Comentários Eleison – por Dom Williamson
Número DCLXXI (671) – (23 de maio de 2020)
Falta de Homens
Os homens,
frágeis e tolos, voltarão a ser homens?
Se não o
fizerem, terão que sofrer!
Quando a
Autoridade abandona a Verdade na Igreja Católica, como tem feito desde o
Vaticano II, então é mais fácil falar do que fazer no que se refere a caminhar
na linha tênue entre a heresia à esquerda e o cisma à direita. Assim, não é de
surpreender que um comentário incomumente incisivo, como o do Arcebispo
Lefebvre citado nos últimos números destes “Comentários” (“Subam a Escada...”),
desperte o interesse.
Um leigo,
inclusive, duvidou da autenticidade do comentário: poderia o doce Arcebispo
realmente ter dito tal coisa? Ah, sim, ele o fez. As palavras originais são um pouco
menos elegantes que a polida citação, mas a substância é idêntica: "Com
isso, tudo o que podemos fazer é subir a escada. Não há nada que possamos fazer
com essa gente (os romanos conciliares). O que temos em comum com ela? Nada!
Não é possível. Não é possível” (6 de setembro de 1990). A referência da fita
de áudio de 1990 é Audio – Retrec – PASCALE90 ou SACERDOTALE90. (No entanto,
qualquer pessoa que deseje comprovar a citação por si mesmo deve ter cuidado
com as coleções "revisadas" das fitas do Arcebispo, porque quaisquer
palavras de sua forte oposição, como estas aos conciliaristas de Roma, podem
muito bem ter sido cortadas por "editores" da Neofraternidade
pró-Roma.)
Outro
leitor que reagiu à citação é um sacerdote, do Novus Ordo, mas agora firmemente
estabelecido em um Priorado da Neofraternidade na Suíça (sem ter sido
reordenado condicionalmente, até onde sabemos).
Ele pensa
que “as coisas parecem realmente diferentes hoje em dia” porque a atual geração
de oficiais em Roma é de um tipo diferente daquele ao qual o Arcebispo reagiu
nos anos 80, e os melhores deles querem uma restauração verdadeira da Igreja.
Ele conclui que adotar a atitude do Arcebispo atualmente deixa apenas duas
soluções: a "Resistência" ou o sedevacantismo.
Mas,
Padre, ainda que a atual geração de líderes da Igreja possa ser de homens
diferentes dos sacerdotes traidores da época do Arcebispo, que fizeram o
possível para destruir a verdadeira Igreja, ela entendeu (se é que leu) a Pascendi?
E de que servem as autoridades doces e bem intencionadas da Igreja para a Fé ou
para a Igreja ou para a FSSPX ou para a “Resistência”, se não entenderam que o
problema está nas mentes de borracha que não conseguem sequer conceber que a
verdade condena o erro ou que o dogma condena a heresia? Uma
mente de borracha que simpatiza com a Tradição não tem basicamente mais
utilidade para a Tradição do que uma mente de borracha que condena a Tradição.
Também não é verdade que as coisas são "realmente diferentes" da
época do Arcebispo. O sinal de que um sacerdote realmente entendeu o problema é
quando – pelo menos em sentido figurado – ele quer ir a Roma com uma
metralhadora e enviar todos os bonachões para conhecerem seu Criador, como
Putin diria. Em suma, a “Resistência” deve permanecer no caminho; caso
contrário, o caminho será destruído para fornecer pedras que bradem a Verdade
no lugar dos pastores silenciosos e de seus cães que não ladram (cf. Lc XIX,
40). A "Resistência" não deve, não pode, ceder!
Finalmente,
um bom sacerdote procura consolar-nos com as notícias recebidas de um Prior da
Neofraternidade, de que o Superior Geral da Neofraternidade teria dito em
fevereiro, em uma reunião de todos os Priores da Neofraternidade na França, que
as discussões entre a FSSPX e Roma estão paradas porque a FSSPX ainda está
insistindo na doutrina primeiro – muito bem, Pe. Pagliarani –, enquanto Roma
insiste em estabelecer primeiro um acordo prático. Mas Roma precisa preocupar-se?
Não precisa simplesmente esperar que a fruta madura caia em seu colo? Dom
Tissier agora está tão doente, que se diz que estão instalando um quarto em
Écône para que seja ali assistido. Restam apenas dois Bispos da FSSPX para atenderem
às necessidades em todo o mundo. E assim, o Superior Geral deve submeter-se aos
termos de Roma para que outros Bispos sejam sagrados, dando continuidade à
desastrosa conciliação de seu antecessor com os líderes da Igreja que, por mais
bonachões que sejam, perderam a fé, como disse o Arcebispo. Ou então ele deve
sagrar mais Bispos sem a permissão do Papa, como o fez o Arcebispo. Mas a
Neofraternidade ainda seguiria a linha heroica do Arcebispo de desafiar os (no
mínimo) traidores objetivos de Roma? Pode-se duvidar disso.
Kyrie
eleison.
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