segunda-feira, julho 10, 2017

Comentários Eleison: O Erro de Menzigen - I

Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DXXI (521) (8 de julho de 2017)


O ERRO DE MENZINGEN - I


Os liberais são lobos, e os lobos só morder podem:
Estão certos os católicos que por afastar-se decidem!

Nem todos os leitores desses "Comentários" apreciam seu retorno regular ao que pode parecer ser simples "disputa entre sacerdotes", mas que esses leitores recordem – ou aprendam – que a Igreja Católica existe como o único meio de salvar almas para o Céu eterno, enquanto que o Diabo existe como um agente de primeira classe para enviar almas para o inferno eterno. Se então Nosso Senhor escolhe os sacerdotes para serem agentes de Sua Igreja, o Diabo os atacará, e um dos melhores meios para atacar sacerdotes é através de outros sacerdotes. Na verdade, facilmente a maioria dos heresiarcas da Igreja foram sacerdotes, por exemplo o bispo Nestor e o padre Martinho Lutero. As "disputas entre sacerdotes" não são importantes somente se ninguém mais quiser ir para o céu, mas então o diabo terá realmente vencido!

Então, vejamos o documento de vinte páginas divulgado em 13 de junho pelos sacerdotes do QG da FSSPX em Menzingen, na Suíça, para defender seu agradecimento à Roma conciliar pelo documento de 4 de abril, que propôs participação mais ou menos próxima dos clérigos conciliares na celebração dos matrimônios por parte da FSSPX. A Carta para Esclarecer e Retificar as Questões de Matrimônio de Menzingen é bem preparada e bastante persuasiva se não notar-se a falácia do apelo especial, mas sofre o defeito incapacitante dos atuais líderes da Fraternidade em Menzingen, a saber, confunde as aparências conciliares com a substância católica. Nas palavras, a "Carta" condena repetidamente os erros conciliares em geral e o do matrimônio em particular, mas em ação trata os clérigos conciliares como se fossem clérigos católicos normais, quando, na realidade, eles são clérigos profundamente anormais – são modernistas. Nas palavras de São Paulo para os últimos tempos, eles têm "uma aparência de piedade, porém não tendo a realidade" (II Tim. III, 5). E ele acrescenta: "Foge também destes".

Assim, toda a primeira parte da Carta apresenta a participação do bispo diocesano ou do pároco ou de seu delegado ao testemunhar matrimônios católicos para assegurar sua validade, como uma prática clássica da Igreja e parte de sua lei desde o Concílio de Trento. Quem discute isso? Mas a aplicação desta lei tem estado desde o Vaticano II nas mãos dos clérigos que têm uma visão cada vez mais anormal do matrimônio católico. A Igreja hoje não está mais em tempos normais! Menzingen não percebeu? Ou escolheu não perceber mais? Demorou alguns séculos para o protestantismo romper o domínio universal da Igreja Católica. Demorou outros séculos mais para o liberalismo avançar para dentro da hierarquia da Igreja, mas uma vez que Deus permitiu, como um castigo justo, que prevalecessem as eleições de João XXIII e Paulo VI, então a mais alta autoridade católica se tornou liberal, e desde então nunca foi tão fácil para todos os católicos sob essa autoridade convencerem-se, mesmo com sinceridade, de que continuam sendo católicos mesmo quando estão destruindo a Igreja.

Quando, em 1987, Dom Lefebvre chamou os clérigos conciliares "anticristos" (Carta a quatro futuros bispos), ele estava passando por cima da possível sinceridade subjetiva deles e sustentando firmemente sua destrutividade objetiva inegável. Quando, em 2017, Menzingen destaca a normalidade da participação dos Superiores hierárquicos nos matrimônios católicos, está dando como certa a sinceridade dos hierarcas, e passa por cima de seu liberalismo ruinoso. Mas eles permanecem sendo liberais, com um conceito de matrimônio que inclui as anulações fáceis, e assim por diante. Se uma vez eles colocaram o pé na porta dos matrimônios tradicionais, o que os impede amanhã ou um dia depois até de aplicar a lei tradicional da Igreja de acordo com sua ideia "renovada" de matrimônio? Na verdade, como eles não aplicariam, amanhã ou um dia depois, suas próprias convicções sinceras?

Durante décadas, desde o Vaticano II, conforme os católicos iam percebendo o que estava acontecendo com a Igreja e se tornavam "tradicionalistas", então eles iam se distanciando das autoridades oficiais da Igreja. Sem necessariamente agir com falta de cortesia ou de respeito, eles se afastaram para proteger a Fé e a moral católicas. Agora Menzingen está se aproximando dessas autoridades e querendo que todos os Tradicionalistas o sigam! Menzingen esqueceu a famosa citação de Eneida de Virgílio: "Seja como for, temo os gregos, mesmo quando eles trazem presentes". Menzingen confia nos gregos!

Kyrie eleison.