único que pode conhecê-las infalivelmente, mas Nosso Senhor nos diz que devemos julgar a árvore por seus frutos, e é aqui que está a deficiência de Paulo VI. Já se passaram 55 anos desde o fim do Concílio, e seus frutos se mostraram desastrosos para o catolicismo em todo sentido justo da palavra.
Portanto, entre as muitas coisas excelentes contidas nas Mensagens do Pe. Drexel dos anos de 1970 que aparecem em A fé é maior do que a obediência, é difícil incluir seu retrato de Paulo VI. Ei-lo aqui, em resumo.
Paulo VI amava a Igreja – 3-XII-71- Ele sente dor e tristeza pelas almas consagradas que se voltam da Igreja para o mundo. 4-VIII-72- Ele é abandonado por muitos que poderiam tê-lo apoiado com vigor e lealdade. Com lágrimas e suor ele luta para salvar a Igreja, sofre pelos padres infiéis, sofre ainda mais pelos Bispos mais interessados em seu conforto do que em cuidar da fé ou das almas. 1-VIII-75- Ele está sendo oprimido por falsos conselheiros. 7-IV-72- Ele está ficando mais solitário, e aqueles que lhe são leais são perseguidos. 5-VII-74- Ele reza, sacrifica-se e sofre constantemente, mas muitos abandonam a fé. 7-XI-75- Nunca houve tantos sacrilégios como desde a Nova Missa, mas Meu representante visível não tem culpa por isso. A sua vontade é a participação interior no santo sacrifício, na reverência e no amor [...] são os sacerdotes que pecam dessa maneira e agem contrariamente à palavra e à obra do sucessor de Pedro.
Observe em particular a última dessas referências, de novembro de 1975. A afirmação categórica de que o Papa não teve nenhuma responsabilidade pelos múltiplos sacrilégios que vieram com a Nova Missa não pode ser verdadeira, por melhores que tenham sido suas intenções. “O caminho para o Inferno está pavimentado de boas intenções”, porque os homens são falíveis, cometem erros e nem sempre o que pretendem é o que conseguem. Porém, tão logo uma boa intenção tenha um resultado ruim, então se eles realmente pretendem alcançar o bom resultado, mudarão o que estava produzindo o mau resultado. Mas na década de 1970 o Papa Paulo mudou pouco ou nada de sua revolução liberal da década de 1960, e, pelo contrário, ele fez tudo que estava ao seu alcance para esmagar a contrarrevolução do Arcebispo Lefebvre de dentro da Igreja. Portanto, a verdadeira intenção do Papa não era "a participação interior no santo sacrifício", mas a adaptação da Igreja Católica ao mundo moderno, um realinhamento para o qual o Arcebispo era um obstáculo inaceitável.
Como disse o Arcebispo, o Papa Paulo era um católico liberal; em outras palavras, um homem profundamente dividido entre dois amores irreconciliáveis: seu verdadeiro amor à Igreja por sua fé católica, e seu falso amor ao mundo moderno por seu liberalismo. Dentro de qualquer homem, esses dois amores devem lutar entre si até a morte. Dentro de Paulo VI, o catolicismo não morreria, então no final de sua vida ele chorou pela perda das vocações sacerdotais, mas seu liberalismo era mais profundo. Era intelectual, ideológico e implacável. Ai de qualquer um que se colocasse em seu caminho. Então, de repente, a pomba liberal mostrava suas garras, que eram as de um falcão. Assim era Paulo VI. Em comparação com seu liberalismo, sua fé era sentimental. Daí seu Concílio e sua Missa.
E onde fica o Pe Drexel? Quando o Céu se serve de um mensageiro humano, ele o deixa com seu livre arbítrio e com sua personalidade. As mulheres e as crianças são os mensageiros mais dóceis, os mais completamente fiéis à mensagem que lhes é confiada, mas os homens… Muitos homens têm lutado para alcançar seus pontos de vista sobre a vida, e estes podem conscientemente ou mesmo inconscientemente colorir qualquer mensagem do Céu ou da terra que passe por eles. Muito possivelmente, Nosso Senhor falou com o Pe. Drexel desde a década de 1920 até sua morte em 1977. É bastante possível que a própria solução do Pe. Drexel para o agonizante problema colocado pelo Papa Paulo fosse a solução adotada por muitos católicos piedosos após o Concílio: o Papa tem boas intenções, são os Bispos que são o verdadeiro problema. Infelizmente, assim como hoje em dia, os Bispos eram um problema, mas o Papa também o era.
Kyrie eleison.
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